O desafio ganhou toda forma de adaptação, desde pessoas postando fotos comparando suas imagens nos últimos dez anos até um gancho para comparação de artistas, políticos, locais e situações. O meme tornou-se um recurso para debates desde a evolução pessoal dos usuários até discordâncias políticas no site.
Marcação automática
Quando uma imagem é publicada, a rede social realiza essa identificação. Essa funcionalidade aparece, por exemplo, quando ela “sugere” a marcação do usuário ou de amigos em fotos. Anteriormente, apenas o usuário realizava tal marcação.
Contudo, a plataforma passou a realizar esses “escaneamento” em toda as imagens e “avisar” a pessoa quando uma foto foi publicada. O argumento foi que o usuário tivesse maior controle sobre conteúdos relacionados a si circulando no site. Contudo, a implantação deste recurso gerou críticas. O Facebook reagiu e configurou a funcionalidade como uma opção que pode ser desativada pelo usuário.
O reconhecimento, mesmo com esse dispositivo de regulagem, é feito por meio de uma tecnologia que “aprende” como melhorar esse procedimento a medida que ela recebe mais dados ou mais fotos. Daí surgiu o questionamento de Oneil e de outros especialistas acerca de como tais imagens de 10 anos atrás poderiam estar “alimentando” o banco de dados do Facebook e “treinando” seus sistemas.
Com a repercussão das dúvidas, o Facebook se posicionou sobre o assunto. “Esse é um meme criado pelos usuários das nossas plataformas e que viralizou espontaneamente. O Facebook não começou essa onda e o meme geralmente usa fotos que já estão no Facebook. Nós não ganhamos nada com esse meme (além de nos lembrar das tendências questionáveis de moda de 2009). Como lembrete, vale dizer que as pessoas no Facebook podem escolher se querem deixar o reconhecimento facial ativo ou não a qualquer momento”, explicou a empresa, em nota.
Contudo, Leite diz que as fotos postadas pelos usuários, pelo tempo (10 anos atrás), não necessariamente estavam disponíveis ou haviam sido publicadas na rede social. “Se as fotos são postadas na linha do tempo e o Facebook vai fazer análise porque faz parte do algoritmo, então eles estariam se beneficiando. Por mais que o Facebook diga que é iniciativa de terceiros, a questão chave é se realmente a empresa está utilizando as fotos para treinar os seus algoritmos com essas métricas”, disse o professor.
Criar debate
A analista de políticas da organização mundial de direitos digitais Eletronic Frontier Foundation Veridiana Alimonti, pondera que independentemente da empresa se beneficiar ou não a respeita da brincadeira, a polêmica em torno do desafio foi benéfica por colocar em debate os riscos do reconhecimento facial.
Sua entidade, a EFF, realizou estudos apontando as ameaças, como o uso malicioso de dados biométricos, o compartilhamento sem transparência entre poder público e empresas privadas ou até mesmo prejuízo a pessoas por uma identificação errada de quem ela é.