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Descubra os pontos de poesia no Brasil

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Ramon Ribeiro
Repórter

A poesia está em todo lugar. No dia-a-dia, de norte a sul do país, ela aparece em saraus, livros, redes sociais, muros grafitados. Não há limites para os versos. Mas num país de dimensões continentais, acompanhar a produção poética brasileira é tarefa praticamente impossível. Nesse mosaico gigante, surge o Poemapp: um aplicativo para celulares que tem mapeado os focos de poesia de todo o Brasil.

Idealizado pela poeta e ativista cultural brasiliense Marina Mara, em parceria com a equipe do MediaLab da Universidade de Brasília, o Poemapp foi lançado em maio deste ano e já soma mais de 10 mil pontos de poesia cadastrados.   São bibliotecas, residência de poetas, saraus, slams, feiras literárias, pontos de intervenção urbana e editoras. No Rio Grande Norte há mais de 100 pontos cadastrados, a maioria é de bibliotecas públicas.

Idealizado pela poeta e ativista cultural Marina Mara, em parceria com a equipe do MediaLab da Universidade de Brasília, o Poemapp já soma mais de 10 mil pontos de poesia cadastrados, a maioria bibliotecas
Idealizado pela poeta e ativista cultural Marina Mara, em parceria com a equipe do
MediaLab da Universidade de Brasília, o
Poemapp já soma mais de 10 mil pontos de poesia cadastrados, a maioria bibliotecas

O Poemapp é gratuito e está disponível para celulares Android. Ao baixar o aplicativo o usuário ganha o e-book “Profissão Poeta, um guia prático e amoroso sobre viver de poesia”, de Marina Mara. O mapeamento também pode ser acessado pelo site www.poemapp.com.br. O projeto objetiva é conectar a poesia ao público e a cena literária nacional, e a realização é via patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.

“A gente vê esse boom poético que estamos vivendo, mas muitas vezes é poeta falando pra poeta, artista falando pra artista. Tem uma lacuna grande de comunicação entre os produtores de poesia e os consumidores que gostariam simplesmente de ouvir poesia e saber qual o lugar para isso”, comenta Marina Mara. Foi justamente para tirar a poesia da bolha e espalhar para o maior público possível que ela criou o projeto.

“Estamos divulgando os poetas de uma forma democrática. Imorais, globais, de editora ou não, os poetas estão representados no mapa da mesma forma, democrática e poeticamente”, comenta a idealizadora. Há pelo menos 10 anos Marina viaja o Brasil participando de saraus, lançamentos de livros e ministrando oficinas literárias. Durante esse tempo ela foi colhendo dados sobre a produção de poesia no Brasil até que em 2017 foi possível disponibilizar o material numa plataforma colaborativa, capaz de unir ainda mais informações, já que no aplicativo os dados cadastrados são inseridos no mapa pelos próprios usuários.

Mais perto do verso
“Queria conhecer os poetas, saraus, e tinha muitas dificuldades. Foi pra suprir essa necessidade que pensei no aplicativo. Fui coletando dados para um site. Surgiu a oportunidade de fazer um aplicativo, dai dei uma atualizada na ideia original”, lembra Marina. Em 2010, ela já tinha realizado outro projeto poético de âmbito nacional, o “Declame para Drummond”, que contou com a participação de mais de 500 poetas de todo o Brasil. “Muitos eram de Natal. Os potiguares sempre participam de uma forma muito impressionante”.

O PoemApp está chegando a 5 mil downloads no Google Play e o vídeo de divulgação do projeto já superou as 200 mil visualizações. Quem baixar o aplicativo ganha automaticamente o livro Profissão Poeta. “É um guia prático e amoroso sobre viver de poesia. Dá dicas de captação de recursos, dedução fiscal e outras formas para viabilizar a circulação da poesia que a gente sabe que não é uma coisa tão descomplicada”, comenta Marina.

Para Maria, a efervescência em torno da poesia ue se vê no país tem a ver com uma necessidade das pessoas de buscar um equilíbrio energético. “Eu sinto que esse boom vem no mesmo bonde da bicicleta, do disco de vinil, do slow food, da yoga, dos gatos, essas coisas que estão em voga. As pessoas estão dedicando seu tempo a essas coisas. Porque é meio que uma necessidade de equilíbrio energético. Gradativamente o nosso tempo fica mais corrido e a poesia é uma válvula de escape muito poderosa”, comenta.

Marina também acredita que o Rap tem um papel importante na popularidade da poesia. “O Rap é rhyme and poetry, ritmo e poesia. Muitos slams, batalhas de poesia surgem desses cenários. O Rap e as manifestações culturais das periferias são muito autênticas e falam do que está ocorrendo ali. Isso deu uma vivacidade enorme a poesia, de falar do dia a dia, de falar da realidade das comunidades, das realidades humanas, das dores contemporâneas”, conta a poeta.

Perguntada se existe uma maior interesse dos brasileiros pela poesia, e, se esse interesse é possível de se converter em apoio a produção poética, Marina acredita que sim. Nesse sentido, as formas de financiamento coletivos, os chamados crowdfunding, são canais onde essa aproximação poeta e público pode dar resultados.

“A Estátua da Liberdade, um dos maiores símbolos dos Estados Unidos, foi construída de uma vaquinha, um crowdfunding proposto por um jornal. Ela foi construída em 1808. Então a união faz a força sim. O financiamento coletivo é uma troca. O público quer consumir o poeta e o poeta quer publicar. Com criatividade e interesse, é possível sim viabilizar a produção poética”, explica.

O que
PoemApp pode ser baixado gratuitamente pelo GooglePlay

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