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Desejo e realidade

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Lydia Medeiros

O chefe da Casa Civil da Presidência, Eliseu Padilha, criou ontem uma expectativa que pode resultar em danos sérios à política econômica do governo. Padilha anunciou o desejo do Executivo por “um pouco mais de controle” sobre os aumentos nos preços dos combustíveis, “para que os maiores interessados, o cidadão brasileiro e também os transportadores, possam ter previsibilidade em relação ao que vai acontecer”. O governo pode sonhar, mas não influencia os preços no mercado mundial. Assim, restam duas alternativas: ou controla o preço na Petrobras, ou reduz os impostos sobre combustíveis, e, assim, a arrecadação de União, estados e municípios. Nas duas alternativas, as consequências são previsíveis, pelos efeitos ruins para uma empresa que fica com até 55% do valor da gasolina e do diesel e ainda tenta se recuperar, e para um governo sem caixa que arrecada até 34% do valor pago pelo consumidor.

Mapa do tesouro
Mesmo diante de uma onda de pessimismo na economia, o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, tenta espalhar boas notícias. Por onde passa, diz que o banco está cheio de dinheiro para emprestar. Assim que souberam, representantes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) foram a seu gabinete. Queriam saber de Dyogo como avançar em mecanismos de garantia para pegar os empréstimos, pois muitas empresas ainda estão em dificuldade diante da crise. O cofre do BNDES está mesmo cheio — cerca de R$ 50 bilhões em caixa.

Pindaíba petista
O Instituto Lula entrou em situação pré-falimentar. Com o chefe preso, as receitas secaram, e não há mais como arcar com a manutenção e o pagamento de funcionários. Parlamentares petistas estão sendo constrangidos a contribuir para manter as atividades funcionando minimamente. As cartas enviadas ao ex-presidente, por exemplo, estão se acumulando sem triagem. O cenário futuro é de fechamento.

O fator Temer
Os entusiastas da candidatura de Henrique Meirelles esperam que hoje, no evento “Encontro com o Futuro”, Michel Temer anuncie o apoio a seu ex-ministro. Presidente mais impopular do Brasil, Michel Temer se declarara candidato à reeleição como forma de evitar o fim do governo — que, de fato, começou a acabar há um ano, com as denúncias da JBS. A campanha começa com um problema: Michel Temer. Segundo o Datafolha, 86% dos eleitores não votariam em candidatos apoiados pelo ex-chefe.

Noivado à vista
Jair Bolsonaro conversou longamente com Valdemar Costa Neto na última quarta-feira, em Brasília. A resistência do manda-chuva do PR em compor uma chapa com o candidato, indicando o vice, está diminuindo. O preferido de Bolsonaro é o senador Magno Malta (ES), que é líder evangélico.

Caso de polícia
O Ministério Público de São Paulo investiga denúncia de que conselheiros do TCM e funcionários da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana teriam pedido propina de R$ 30 milhões para manter o modelo do serviço de limpeza da cidade, hoje dividido em dois lotes. As maiores empresas do setor não aceitaram pagar. A Amlurb decidiu, então, dividir o serviço em seis lotes. Os editais de licitação saíram sem qualquer exigência de experiência, capacidade técnica ou financeira. O primeiro deles tinha cerca de 40 erros identificados pelo MP. O segundo, 19. Ambos foram barrados pelo TCM.

Advogados em disputa
PT e PSOL estão apoiando a candidatura de Marcello Oliveira, presidente da Caarj, a caixa beneficente dos advogados, à presidência da OAB-RJ, em oposição ao atual presidente, Felipe Santa Cruz. Com a decisão, há um movimento para exigir sua renúncia ao cargo. Os adeptos da tese alegam que não se pode fazer oposição por dentro, como ensinava o ex-governador Leonel Brizola. A eleição será em novembro.

Última cartada
O clã Sarney decidiu e anunciou ontem, em São Luís, a candidatura de Roseana ao governo do Maranhão. Será sua quinta disputa, agora vital à sobrevivência do poder do grupo político comandado pelo ex-presidente há mais de meio século.

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