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Desemprego recorde desafia brasileiros que buscam um trabalho

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No fim do ano passado, ainda sob a perspectiva de aprovação da reforma
da Previdência e com projeções de crescimento do PIB em 2018 que
chegavam a superar os 3%, havia um certo otimismo em relação à queda do
desemprego. Mas a realidade tem se mostrado bem diferente. A cada
divulgação de dados sobre trabalho no País consolida-se a convicção que
o desemprego será um dos desafios mais urgentes a serem enfrentados por
quem vencer a eleição para a presidência em outubro.

Além da carteira de trabalho física, Ministério do Trabalho criou aplicativo para CTPS digitalizada
Busca por emprego desafia brasileiros

Dados anunciados na quinta-feira, 17, pelo IBGE mostram o tamanho desse
desafio. No segundo trimestre, o número de pessoas que estão há mais de
dois anos procurando emprego chegou ao recorde de 3,162 milhões. O total
de desalentados, que são as pessoas que desistem de procurar emprego
por acreditar que não vão mais encontrar, também foi recorde: 4,833
milhões. A taxa de desemprego do País, que estava em 11,8% em dezembro,
fechou o segundo trimestre em 12,4% – são quase 13 milhões de
desocupados.

Ironicamente, a própria disputa eleitoral é apontada como uma das causas
da manutenção da desocupação em níveis tão altos. Com um cenário
totalmente incerto, empresas seguram investimentos e, consequentemente, a
abertura de novas vagas. “Estamos num momento de elevada incerteza, sem
saber quem é o candidato com mais chances, o que vai fazer, o que
propõe”, diz José Ronaldo de Castro Souza Júnior, do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Isso obviamente segura a retomada.”

Ao defender suas propostas para o combate ao desemprego, os candidatos à
Presidência convergem pelo menos na necessidade de o País retomar a
estabilidade econômica para garantir a abertura de novas vagas de
trabalho. Os programas de governo registrados no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) trazem menções ao equilíbrio fiscal e falam ainda em
aumentar investimentos em educação técnica para capacitação de mão de
obra, além de destravar obras de infraestrutura, como medida emergencial
para reduzir a taxa de desocupação entre os brasileiros.

A intenção de investir infraestrutura aparece nos planos do PT (que
registrou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
condenado e preso na Lava Jato), da Rede (de Marina Silva) e do MDB
(cujo candidato é o ex-ministro Henrique Meirelles).

Os programas também citam a capacitação de mão de obra. Alvaro Dias, do
Podemos, promete aliar desenvolvimento tecnológico e de educação como
forma de encarar o desemprego. Geraldo Alckmin, do PSDB, propõe investir
na qualificação técnica de jovens e parcerias com universidades; e Ciro
Gomes, do PDT, vê necessidade de atuar na preparação dos desempregados.

Ciro também fala em alcançar o equilíbrio fiscal já nos primeiros dois
anos de governo, caso seja eleito em outubro, enquanto Jair Bolsonaro
(PSL) aposta na adoção completa de um “liberalismo econômico” para
equilibrar as contas públicas. Já Alckmin fala em abrir a economia para
fazer o comércio exterior representar 50% do PIB do País. Estreante na
política, o candidato do Novo, João Amoêdo, sai em defesa do
livre-comércio e da simplificação dos impostos para empreendedores.

Candidato do PSOL, Guilherme Boulos propõe revogar integralmente a
reforma das leis trabalhistas, em vigor desde 2017, fala em uma política
de valorização de salário mínimo e promete fortalecer a organização
sindical no País.

Guilherme Boulos critica a candidatura de Jair Bolsonaro e diz não temer derrota da esquerda
Guilherme Boulos propõe mudanças nas leis trabalhistas

Para o pesquisador de Economia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
Fernando de Holanda Barbosa, os ajustes fiscais são o principal caminho
para abordar o problema do desemprego. “O Brasil precisa mostrar um
ambiente estável e que o descompasso fiscal tem alguma solução em vista.
Se a economia não cresce, é difícil solucionar o problema do
desemprego. Para isso, é necessário tomar uma série de medidas e fazer
reformas”, disse ele.


Gasto público

Barbosa critica as propostas “emergenciais” que consideram como ponto de
partida o aumento de gasto público. “A solução não é tentar criar
emprego a fórceps gastando dinheiro. Esse tipo de medida dura
temporariamente, mas resolve só o curto prazo.”

Professor da Universidade de São Paulo Ruy Braga, especialista em
sociologia do trabalho, afirma que o desemprego precisa ser atacado por
vários “ângulos”, além do viés econômico. “Temos de ter políticas para
criação de novos empregos, mas também para absorver os milhões de
trabalhadores que estão no subemprego. A questão é prioridade para as
famílias.”

Estadão Conteúdo

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