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Desilusão esfria apoio de jovens

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Washington (BBC/ABr)- Com a economia dos Estados Unidos dando sinais de ter voltado à apatia, as próximas eleições americanas – marcadas para daqui a quatro meses – correm o risco de se desenrolar sem o entusiasmo de quatro anos atrás. O grupo mais afetado pela sensação de estancamento e a dificuldade da economia de gerar postos de trabalho são os jovens – muitos dos quais aderiram à campanha de Barack Obama em 2008 em nome da “mudança”. Segundo os números do Censo americano, a proporção de pessoas entre 18 e 29 anos que votaram em eleições caiu de 51% em 2008, ano que viu a chegada de Obama à Casa Branca, para 23% em 2010.
Jovens usam máscaras nas ruas, um dos símbolos do movimento Occupy contra a crise econômica
Analistas apontam que é preciso descontar destes números o fato, normal, de eleições presidenciais mobilizarem mais eleitores que as não-presidenciais – em 2010 foram realizadas as chamadas eleições de metade de mandato, que renovam parte do Congresso. Entretanto, o especialista John Della Volpe, diretor de Pesquisas no Instituto de Política da Universidade de Harvard, confirma que “todos os dados indicam que a nova geração está menos entusiasmada e portanto menos inclinada a participar nas eleições de 2012, em comparação com 2008”.

Della Volpe afirma que a birra não é apenas uma desilusão com o governo de Obama, mas um pessimismo originado nas dificuldades conjunturais do país. “O pessimismo está ligado a uma maior percepção de que as instituições políticas e públicas de governo são incapazes de resolver os problemas que o país enfrenta hoje. Portanto, o simples ato de votar se torna menos relevante para esta nova geração”, afirma. “A desilusão não é necessariamente com o governo Obama, é com o ‘governo’ e ponto. Se estivesse ligada a Obama, veríamos um maior apoio ao partido Republicano e a Mitt Romney (rival do presidente).”

Há sinais de que a falta de engajamento não é um fenômeno exclusivo da juventude. Uma pesquisa do Pew Research Center realizada periodicamente no mês de junho mostrou que apenas 29% das pessoas entre 18 e 29 anos dizem acompanhar o processo eleitoral “de perto”.

Apesar de ter encolhido em relação aos 40% de quatro anos atrás, esse percentual ainda é igual ou superior ao nível de envolvimento dessa faixa etária nas eleições de 2010. Fenômeno exatamente igual foi registrado entre as pessoas de 30 a 49 anos.

O problema para Obama é que o menor envolvimento dos eleitores mais jovens tende a reduzir a sua base de apoio. Essa fatia votou maciçamente por ele em 2008 e ainda lhe dá, nas pesquisas atuais, uma vantagem de 13 pontos percentuais sobre Romney. Porém, Della Volpe diz que há uma “abertura” da fatia mais jovem dos eleitores (18 a 24 anos) a “visões concorrentes”” sobre a economia e sobre como o país deve ser governado.

Esta geração que não fez parte do movimento pró-Obama de 2008 se mostra menos leal a ele, “principalmente em assuntos econômicos”, diz Della Volpe. Segundo o Censo de 2010, há mais de 30 milhões de pessoas entre 18 e 24 anos nos EUA. No contexto do mercado de trabalho, os trabalhadores ainda mais jovens são especialmente afetados pelo desemprego.

Se a taxa da população geral não cede para abaixo dos 8%, pelo menos em comparação a um ano atrás ela está mais baixa. Já entre os adolescentes de 16 a 19 anos, tem permanecido todo este tempo nas proximidades de 25%. Por isso a campanha de Obama quer que sua conexão com o eleitorado jovem se dê não apenas como resultado da situação econômica, mas pela atuação do governo em outras áreas que têm ressonância com esse público.

Na última sexta-feira, uma preocupação a mais para a equipe que está cuidando da campanha da reeleição: a economia criou menos empregos do que o previsto. Pelos discursos feitos nas prévias republicanas, os indicadores econômicos devem ser a arma da campanha de Mitt Romney para evitar o segundo mandato do presidente Barack Obama.

Medidas recentes renovam ânimo

Abraham White, porta-voz da organização progressista Campus Progress, de ativismo em campi universitários, argumenta:  “só nos últimos dois meses, tivemos grandes vitórias na lei da saúde, imigração e igualdade no casamento (entre pessoas do mesmo sexo)”. “Os jovens estão animados de ver o progresso que está sendo feito nessas áreas como resultado da liderança do governo”, argumenta.

Uma vitória recente da sua organização foi conseguir que o Congresso estendesse, apesar da oposição de muitos republicanos, os juros subsidiados de um programa de empréstimos para estudantes. As taxas dobrariam se nenhuma decisão fosse tomada.

Essa luta trouxe Anusha Narayanan, 19, estudante do último ano da Universidade de Illinois, para o engajamento político. “Fiquei apaixonada pela causa quando percebi o efeito do aumento dos juros sobre os estudantes”, diz Anusha, hoje uma das ativistas dentro da universidade.

Segundo Della Volpe, Obama conta com o apoio do eleitorado negro, altamente fiel ao presidente, e mesmo os jovens latinos, que expressam mais claramente a sua insatisfação com o governo, parecem acabar fechando com os democratas.

A recente decisão do governo de legalizar a situação de pessoas que chegaram nos EUA antes dos 16 anos e cumprem certos requisitos como estar estudando e obedecer, acredita, deve consolidar esse apoio. “Estes últimos acontecimentos políticos sem dúvida ajudarão a reenergizar certos segmentos da base de Obama”, crê o especialista. “Eles vão relembrar a nova geração de que Obama compartilha com eles as suas mesmas prioridades e visão de mundo.”

Geração de empregos mais lenta

Washington (AE) – A economia dos Estados Unidos criou 80 mil empregos em junho, abaixo da previsão dos analistas de criação de 100 mil novas vagas, informou o Departamento de Trabalho do país. A previsão dos analistas foi revisada da estimativa anterior de 95 mil novas vagas. Apesar de os números de junho terem vindo mais fortes que os reportados nos dois meses anteriores, o ritmo de criação de empregos continua bem abaixo dos dados registrados no início do ano, quando a economia criou uma média de 226 mil empregos por mês no primeiro trimestre, ante somente a média mensal de 75 mil no segundo trimestre.

As leituras de abril e maio foram revisadas com pequeno efeito líquido. A criação de vagas em abril foi revisada para 68 mil, da leitura preliminar de 77 mil, enquanto o número de novas vagas em maio foi atualizado para 77 mil, da leitura anterior de 69 mil.

A desaceleração na contratação mostra que, três anos após o fim da recessão, a economia dos EUA não conseguiu ganhar força em meio à ampla incerteza relacionada à crise da dívida da Europa, o potencial aumentos de impostos e cortes de gastos no próximo ano no país, e os sinais de crescimento mais lento nos países em desenvolvimento.

O Departamento do Trabalho disse que as empresas privadas foram responsáveis por todo o crescimento dos empregos, criando 84 mil vagas em junho, enquanto os governos cortaram 4 mil postos de trabalho no período. O governo federal reduzir a força de trabalho em 7 mil vagas.

Na categoria de serviços profissionais e empresariais, foram criados 47 mil empregos. A alta foi conduzida pelos serviços de ajuda temporária. Já o setor manufatureiro criou 11 mil empregos. O ritmo de contratação no setor diminuiu acentuadamente, contudo, para uma média de 10 mil novas vagas por mês no segundo trimestre, de uma média de 41 mil por mês no primeiro trimestre. As indústrias de comércio no atacado e cuidados com saúde também criam empregos em junho. Os ganhos médios por hora trabalhada aumentaram US$ 0,06, para US$ 23,50. A semana de trabalho média subiu 1 hora, para 34,5 horas.

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