Em audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Castello Branco confirmou que parte dos ativos da Petrobras no Nordeste estão à venda, como refinarias e prédios – entre eles, o edifício conhecido como Torre Pituba, um prédio de 22 andares erguido em Salvador, em 2010, por R$ 2.087 bilhões. Parte deste dinheiro saiu do fundo de pensão dos funcionários da empresa, o Petros.
Racionalizar
Já Castello Branco sustenta que as alegações de que a Petrobras vai deixar o Nordeste são “uma narrativa distorcida da realidade”. Embora confirme os planos de “racionalizar o uso de espaços” físicos, reduzindo o número de prédios ocupados em todo o país e no exterior, e vendendo alguns poços e refinarias, não há risco de demissão de funcionários, com exceção daqueles que aderirem ao programa de desligamento voluntário.
“Gostaria de deixar claro que não há nenhum desmonte, nenhum fechamento da Petrobras no Nordeste, onde vamos continuar buscando a exploração em águas profundas”, disse o presidente da estatal, destacando que a venda de ativos pode fomentar o surgimento de novas empresas que, seguramente, absorverão mão-de-obra.
“No processo de desinvestimento, estamos ajudando na criação de novas indústrias, no nascimento de uma indústria do Petróleo de pequenos e médios produtores”, afirmou Castello Branco, garantindo que vários investidores nacionais têm demonstrado interesses nos bens da Petrobras e que o “processo de gestão de portfólio” da empresa segue uma “rigorosa política de seleção de potenciais compradores, além de cuidado com os colaboradores”.
“Quem comprar uma refinaria no Brasil certamente não vai chegar e demitir todo mundo. Não vai trazer marcianos para operá-la, pois quem sabe operar refinaria no Brasil são os funcionários da Petrobras”, disse Castello Branco.
De acordo com o executivo, a decisão de se desfazer de parte dos ativos no Nordeste está baseada na avaliação de que, para a Petrobras, parte dos negócios na região se tornaram “irrelevantes”. Durante a audiência pública de hoje, Castello Branco chegou a dizer que “a natureza trabalhou contra a Petrobras no que diz respeito aos campos terrestres em águas rasas”, apontados como de menor produtividade e custos mais altos.
Concorrência externa
Após afirmar que o auge da crise financeira enfrentada pela Petrobras já passou (“mas ainda há muito o que fazer”) e que os funcionários da empresa recuperaram a autoestima, Castello Branco disse que, sob sua gestão, a estatal petrolífera vai priorizar a redução dos custos e a segurança das operações. Segundo ele, a dívida de US$ 101 bilhões e o montante gasto com o pagamento de juros das dívidas mantém a Petrobras na condição de uma “empresa fragilizada”.
No entanto, segundo Castello Branco, sua maior preocupação é com as transformações que ocorrem fora da indústria do petróleo. “A interdependência entre negócios se ampliou formidavelmente. Hoje, nossa maior preocupação não é com nossos concorrentes [diretos], mas sim com o que ocorre fora da indústria do petróleo. É com as inovações tecnológicas como, por exemplo, a eletrificação da frota de veículos, que tende a roubar demanda por petróleo”, citou o executivo, mencionando os prognósticos de que mudanças comportamentais e a preocupação com o meio ambiente freiem o consumo mundial de petróleo. Razão pela qual ele acredita que o Brasil deve acelerar a exploração do pré-Sal.