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Deslizes

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Valério Mesquita
Escritor

Patrício Português é uma figura lusitana largamente conhecida em Mossoró, sua segunda pátria. Anos atrás era proprietário de um avião bimotor e navegador aéreo de longo curso das galáxias oestanas. Certa vez, partiu de Natal pilotando a aeronave com destino a Mossoró. Durante a penosa travessia do “dorso do elefante” tomou umas doses do “escocês legítimo”, deixando-o fora de órbita. Quando sobrevoava Mossoró para aterrissar, da torre do aeroporto recebeu o alerta convencional: “Atenção BV-116, torre pedindo a rota! Atenção BV-116 torre pedindo a rota!”. “O quê?”, responde o nosso rico português. “A rota!”, retorna a torre. Patrício, zonzo, confundiu as coisas e soltou um longo e sonoro arroto: “Barrrrr”.

02) Um cidadão muito conceituado na cidade de Mossoró foi ter com Joca Bruno, o tabelião. “Seu Joca, eu quero me separar porque minha mulher tá me chifrando”. Joca, cheio de macetes, disse: “Amigo, você escutou o gemido?”. “Não”, responde o confesso cornudo. “Então, pode não ser verdade. Só se separe de sua mulher se você escutar o gemido”. O cornaço desistiu da separação. Mas ficou de plantão. Para Joca gemido é coisa séria e fazia parte do seu código penal.

03) O Grande Hotel era o máximo em termos de hospedagem em Natal nos anos quarenta e cinquenta. Theodorico Bezerra, homem simples, mas de larga visão, logo se tornou arrendatário do prédio da Ribeira. Os anos foram passando e o sucesso do empreendimento deixava o “majó” feliz da vida. Com o tempo, o aluguel tornou-se irrisório, mas contrato é contrato. Certo dia, um empresário local botando os olhos no negócio do deputado, perguntou: “Theodorico, quanto você paga de aluguel por esse prédio?”. O “majó” pessedistamente explicou: “Eu pago o que o governo me cobra”. Ponto final na boca do especulador.

04) De Boa Saúde chega-me notícia de dona Alzineide, que montou um bar do tipo “Pega bêbado”. O comércio ia de vento em popa, apesar do estoque limitado. Quando as poucas garrafas de cachaça secavam, a  proprietária colocava à disposição dos clientes, a famosa “perua”. A perua era um composto de duas porções d’água e uma de álcool. Certa vez, um cliente tomou um gole a mais e ensaiou uma sessão de vômitos. Dona Alzineide orientava: “Meta o dedo na goela, Joca! Bota pra fora!”.  Joca respondia com dificuldade: “Não. Esfregue minhas costas! Eu paguei pra ‘chamada’ ficar aqui dentro”.

05) O saudoso padre Normando Delgado, da igreja São Camilo, sempre usava os momentos finais da missa dominical para conclamar os fiéis a ajudarem inúmeros projetos assistenciais. “O muro de contorno precisa de reparos e estamos precisando de tijolos e de mão-de-obra; alguns ventiladores queimaram e necessitam urgente de consertos”; e por aí foi. Ao final, sentenciou para uma plateia atenta e devocional: “E o dinheiro, de onde vai sair?”. Alguns imaginaram da Arquidiocese, outros do Vaticano e outros mais de qualquer país europeu. Mas, o experiente vigário deu a penitência: “Do bolso de vocês!!”.

06) Raimundo Soares, depois de eleito prefeito, foi ter com Dix-Huit para lhe pedir uma orientação. “Sabe o que, é Dix-Huit”, falou Raimundo, “estou em dúvida com os nomes para compor o meu secretariado e quero a sua ajuda”. Dix-Huit, pensativo, sugeriu: “Raimundo, Vargas dizia que ministério, secretariado, etc. se compõem de dois grupos: um formado por gente incapaz e outro por gente capaz de tudo”. Vida bem vivida é o que se pode depreender desse conselho.

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