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Despachante confessa crimes

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21 ANOS - Lindonjacson Barreto dos Santos diz que não é bandidoO despachante Lindonjacson Barreto dos Santos, de 21 anos, confessou que matou o advogado Ricardo Minoru Tominaga e o segurança dele Raimundo Vieira Nonato da Silva, em 11 de agosto deste ano, na cidade de Macaíba. Preso na sexta-feira da semana passada e apresentado à imprensa na manhã de ontem, Lindonjacson contou detalhes do crime e disse que matou os dois porque tinha sido vítima de golpes e estava sendo ameaçado de morte por eles.

“Queria dizer que não sou bandido. Confesso que cometi o crime e estou aqui para pagar meu erro. Mas foi tudo um momento de loucura porque eu estava desesperado. Aquelas duas pessoas fizeram um cidadão de bem virar bandido”, explicou. O réu confesso se defendeu dizendo que estava sendo pressionado por Taminaga e Nonato. Ele contou o que aconteceu para que o que seria uma relação profissional se transformasse em um caso de polícia.

“Eu conheci o advogado em 2004. Ele tinha um escritório em frente ao do meu tio, onde eu trabalhava. Mas, nessa época, a gente só se cumprimentava”, disse Lindonjacson. Ele disse que o contato só se estreitou em 2006, quando o advogado entrou no restaurante da família do acusado e eles acabaram conversando. “Eu tinha um terreno que comprei e queria fazer usucapião. Aí contratei o doutor Ricardo para fazer o serviço pra mim, por R$ 5 mil”, disse. O acusado contou que no outro dia deu R$ 4 mil em dinheiro para Tominaga providenciar a documentação, o que acabou não sendo feito.

Dias depois, segundo Lindonjacson, o advogado se interessou por um veículo que ele tinha, um Vectra e perguntou se o acusado não queria vender. “Eu disse que vendia por R$ 16 mil. Mas, ele disse que o cara que ia comprar era muito cismado. E por isso era melhor ele levar o carro e os documentos para me trazer o dinheiro”, alegou. Lindonjacson procedeu da forma que Tominaga pediu, mas o dinheiro não lhe foi entregue.

Por último, o réu alega que Tominaga, que agia sempre com Nonato, teria aproveitado uma viagem do despachante de imóveis e voltou à sua casa, desta vez levando um veículo Gol, com a ajuda da inocência da esposa do acusado. “Ele disse à minha mulher que tinha comprado o Gol e que já tinha me dado o dinheiro. Ela foi e deixou ele levar o carro e o dinheiro”, explicou.

Lindonjacson contou que com os golpes que sofreu, começou a ligar constantemente para Ricardo e Nonato, a fim de cobrar pelos prejuízos, mas passou a ser ameaçado pelos dois. “Ele dizia que se eu continuasse ligando, ele iria mandar me matar. Dizia que era advogado de bandido e que ia mandar algum ir lá em casa e fazer uma chacina com minha família”, contou Lindojacson, que é casado e pai de um garotinho de cinco meses.

O réu confesso acusa ainda as duas vítimas de tentarem novos golpes, pedindo mais dinheiro. “Eles sabiam que eu trabalhava direitinho e queriam tudo que eu conseguia. Uma vez Nonato ligou pedindo R$ 1,5 mil por um poço que tinha cavado para um rapaz pra quem eu devia esse valor”. Segundo Lindonjacson, as novas cobranças e as ameaças teriam causado o desespero dele. O que fez com que planejasse o crime.

No dia 11 de agosto, Lindonjacson ligou para Tominaga e marcou um encontro para fazer o pagamento dos R$ 1,5 mil. “Eles me pegaram na rótula de Macaíba e eu disse que o cheque estava na granja de um amigo. Mas foi para levá-los para um lugar deserto”, explicou. O acusado alega que sentou-se no banco do carona e vinha sendo ameaçado durante o trajeto. “Eu queria só dar um susto, mas Nonato estava com um punhal e disse que ia matar minha família se eu não desse o dinheiro”.

Em um ponto, o advogado, que ia na direção – Nonato estava sentado no meio do banco de trás – desistiu de prosseguir, desconfiado. Foi quando Lindonjacson puxou um revólver de calibre 38 e atirou primeiro contra o segurança. “Dei três tiros e o doutor Ricardo tentou tomar a arma, mas eu joguei no chão e saí do carro”, conta. O despachante disse que depois disso entrou pela porta de trás, sentou-se ao lado de Nonato e sacou a outra arma, uma pistola, matando Tominaga com quatro tiros, três no pescoço e um na cabeça.

Acusado conta como matou o advogado

Depois dos crimes, Lindonjacson Barreto dos Santos disse que fugiu pelo mato e trocou de roupa. Ele levou roupas novas para substituir com as que ficaram sujas com o sangue. “Fiquei dois dias mantendo a distância da minha casa. Mas depois disso voltei e passei a levar minha vida normalmente”, disse. O caso foi passado para a delegacia de homicídios e uma equipe comandada pelo delegado Célio Roberto Matias passou a investigar o crime.

Os policiais chegaram ao nome Lindonjacson com a investigação sobre as últimas ligações feitas pelo advogado contra ele. Outros indícios foram conseguidos e com a decretação de um mandado de prisão, o acusado foi capturado, na última sexta-feira, no local onde trabalhava em Parnamirim, na avenida Brigadeiro Everaldo Breves. “Assim que eles chegaram eu confessei. Não tinha para que mentir”.

De acordo com o delegado geral adjunto em exercício, Ben Hur Cirino de Medeiros, as investigações resultaram em provas que confirmam a versão de Lindonjacson. “O que ele diz é tido como verdade porque bate com o que apurou a investigação”.

O despachante de imóveis foi indiciado por duplo homicídio qualificado, pela premeditação do crime. O inquérito está quase concluído. A polícia espera agora a conclusão de alguns laudos periciais para dirimir dúvidas e dar o caso por encerrado.

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