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Desta oficina

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Vicente Serejo
Um jornalista, de qualquer área, Senhor Redator, há de ter um acervo de livros, novos e velhos, como oficina de referências e informações. Diferente da biblioteca dos intelectuais, se do tipo douto e vaidoso. Para estes, é o cenário da glória, sempre feito daquela sisudez sagrada. Uns, reconheça-se, pelo brilho de verdade; outros, pelo silêncio conveniente, a boa camada que esconde a revelação do falso, quando bem vincados pelos traços graves das conspícuas nulidades.
Quem aqui chegar, e com bons olhos, vai notar que este acervo é feito de boas, às vezes raras informações, e que não seriam encontradas, a não ser nesses livros velhos. Diria, afastada por precaução a vaidade do dono, que nestas salas há apenas três grandes núcleos em torno da vida e da obra de Câmara Cascudo e Oswaldo Lamartine, os mais de perto nas afeições pessoais; e de Mário de Andrade, tão longe e tão perto, cuidado pela intimidade que a admiração impõe. 
Há outros pequenos lotes, como diriam os antigos sebistas, em torno de autores e temas, sem os quais um repórter não pode suprir suas deficiências na hora de parir um texto. É claro que há os sabidos. Mas, esses não compram livros, desinteressados em tê-los e, principalmente, em lê-los. Sabem tudo, opinam sobre tudo, consagram e desconsagram com uma sem-cerimônia sem remorso. O que, e de resto, é a velha praga que pode roer a dignidade de qualquer ofício. 
Por ser oficina, não significa que os livros sejam como pregos, porcas, parafusos, ruelas e arruelas. Mas, sem eles, como saber e informar umas tantas coisas? O texto jornalístico não tem obrigação de ser análise, exegese, elucubração. Mas não será jornalístico se não repousar sobre um lastro de informação. Mesmo quando tem a pretensão de interpretar ou opinar, mesmo aí, é indispensável que seja erguido sobre referências para conter seu destino já tão efêmero.
Findou o tempo das afirmações peremptórias. Do sou a favor ou sou contra, e pronto. O leitor de hoje é alguém muito bem informado. Como nunca. Não é mais tão fácil convencê-lo. Ser contra ou a favor são posições legítimas, mas, se dirigidas ao leitor, devem ser construídas sobre o cimento das boas razões. Ninguém compreende o ontem e o hoje, nem projeta o amanhã, sem ter as referências, contradições e coincidências. Sem a cosmovisão acumulada dos anos. 
Quem acompanha os bons analistas e intérpretes sabe que a leitura é o lastro formador dos repertórios na justificativa do dito e do não dito. O calor dos confrontos tem sido a garantia de que o jornalismo é a trincheira do estado democrático de direito. Com todos os defeitos, os mesmos de todas as outras atividades humanas. E desde que não se perca de vista uma verdade simples: escrever para jornal, rádio, tevê, blogs e sites não é, necessariamente, fazer jornalismo.   
JOGADA – É trama, e sem futuro promissor, garantem as boas fontes de Mossoró, a tentativa de anulação da chapa de Paulinho Freire para presidir a Federação das Câmaras do RN, Fecam. 
JOGO – Profissional do jogo político, Freire tem a eleição garantida, daí a tentativa, às pressas, de anulação da chapa, sob a acusação de inadimplência dos integrantes para com a instituição.
TAMANHO – De Bruno Boghossian, na Folha, para quem pensa que Coronavírus é uma gripe, já vendo o ministro em rota de fuga: “Eduardo Pazuello descobriu o tamanho da gripezinha”.
SÉCULO –  O professor Marcos Guerra foi o nome convidado pela Escola Judicial do Tribunal do Trabalho para falar sobre Paulo Freire neste 2022 que marca cem anos do grande educador.

AVISO – Ainda que possa encontrar outros bichos peçonhentos, a desinfecção que será feita, hoje, na Câmara Municipal de Natal, como avisou a presidência, será só contra o Coronavírus.  
PERIGO – A antropóloga Mirian Goldenberg, da Federal do Rio, bateu a poeira da mesmice e levantou a tese de que os homens e mulheres brasileiros são vítimas também da miséria afetiva.
E… – Explica, sem arrodeios: “A pandemia destruiu o desejo e até o amor entre os casais que antes eram felizes”. Para Goldenberg, uma verdade é trágica: “Os brasileiros perderam o tesão”.
CAMA – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, vendo a crise de tesão que começa a roer os nervos do desejo carnal: “É na cama de casal que mora o tédio, esse veneno da paixão”.  
SACADA – André de Albuquerque é o personagem central da nova ficção do jornalista Antônio Melo. Três narrativas que se entrelaçam nos fios da história do Rio Grande do Norte e revelam, 500 anos depois, que os conflitos sociais, econômicos e políticos são exatamente os mesmos. 
SUCESSO – A área de marketing da Amazon, hoje o maior grupo editorial on line do mundo, selecionou, pela segunda vez, um romance de Antônio Melo para a promoção entre 8 e 15 próximos: ‘A Vingança’. A oferta aos leitores da Amazon baixa de R$ 60 para R$ 9,90 reais.

DELFINO – O livro do médico e poeta Zé Delfino – ‘Uma visão deteriorada o Mundo’, pela editora Z – acaba de ser disponibilizado em e-book na loja virtual da Amazon. O livro é de 2019, mas sua visão aguda do mundo levou a Amazon a desejá-lo no seu catálogo de edições virtuais. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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