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Desvio, desvios…

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Vicente Serejo
Antes de tudo, sejamos justos: ninguém conhece melhor, e tão profundamente, o sistema previdenciário do Rio Grande do Norte do que o atual presidente do Instituto de Previdência – Nereu Linhares. Sei porque um dia pedi para ouvi-lo, quando do saque aos cofres, perpetrado inicialmente no governo Rosalba Ciarlini e continuado no governo Robinson Faria, com uma dentada de um bilhão. Se não sabe tudo – porque ninguém sabe – sabe de quase tudo nessa área. 
Mas, embora represente o maior defensor do respeito à saúde financeira da previdência, Linhares foi profundamente infeliz ao declarar que é muito perigoso negociar qualquer coisa nesses dias políticos. Não é. Nunca é perigoso, na democracia, discutir com a classe política o destino do dinheiro público. Mormente, como no jargão velho, se a discussão é aberta. Perigoso é discutir em gabinetes fechados, ao arrepio do sol da opinião pública que a tudo ilumina e clareia. 
Não bastasse o condenável abrigo e uso do mesmo expediente que vem desde os governos militares, decalcados na ameaça velada – ‘ou aprova ou o Estado será punido sem poder fazer os convênios para os repasses federais’ – já bastaria o fato de que a proposta encaminhada ao Poder Legislativo foi eivada de artifícios injustos, ao gravar a faixa entre um e seis salários mínimos, e limitando em 16% a maior contribuição, justamente sobre os maiores salários pagos pelo Estado.
Mais: os mesmos 16% que esses grandes salários, dias antes, à época, foram reajustados no percentual da inflação dos últimos quatro anos. Pior: naquela hora, a proposta da oposição de um reajuste igual para até três salários mínimos, e dentro dos mesmos argumentos, foi trucidada pela bancada do governo, aliada aos setores mais conservadores. Para não falar no gordo aumento concedido aos procuradores do Estado, se o argumento defendido era evitar elevação da despesa. 
Foi em reunião fechada, só com as poderosas instituições jurídicas e fiscais, o acerto da faixa máxima dos 16%. A criação da faixa superior, de 18%, só veio a nascer na tão ‘perigosa’ e condenada negociação com o Poder Legislativo. E, aí, convenhamos, omitindo a faixa de 20% para os salários acima de R$ 35 mil reais. Se os maiores salários pagassem mais, como deveria ser, a faixa de isenção não teria ficado no patamar medíocre e injusto de 3,5 salários mínimos.
Anotem: a govenadora não pode ser acusada de covarde. Se fosse, não teria tido coragem de enfrentar, e vencer, tantos poderosos ao longo de sua vitoriosa trajetória. Mas, ainda assim, se deixou levar por um cuidado falso e falsamente posto diante de instituições poderosas que contam com representantes dentro do próprio governo. Seu erro desqualifica, na origem, seu próprio discurso. A política não é e nunca será perigosa. A não ser para quem teme o sol da democracia. 
OLHE – A candidata Cláudia Regina assumiu Jair Bolsonaro: escolheu o psiquiatra Daniel Sampaio para vice, ele que foi candidato a deputado estadual e preside o PSL. A luta é patriótica. 
SINAL – Se nominata revelar capacidade de agregação, o Solidariedade, do deputado Alysson Bezerra, preencheu as 35 vagas de vereador. A prefeita Rosalba Ciarlini só conseguiu dezessete. 
LUTA – O jornalista David Freire não resistiu à paixão e depois de longa solteirice, casou outra vez. Agora com a médica Larissa Rodrigues. Reincidir é grave, mas, se por amor, é perdoável.   

RETRATO – Um leitor desta Cena chama a atenção para a situação das paradas de ônibus em todos os bairros da cidade. Retiradas de lá, não serviriam nem para um depósito de ferros velhos.
RISCO – A Assembleia não poderá instalar a CPI do Consórcio Nordeste e descartar a CPI da Arena das Dunas. Sob pena de jogar nas ruas as suas próprias vísceras. Queira ou não sua mesa. 
SAÍDA – A essa altura, as duas CPIs serão inevitavelmente palanqueiras e o que vão prestar é desserviço à política. É paiol de pólvora vencida e só vai incendiar, no máximo, o seu plenário. 
PÍFIO – Enquanto o trade oficial insiste no marketing fantasmagórico, e vende o que não sabe fazer, a TAP adia sem data a volta dos vôos para Lisboa. Talvez retornem em dezembro. Talvez.   
GUERRA – De Nino, acompanhando a falsa guerra entre PT e PSDB nas eleições e até agora invisível nas dobras íntimas do poder: ‘Em combate no descampado todo buraco é trincheira’. 
TIRO – Os Procuradores da República, Emanuel Ferreira e Camões Boaventura, abateram com um tiro o processo contra a estudante Ana Flávia de Lira por criticar a nomeação autoritária de Ludmilla de Oliveira para reitora da UFERSA. Foi um ato visto como ilegal pelos procuradores.
FEIAS – A professora, com todo respeito ao direito de buscar a Justiça, fórum das sociedades democráticas, acabou dando duas aulas deploráveis: aceitou ser nomeada contra a vontade da sua comunidade e quis punir uma aluna que exerceu o direito de manifestação. Venceu a liberdade. 
EFEITO – É salutar que as instituições, apesar de todos os atentados, não se deixem levar pela intolerância que hoje, no Brasil, uma peste tão perigosa quanto a Covid-9. Quanto mais forte o sentimento de liberdade, mais garantida a livre manifestação no estado democrático de direito.  
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.
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