Depois de 18 dias de greve no Detran, todos os setores de atendimento estavam paralisados ontem. Com a greve, aproximadamente 2.800 processos de primeiro emplacamento estão parados. O setor de habilitação e de realizações de provas, que ainda funcionavam, estão parados desde essa última terça-feira.
“Com a greve, quem mais perde é o proprietário de carros novos. Não está sendo possível legalizar o veículo. Nós até conseguimos abrir o processo e efetuar o pagamento, embora todo esse esforço não adiante, pois não está sendo possível realizar a auditoria e a emissão do Certificado de Registro de Veículo (CRV)”, declarou o despachante da concessionária Nacional Volkswagen, que preferiu não se identificar. “A greve agora é total. Antes ainda tinham estagiários trabalhando, mas agora não há servidor para assinar os documentos, por isso, tudo está parado”, disse o servidor Francisco Chagas da Silva, do setor de Habilitação, que estava reunido com outros servidores do lado de fora do prédio do Detran.
Na manhã de ontem as provas de volantes também não aconteceram no Detran de Natal. Segundo Francisco Chagas, 15 peritos compareceram ao Detran, mas as provas não aconteceram. “Além do Detran de Natal os órgãos de Currais Novos, Caicó, Mossoró e Parnamirim também estão paralisados”, completou. Misael Augusto Silva, de 35 anos, esteve no Detran para realizar vistoria no seu veículo e teve que voltar sem ser atendido. “A vistoria era para transferir o veículo para o meu nome, agora tenho que aguardar”, lamentou.
Com a greve os proprietários de auto-escolas também estão enfrentando problemas. O proprietário da Auto-escola Esperança disse que já foi informado que as provas que os alunos fariam na sexta-feira já foram desmarcadas, o que vai atrasar o processo. “Os alunos precisam realizar a prova para iniciarem as aulas práticas”, disse Cleiton Cavalcante.
O dono da Auto-escola Brasil Car lamentou ontem a demora que a greve vai ocasionar com 20 alunos da auto-escola. “Tive provas desmarcadas ontem e também as provas de toda essa semana serão canceladas”, disse Sitônio Dantas de Oliveira Júnior.
Os servidores do Detran, junto com os servidores da Emater estão em greve desde o dia 02 de junho. O Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Direta e Indireta do Rio Grande do Norte (Sinai) está em busca de reajuste salarial e no caso do Detran, da realização de um concurso público para ampliar o número de servidores do ?rgão.
A diretoria do Detran informou para a reportagem da TRIBUNA DO NORTE que a negociação do fim da greve do Detran é de responsabilidade da Secretaria de Administração. “Estou aguardando uma resposta do Governo, o secretário informou que conversaria com a governadora e estou aguardando informações ainda hoje”, disse o presidente do Detran, Carlos Teodorico Bezerra.
A vice-presidente do Sinai, Maria Sineide, informou que os representantes grevistas conseguiram ser ouvidos pelo secretário-adjunto do Gabinete Civil, Hélder Maranhão, na manhã de ontem. Com a conversa os servidores do Sinai vão aguardar o agendamento de uma outra reunião com representantes da Secretaria de Administração e dirigentes dos órgãos. No dia 12 de junho os servidores do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipern) aderiram à greve. No dia 16 de junho foi a vez dos servidores da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac) aderir ao movimento grevista.
Greve afeta a venda de carros novos no RN
A greve dos funcionários do Detran já está afetando as vendas de carros zero quilômetro e no Rio Grande do Norte. Ontem, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos (Sincodern) divulgaram nota lamentando o transtorno causado a seus clientes.
“A suspensão dos serviços de vistorias, emplacamentos e transferências está gerando um alto nível de insatisfação em nossos clientes em razão de se encontrarem impedidos de circular com seus veículos, por falta da emissão do Documento Único de Trânsito (DUT). Em virtude disso, os pátios das concessionárias encontram-se abarrotados, uma vez que os veículos vendidos não estão sendo entregues por não poderem também circular sem placa de identificação, conforme previsto no Código Nacional de Trânsito”, dia a nota.
O documento lembra que “as concessionárias estão deixando de receber os valores referentes às vendas de veículos, através de consórcios e financiamentos, devido à ausência do respectivo registro de alienação dos mesmos. Este quadro tem gerado uma significativa queda na arrecadação dos impostos inerentes ao registro de veículos.”
