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Deu rock no MPBeco

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Talvez por medo da chuva, poucas pessoas chegaram cedo à Praça Sete de Setembro para conferir a final do festival Mpbeco no último sábado. Mas com a pequena estiagem, e algumas estrelas aparecendo no céu,  o público compareceu. Estima-se que em torno de mil pessoas estiveram presentes para conferir a melhor música do ano. A bola da vez foi o grupo Os Grog’s que levou três prêmios: o de Melhor Música “Natal Canibal” de Graco Medeiros e Moisés de Lima, Melhor Arranjo e Melhor Interprete. O júri escolheu e o público assinou em baixo, através de calorosos aplausos. 

O voto popular foi para a canção “Dessa casa quero as lembranças”, de Luiz Gadelha e Bruno Alexandre, interpretada por Patrícia Palhano. O 2? lugar foi para Ivando Monte com a música “Começo, meio e fim” e o 3? lugar para a canção ‘Jaz’ com autoria de Jorge Negão e interpretação do Grupo Pangaio.

Antes dos concorrentes, o cantor e compositor Mirabô Dantas com seu timbre peculiar e boas construções poéticas e musicais, trouxe as canções do seu disco “Mares Potiguares” junto a uma bonita homenagem aos 40 anos do Tropicalismo, encerrando sua apresentação com Geléia Geral, de Gilberto Gil.  Essa geléia – que na década de 70 representava o momento que o País passava – poderia analogicamente representar a diversidade de ritmos revelada pelo festival.

Sem torcidas organizadas e a expectativa aguçada, os dez concorrentes deram o melhor de si — não lembrando as duas semi-finais que antecederam o festival. Gustavo Lamartine foi o primeiro a subir ao palco com a música “Eu moro na esquina” e mostrou carimbó misturado a outros ritmos, agradando em cheio o público — alguns até dançavam em dupla, com um forró. Em seguida veio o Grupo Escolar, com a liderança do artista plástico Marcelus Bob defendendo a música “Status”, de Enock Domingos. Provocou o público, desafinou, brindou o rock e não levou nada, mas ganhou em atitude. Logo depois Hardy Guedes cantou “Parece que não dói tanto”, seguido da canção “Dessa casa quero as lembranças”, um sambinha bom de ouvir interpretado por Patricia Palhano, que levou prêmio do juri popular. O terceiro lugar subiu ao palco com a canção “Jaz” de Jorge Negão, defendida pelo grupo Pangaio. Uma interpretação ousada, com direito a figurino especial onde os integrantes apareceram com filmes de pvc no rosto, dando um efeito de sufocamento, e estavam vestidos de ternos. A letra completava a mensagem da performance. Os arranjos mesclavam  rock, soul e ritmos africanos na percussão.

Sobe então Maguinho da Silva — cujo nome de batismo é Paulo Ricardo — com a canção “No Ar”, que não levou nenhum prêmio, mas trouxe para respirar aos olhos do público um dos músicos mais versáteis  e criativos do Estado. A música “Começo meio e fim” de Ivando Monte recebeu o terceiro lugar, brindando o público com samba,  e bossa nova. Na seqüência, a canção “Nordeste”, do compositor Rafael Harison e interpretação de Priguissa. Um hip-hop originalmente potiguar, uma letra interessante, mas batida por trazer as questões do nordeste, da seca.  Não levou nada, mas o recado foi dado.

A penúltima candidata foi a canção vencedora “Natal Canibal”, que levantou a platéia com a interpretação da banda de rock Os Grogs. Destaque para o filho do guitarrista Thiago Andrade, que com seus dois aninhos deixou o público surpreso com sua performance. Ele pulava, fazia solos e afinou sua mini-guitarra vermelha antes de se apresentar. A última canção, chamada “Caos”, de Rani de Moraes morgou o público. O microfone baixo não ajudou.

Uma canção por acaso

Para Moisés de Lima, compositor da música vencedora, o festival provou que não é só de MPB que sobrevive um festival. “O interessante desse resultado é que o Rock no festival não é algo tradicional. Os formatos dos festivais no Brasil consagram o samba, a bossa nova e outros ritmos mais brasileiros. Mas o que vimos aqui foi uma mistura de tudo, foi democrático,  embora muitas pessoas tenham criticado a qualidade técnica dos concorrentes”, contou Moisés. 

A letra, composta pelo poeta Graco Medeiros e musicada por Moisés,  traz a tona a questão da invasão estrangeira em Natal. “A canção envolve vários aspectos de nossa cidade. A antropofagia, a segunda guerra, a ponte do forte-redinha, ela cita Cascudo, são temas muito nossos. Fala das nossa mazelas, dessa invasão e da neo colonização européia que está tendo um impacto muito grande em nossa cultura. E a gente aplicou uma pegada da banda voltado pelo que a gente já faz, é um hard blues, num arranjo totalmente Rock and roll”, contou.

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