quinta-feira, 25 de abril, 2024
24.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

DF lidera indicador da juventude

- Publicidade -

Brasília (AE) – O Distrito Federal é, hoje, o melhor lugar do País para um jovem de 15 a 24 anos viver. Tem a melhor educação e a mais alta renda familiar do Brasil e fica no topo da lista do Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ), preparado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz com base em dados de saúde, educação e renda. Mas, como a maior parte das zonas metropolitanas brasileiras, o DF perde pontos com a violência. Com 96,7 mortes por 100 mil habitantes entre os jovens, a capital do País tem uma das maiores taxas de mortes violentas do País.

A capital do País é o extremo positivo de uma situação brasileira que está longe de ser boa. O IDJ nacional é 0,535, em uma escala em que 1 seria a mais alta e 0,800, um bom índice. Quando comparado como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em que o Brasil alcançou 0,800 e passou a ser considerado de alto desenvolvimento, pode-se dizer que a vida dos jovens brasileiros é bem mais difícil. E, em alguns Estados, ainda pior que em outros.

Carolina Venuto, de 21 anos, admite sem receio: é privilegiada. Mora em Brasília, cidade isolada de sua periferia, afastada de bolsões de violência e com a maior renda per capita do Brasil. É filha de funcionário público. Bancada pelos pais, estudou nos melhores colégios e mora em bairro de classe média alta. Se educação e renda não são problemas para essa juventude, a violência começa a preocupar. Com alto índice de mortes violentas, assaltos, seqüestros e acidentes de trânsito passam a amedrontar os jovens brasilienses. “Os jovens de Brasília ganham carros bons muito cedo. Isso acaba gerando muito acidente”, observa Carolina, que também tem seu carro próprio.

O relatório do IDJ de 2007 indica melhorias. Os jovens brasileiros estão estudando um pouco mais. Há menos analfabetos entre aqueles com 15 a 24 anos. Morrem um pouco menos de doenças evitáveis e até mesmo a violência e a desigualdade social diminuíram nos últimos cinco anos. Mas, a terceira edição do IDJ mostra que as boas notícias escondem problemas que as políticas públicas ainda não conseguiram atacar.

Se há mais jovens no ensino médio e superior, a qualidade da educação vem caindo desde o fim dos anos 90. O número de mortes violentas de jovens diminuiu em vários Estados, mas com média de 48,6 mil assassinatos a cada 100 mil jovens, ainda é uma das mais altas do mundo. Quase 7 milhões de jovens brasileiros não estudam nem trabalham. “Está melhorando, mas não no ritmo necessário. Ainda é um processo vacilante, mas há demonstrações de que há condições para que se melhore mais”, afirmou Waiselfisz.

Indicador leva em conta avanços em três áreas

O IDJ é calculado levando-se em contra três áreas: saúde, educação e renda. No primeiro tema, consideram-se as mortes por causas externas – assassinatos e acidentes de trânsito – e aquelas causadas por doenças. Em educação, contam o analfabetismo, a escolaridade adequada para a idade e a qualidade do ensino, computada pelos dados do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb).
Na renda, é calculada a renda per capita familiar. A estrutura é a mesma do IDH, mas com um maior detalhamento. Se Brasília aparece como o extremo positivo, do outro lado Alagoas combina resultados ruins em todas as áreas. Os jovens alagoanos vivem em famílias com a menor renda per capita do País, têm os piores índices de educação e também não vão bem em saúde. Para cada 100 mil jovens, 138 são assassinados. Maranhão Pernambuco e Piauí não estão muito longe desses números.
Mas, se os últimos lugares do IDJ estão reservados aos Estados do Norte e Nordeste, por conta dos problemas de educação e renda, a violência leva o Rio para a última posição em saúde. Com um bom nível de educação e uma renda razoável, o Estado poderia ser um lugar melhor para os jovens não fosse a alta probabilidade de mortes violentas. Entre 2005 e 2007, São Paulo subiu uma posição no ranking do IDJ, de 4º para 3º lugar. Essa evolução aconteceu unicamente por conta da diminuição das mortes, especialmente as violentas.

Exclusão

Os jovens brasileiros, na sua maioria, estudam e trabalham. Ganham mal, mas a maioria possui renda própria. No entanto, uma parcela significativa – praticamente 20% – não consegue trabalho ou escola e estão presos em um círculo vicioso. São aqueles que têm a pior renda e também menos anos de estudo. Quase 7 milhões de jovens estão excluídos de tudo.
“São os totalmente excluídos, aqueles que entram em um círculo vicioso de não conseguir trabalho porque têm pouca escolaridade e não continuam estudando porque não têm renda”, analisou o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz.
A renda familiar per capita desses jovens completamente à margem não chega a R$ 260. Em média, têm 7,8 anos de estudo. Já os jovens brasileiros que trabalham e estudam têm a melhor renda – R$ 528,18 – e mais anos de estudo, 9,2. O IDJ mostra, ainda, que caiu a renda média das famílias brasileiras que têm jovens de 15 a 24 anos. Entre 2003 e 2006, houve uma redução de 6%. Desde 2001, 15,7%. Essa queda, no entanto, não afeta a população mais pobre. Nos 10% mais pobres da população, ao contrário, a renda subiu 78% desde 2003 – 109% desde 2001. “Isso marca uma diminuição na concentração de renda, um fato extremamente positivo para o País”, comemorou Waiselfisz.
Entre os jovens que possuem renda própria, no entanto, não houve grandes mudanças nesse período. Praticamente a metade deles tinha algum tipo de renda.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas