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Dia de jazz e brasilidade

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Isaac Ribeiro
Repórter

Nesta segunda-feira, 30, véspera de feriado, será realizada mais uma edição do Internacional Jazz Day, com a apresentação da Sesi Big Band, que recebe como convidado o bandolinista Hamilton de Holanda. O show acontece na área externa do Natal Shopping, às 19h30, e a entrada é um 1 kg de alimento não perecível. A realização é uma parceria da Sesi Big Band, Fest Bossa & Jazz e da Unesco.

A apresentação marca também a abertura da temporada 2018 da Sesi Big Band, que apresentará um repertório cheio de mistura, de acordo com o maestro Eugênio Graça, com jazz, música nordestina temperada com jazz, bossa nova e grandes clássicos da música brasileira. Sem contar com a participação de Hamilton de Holanda, considerado um dos renovadores do bandolim.
Edição natalense do Internacional Jazz Day será com a apresentação da Sesi Big Band recebendo o bandolinista Hamilton de Holanda
Edição natalense do Internacional Jazz Day será com a apresentação da Sesi Big Band recebendo o bandolinista Hamilton de Holanda

Juntos, interpretarão choros e sambas, composições do próprio Hamilton, como “A Escola e a Bola” e “Capricho de Rafael”, além de choros conhecidos como o clássico “Carinhoso”, de Pixinguinha, com Eugênio Graças tocando saxofone. Também estão na lista “Apanhei-te Cavaquinho”, de Ernesto Nazareth; e “Spain”, de Chick Corea.

O maestro conta que a sugestão do nome de Hamilton de Holanda partiu de outro grande instrumentista, o violonista Yamandu Costa. Por ser admirador do bandolinista, a dica foi aceita de pronto. “Um músico extraordinário, magnífico e de um convívio fácil. Vai ser uma noite, sem dúvida, linda”, comenta o maestro da Sesi Big Band, diretor artístico do Prejeto Sesi Arte, responsável pela escolha dos convidados e da direção de todos os eventos da orquestra.

“Nos dias de hoje não se pode ser só o maestro e subir lá no púlpito, pegar na batuta e achar que já está tudo feito. Pode ser assim, mas eu não gosto. Prefiro me empenhar desde a escolha do artista, que realmente está muito ligado ao espetáculo, ao momento artístico, mas em outros pormenores da produção, na própria logística do espetáculo, na escolha de todo staff técnico”, diz Eugênio Graças.

O convidado

Desde criança, Hamilton de Holanda foi estimulado pelo pai e cantar sambar e tocar ‘brinquedos musicais’. Nascido no bairro de São Cristóvão, filho de pernambucanos, mudou-se para Brasília em 1977, onde fez sua primeira apresentação artística, tocando escaleta. O primeiro bandolim ganhou do avô. Hoje é conhecido como exímio instrumentista e por ter renovado o estilo de tocar e a própria forma do instrumento, acrescentando mais duas cordas. Ganhador de dois Grammys latinos,  ele acaba de lançar “Jacob 10ZZ” pela gravadora Deck, interpretando parte da obra do mestre Jacob do Bandolim e reverenciado o parentesco entre o choro e o jazz. Ele conversou com a reportagem do TNFamília:

Você é convidado da Sesi Big Band. Como é para o artista participar de encontros dessa natureza?

É sempre um aprendizado; é sempre surpresa. Todo dia que eu tenho encontro com algum artista ou algum grupo novo, eu sempre fico com um pouco de ansiedade para aquele encontro, mas uma ansiedade positiva, que move, aquela que instiga; tocar com um grupo novo, descobrir como ele toca e como eu vou conseguir dialogar, me encaixar com a realidade desse grupo. Eu vi uns vídeos da Big Band do Sesi de Natal e gostei bastante. Acho que vai ser uma maravilha, Vai ser bem divertido e emocionante, com certeza.

Você vai ensaiar antes com a orquestra ou será à distância mesmo?

Das duas maneiras, já que estamos ensaiando à distância, mais ou menos assim, discutindo repertório, eu com o maestro Eugênio. Mas vou ter um ensaiozinho aí também, pra passar uns detalhes. Passar um pano pra ficar brilhando.

No seu novo  CD “Jacob 10ZZ” você interpreta parte do repertório de Jacob do Bandolim. Como apresentaria o disco?

É um disco faz parte de uma série de quatro outros, onde homenageio os 100 anos de Jacob do Bandolim. Então, esse primeiro foi gravado em trio; bandolim de dez (cordas), o baixo acústico do Guto Virti, e a percussão do Thiago da Serrinha. É um disco onde o bandolim harmônico é explorado bastante. E o repertório foi selecionado dando um equilíbrio entre um panorama de algumas sensações que as músicas do Jacob causam. São as músicas mais líricas, são as mais difíceis, são músicas mais balançadas, mais pro samba, mais nordestinas. Então, eu fiz uma mistura disso tudo, dessas diferentes composições do Jacob, dentro dessa formação onde o bandolim de dez é bastante explorado do ponto de vista da harmonia. É um disco onde tem muito improviso. Esse nome, na verdade, é a junção do 10, do bandolim de dez cordas, com o jazz, que é uma música prima-irmã nossa, do choro. O choro e o jazz têm um parentesco muito grande. Foi feito dessa maneira, com muita reverência também. A gente celebra o gênio do Jacob do Bandolim.

Você é considerado um renovador do bandolim, ampliando as possibilidades do instrumento. Como vê o bandolim inserido na música contemporânea?

Eu vejo com bons olhos porque, comparado com a época em que eu comecei a tocar bandolim, tem muito mais gente tocando o instrumento no choro, que é o seu principal estilo no Brasil, mas também tocando em outros estilos, tocando no próprio samba, na música pop, no reagge, na música clássica. Acho que a tendência é popularizar mais ainda esse instrumento. Algumas pessoas estão descobrindo; outros instrumentistas, como guitarristas, baixistas, que tocam instrumentos diferentes do bandolim, estão passando a tocar o bandolim também. O pessoal ainda confunde um pouco com cavaquinho, com banjo, mas, em geral, eu tenho visto um crescimento no número de bandolinistas e de um público cativo que gosta do instrumento.

Onde choro e jazz se encontram?

Eles se encontram lá atrás, no começo do século 20, final do século 19, onde eles estão nascendo, quando Ernesto Nazareth fazia aqueles tangos brasileiros e o Scott Joplin fazia o ragtime, mas ou É menos na mesma época. Esse encontro também, na maneira leve e espontânea de se tocar, com bastante improvisação. E como falei na questão anterior, o choro e o jazz são primos-irmãos. Aquele primo que a gente tem e gosta tanto, que a gente considera irmão. Acho que a relação entre o choro e o jazz é essa. É familiar! 

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