Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal
Prezados leitoras e leitores!
No próximo domingo, dia 3 de julho, celebraremos a Solenidade de São Pedro e São Paulo, transferida do dia 29 de junho, conforme permissão da Santa Sé. É uma atenção ao significado e importância destes dois grandes Apóstolos, “colunas da Igreja”, pois não sendo feriado, a transferência para o domingo possibilita uma maior participação dos fiéis cristãos e cristãs. Celebramos, também nesse domingo, o Dia do Papa. E rezamos pelo Sucessor de Pedro, o Papa Francisco.
Quando naquela tarde de 13 de março de 2013, ao encerrar o Conclave que elegeu o Papa Francisco como sucessor de São Pedro, a Igreja contava com a graça de ter dois Papas. É verdade que o Papa que governa a Igreja é Francisco, antes cardeal Jorge Mario Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, Argentina, escolhido como o 266º Papa da Igreja Católica. Mas, eis que não só esta é uma grande surpresa para toda a Igreja, pois é a primeira vez que um bispo latino-americano é eleito Papa, mas também a de ter um papa emérito: Bento XVI. Celebrando neste mês a festa de São Pedro e são Paulo, celebramos no mesmo dia o dia do Papa. Nossas preces por Francisco, nossa gratidão pelo pastoreio de Bento XVI.
Bento XVI, o professor, teólogo, com vasta publicação de livros de reflexão, de meditação, de ensaios para ajudar os católicos na formação e na compreensão da fé, participou dos trabalhos do Concílio Vaticano II como perito, auxiliando um bispo. Desde que renunciou ao papado, Bento XVI se mostra como o pastor orante, na clausura do seu mosteiro, no Vaticano, acompanhando as adversidades do tempo presente e rezando pelo seu sucessor, Francisco, homem cheio de alegria, de humidade e de um profundo desejo de paz para todas as nações. Dele disse Francisco; “… antes de ser um grandíssimo teólogo e mestre da fé, ele é um homem que verdadeiramente crê, que verdadeiramente reza […] ele encarna exemplarmente o coração de todo o agir sacerdotal […] o profundo enraizamento em Deus […] a constante relação com o Senhor Jesus”.
A novidade de Papa Francisco se reveste de uma alegria maior pelo fato de que, embora não tenha sido padre conciliar, traz em seu ministério a força renovadora do Concílio, presente e atuante na Igreja latino-americana. Ela é uma Igreja que tão prontamente não só quis aplicar o espírito do Concilio, mas viveu até mesmo antes esse mesmo espírito. Refiro-me a eventos, ações de renovação, de vivência pastoral, de valorização dos ministérios leigos, de busca do essencial da fé, que consiste na união indissolúvel e indispensável entre fé e vida, fé e caridade, fé e promoção e respeito pela dignidade humana, que configuraram a experiência da Igreja no solo da América Latina. Tais elementos foram assumidos pelo Concílio Vaticano II. E Papa Francisco como filho desta Igreja latino-americana, busca alargar para toda a Igreja a fecundidade, a beleza e a alegria que estão presentes nas Igrejas Particulares deste continente.
Um aspecto relevante e muito promissor para a missão da Igreja é a pregação-vivência de Papa Francisco sobre a misericórdia de Deus. Até mesmo no seu lema episcopal já se encontra esta alusão ao fundamental e primordial atributo divino: a misericórdia. Seu lema episcopal, retirado das homilias de São Beda Venerável, sobre o Evangelho de São Mateus afirma: Miserando atque eligendo, isto é, e “olhando com misericórdia e elegendo-o”, referindo-se ao encontro do Mestre com o cobrador de impostos Levi-Mateus. Em várias ocasiões Papa Francisco exortou-nos a nunca desistir de apelar para a misericórdia de Deus, que é infinita.
Que Deus abençoe sempre o nosso pastor Papa Francisco. Que ele seja renovado pela juventude e frescor da fé em Jesus Cristo, que nunca se cansa de perdoar e de amar o ser humano. Abençoe também o Papa Emérito Bento XVI. Vida longa para o Papa Francisco! Amém.
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