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Diário de Gilberto Freyre

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A Global Editora está lançando uma segunda edição revista de Tempo Morto e Outros Tempos, que é o diário da adolescência e da primeira mocidade do autor de Casa Grande & Senzala, compreendendo o período que vai de 1915 a 1930. É o tempo de suas experiências sexuais (tem muito sexo no livro), com preferência nas camas das mulatas, é o tempo de suas primeiras descobertas literárias e de suas primeiras viagens ao exterior: Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Portugal. Os cursos nas universidades norte-americanas e suas passagens por Oxford e Sorbonne, os museus de Paris, os cafés da rive gauche, marcando ponto no La Rotonde em intermináveis conversas com artistas e intelectuais, entre eles o pintor pernambucano Vicente do Rego Monteiro. Mas o livro de Gilberto Freyre tem o seu foco centrado no Recife, principalmente quando de sua volta dos Estados Unidos e da Europa. A sua primeira edição, aplaudida por José Guilherme Merquior, é de 1976. Esta agora, revista, tem apresentação da professora Maria Lúcia Garcia Pallares-Burk, que foi da USP e hoje é pesquisadora do Centre of Latin American Studies da Universidade de Cambridge, Inglaterra. Edson Nery da Fonseca acrescentou uma rica bibliografia de Gilberto.

Luís da Câmara Cascudo não aparece no diário de Gilberto Freyre. Do Rio Grande do Norte só encontrei cinco papa-jerimuns:  Augusto Severo e o seu filho Mário, Dioclécio Dantas Duarte, Elói de Souza e Henrique Castriciano. Há um sexto que me deixou dúvidas: Orlando Dantas. Será o Orlando Dantas que fundou o Diário de Notícias, do Rio de Janeiro? Dos Ribeiros Dantas do Rio Grande do Norte? Mário e Dioclécio são citados em uma circunstância curiosa. Gilberto Freyre vai visitá-los numa república de estudantes de Direito, na rua Santo Amaro, e não os encontrou.  E de repente ouviu, vindo de um sobrado vizinho,  gritos de uma mulher procurando por Dioclécio. Isso foi em 1916. Conta Gilberto:

– Eu estava ontem na “república” da Rua Santo Amaro, de estudantes de Direito (Mário Severo, Joaquim Grilo, Dioclécio Duarte). Não estava ninguém na “república”, nem mesmo o Grilo, que, sendo o filósofo do grupo, é o que mais fica em casa, lendo o tempo todo. De repente, de um sobrado próximo, uma rapariga, mulher da vida, gritou para mim, da varanda: “Dr. D. está aí?”. Eu respondi que não: Dr. D. não estava. Ela então levantou o vestido e deixou bem à mostra, para que eu visse, seu sexo, todo coberto de cabelo. Cabelo pretíssimo. Deu uma gargalhada e gritou de modo canalha: “Viu?”

Esse Joaquim Grilo não seria norte-rio-grandense, dos Meiroz Grilo de Goaninha?

Elói de Souza e Henrique Castriciano aparecem mais adiante, no ano de 1924, quando Gilberto Freyre fez um projeto para uma edição especial do Diário de Pernambuco, comemorativo do 1º. Centenário do jornal, na época dirigido por Carlos Lira Filho. Sugeriu cadernos com temas específicos. Um deles sobre “O Nordeste Brasileiro – sua geologia, sua significação nacional, suas possibilidades econômicas, seus pontos de contato e de diferença com outras regiões”. Elói seria um dos colaboradores, ao lado de Manuel Bandeira, Odilon Nestor, José Américo de Almeida, Rafael Xavier, Ademar Vidal e outros.

Gilberto tem um carinho especial por Mário Severo, que ele diz ser seu primo: “Meu primo Mário Severo – filho do famoso Augusto Severo de Albuquerque Maranhão: o do balão – tem me levado a uma “república” de estudantes de Direito na qual ele mora, perto de uma rua de mulheres da vida. Ele, vários anos mais velho do que eu, já quase bacharel, me toma a sério, conversa comigo e me apresentou ao seu grupo como um menino já homem: menos pelo fato de ainda não conhecer completamente mulher, que eles todos consideram humilhante. Mal sabem que até há dois anos eu brincava com brinquedos de criança. Agora só se espantam de que já leia Nietzsche, Spencer, J.S. Mill, Augusto Conte”.

Isso foi em 1915. Gilberto Freyre andava pelos quinze anos de idade.

Tempo Morto e Outros Tempos, lê-se de uma tacada só. Como fiz na madrugada chuvosa de ante-ontem.

Cadeia 

O estado de total abandono das cadeias públicas do Rio Grande do Norte é a cara do Governo Wilma. O que aconteceu ontem na Carceragem da Ribeira é uma velha crônica anunciada. Anuncia-se para as próximas horas uma nova greve da Polícia Civil.

Animação dos tucanos

O PSDB está gostando da movimentação natalense em torno do candidato Geraldo Alckmim. Final da tarde de hoje o ex-go-vernador paulista pega a estrada atravessa o Potengi amado, pela Ponte de Igapó, e vai no rumo de Ceará Mirim. Ali, será recebido pela prefeita Ednólia Câmara Ferreira de Melo, do seu partido, ao lado de outras lideranças regionais.

Manhã de hoje, Alckmim fará uma visita ao ex-ministro Aluízio Alves.

Garibaldi Filho

O senador Garibaldi Filho está na terrinha derna da noite de ontem. Na noite de hoje vai a Goianinha que festeja sua padroeira, Nossa Senhora dos Prazeres. Amanhã, sábado, continua pelas estradas do Agreste, agora no rumo de Passagem, onde almoçará com os amigos e correligionários.

Domingo irá aos sertões do Cabugi, onde o inverno está sendo generoso. Vai ver as novas eleições para a Prefeitura de Pedra Preta.

As chuvas de Umarizal

O deputado José Dias, líder do PMDB, na Assembléia Legislativa, anda animadíssimo com o inverno do Oeste Estado. Chove bem por lá. Açudes cheios, alguns já sangrando, naqueles confins, onde estão algumas de suas bases eleitorais. Prenúncio de boas safras na agricultura e também nos votos da eleição de outubro.

Em Umarizal só falta sangrar o açude Rodeador, o maior do município. Mas que está recebendo muita água.

Tão Brasil

Domingo o astronauta Marcos Pontes vai ao programa do Faustão, na Globo. O Brasil verde e amarelo se esbaldando de tanto civismo.

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