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Dickson Nasser critica o Ministério Público

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ATO - Boneco que representa vereador suspeito é queimado na Câmara de NatalNa reabertura dos trabalhos legislativos, o presidente da Câmara Municipal de Natal, vereador Dickson Nasser, fez um desabafo sobre a Operação Impacto, a investigação do Ministério Público que apura suposto pagamento de propina a vereadores natalenses. “O que ouvimos, há tantos dias, é o rugido dos que só acusam, sem o pudor de apresentar as provas do que dizem. Como se a Justiça não fosse o freio do Direito exacerbado e como se o legalismo não revelasse a face fingida e desfigurada da injustiça”, disse o presidente do Legislativo.

Dickson Nasser criticou, no pronunciamento, o Ministério Público: “Quando até hoje, do ponto de vista formal, o Ministério Público apontou uma só prova material e irrefutável das acusações que faz? O que se assiste é o horror: ao amanhecer de cada dia a notícia de mais uma devassa na busca das provas que não encontram”. O presidente da Câmara Municipal afirmou, em tom de lamento, que as investigações feitas usam a lei apenas como instrumento de acusação. “Não se quer a Justiça como freio do Direito, mas o Direito de uns julgando, antes da Justiça, a honra já esmagada dos outros”.

Dickson Nasser afirmou que a Operação Impacto é semelhante a um grande esquema para acabar com a imagem do Legislativo. “Nunca pensei que ainda fosse assistir com os meus próprios olhos a um espetáculo sórdido. São ações orquestradas para denegrir a imagem do Poder Legislativo Municipal”. O presidente da Câmara reclamou das ações de busca e apreensão nas residências e gabinetes dos vereadores. “O que estamos assistindo é um espetáculo deprimente de perda de todas as fronteiras e limites. E não se quer só encontrar culpados, se é que eles existem, mas desmoralizar o Poder Legislativo e, por conseqüência, a própria Democracia”, destacou.

O vereador Dickson Nasser, ainda analisando que há um esquema montado para desmoralizar a Câmara, disse que todo trabalho é de apenas um grupo de acusadores. “Um pequeno grupo de acusadores, levados por uma verdadeira convulsão emocional e desmedida, promove o absurdo de uma execração pública do Poder Legislativo e dos seus parlamentares, e até agora nada exibem como prova”. Ele sugeriu que o Ministério Público apure como são organizadas as manifestações contra a Câmara Municipal. “Hoje, se indagado formalmente, o Ministério Público não saberá dizer quem financiou todas aquelas faixas”, disse.

Vereador pede desculpas

No plenário da Câmara Municipal, o vereador Hermano Morais pediu desculpas à população pelo que classificou de “impropérios” pronunciados por ele em telefonas que foram gravados durante a Operação Impacto. “Desculpe pelos impropérios que pronunciei. Achando que estava no diálogo privado, falei alguns palavrões”, comentou.

O parlamentar ressaltou que não estava falando para se defender, mas para esclarecer. “Lamento tudo que vem ocorrendo nessa Casa, que nunca passou por um momento dessa natureza. Tenho minha consciência tranqüila que faço meu trabalho diariamente. Quem nessa cidade já não foi alertado para ter cuidado com o telefone?”, questionou Hermano Morais, numa referência ao fato de que foi ele quem alertou o vereador Renato Dantas para possíveis intercepções telefônicas.

Falando em nome do PMDB, o vereador disse que o partido quer apuração de tudo. “Respeito o Ministério Público, apóio a apuração e não tenho o que temer. Mas proponho que vamos rever a votação. Vamos discutir de novo com a sociedade”, completou.

Policiamento para evitar  manifestantes

O primeiro dia de trabalho na Câmara Municipal de Natal, após o recesso do meio do ano, o clima no Palácio Frei Miguelinho, sede do legislativo municipal o clima era de tensão. Logo na entrada o espectador já observada o novo cenário: segurança reforçada e muitas “recepcionistas” para fazer a seleção dos que tentavam ingressar no Legislativo da capital.

A sessão ordinária foi rápida, apenas com a leitura da ata anterior e de alguns projetos. Os vereadores natalenses não fizeram nenhuma votação. E quando a manifestação de populares chegou em frente ao Legislativo, a sessão já havia terminado.

A maioria dos vereadores preferiu deixar o local, mas alguns seguiram a orientação do presidente da Casa, vereador Dickson Nasser, para se reunir no gabinete  da presidência.

Questionado sobre o assunto da reunião convocada por ele, apenas informou: “Vamos discutir alguns assuntos, até essa história de querer uma nova votação”, disse ele, referindo-se a proposta defendida pelos vereadores Hermano Morais e Júlio Protásio de anular a sessão que votou os vetos ao projeto do Plano Diretor. A proposta foi apresentada por Hermano em plenário ao ler uma nota do diretório do PMDB com essa sugestão.

Entidades farão novos protestos

Os vereadores podem esperar por mais e maiores manifestações no decorrer dos trabalhos nesse segundo semestre. A mobilização de ontem à tarde em frente à Câmara Municipal foi só a primeira de muitas. O recado foi dado pelos líderes das entidades participantes – mais de 60. Nos discursos, cartazes e faixas, os manifestantes protestaram contra a corrupção no Brasil e pediram a cassação dos vereadores suspeitos de receber dinheiro para derrubar os vetos do prefeito Carlos Eduardo Alves a emendas do Plano Diretor de Natal.

Estudantes, servidores federais, professores e representantes de entidades de classe e de grupos que lutam pela defesa do meio ambiente caminharam pelas ruas da cidade até a Câmara Municipal de Natal. Com bandeiras, faixas, cartazes, apito e carro de som, eles tentaram chamar a atenção das pessoas para a corrupção na Câmara.

A irreverência esteve presente. Os manifestantes fizeram um “Judas” e colaram nele um papel com o nome do presidente da Câmara Municipal, vereador Dickson Nasser. O boneco foi espancado e depois queimado, em frente à Câmara. Os muito policiais escalados para reforçar a segurança apenas assistiram.

Pelo microfone, um manifestante relacionou, um por um, os nomes dos vereadores suspeitos de receber propina. “Essa é a lista dos aprovados no vestibular da corrupção”, ironizou. Vaias e muito barulho ao final de cada nome pronunciado.

Os manifestantes não esqueceram a recente matança dos peixes no rio Potengi. E os sindicatos aproveitaram para protestar contra a Reforma da Previdência e contra o aumento pífio oferecido por Lula aos previdenciários, que desfilaram com um cheque gigante “assinado” pelo presidente e o com o percentual de 0,1% (do reajuste).  

Representantes dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior do RN (Sintest) levaram o “Boi do Renan” (Calheiros), em protesto à corrupção no País. Para animar o ato público e chamar atenção, teve até bandinha. Mas o povo apenas aprovou a manifestação com a cabeça. Não foi atrás.

O poeta Grilo, figura pitoresca de Natal, foi um dos poucos que se juntaram aos manifestantes. “Meu silêncio é um protesto. O fato de eu ficar em silêncio não quer dizer que eu não repudie essa canalha”, disse ele, em meio à barulhenta multidão.

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