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Dietas bem duvidosas

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Tádzio França
Repórter
Dietas baseadas em restrições alimentares espartanas (e exóticas) são vistas como solução por muita gente que deseja perder peso rapidamente.  O resultado até pode vir depressa, mas não se sustenta. O seguidor da dieta não consegue manter a rotina a longo prazo e  acaba ganhando mais peso do que perdeu – além dos eventuais problemas de saúde que podem surgir daí. A difusão de dietas que despontam a todo instante pela internet fez da orientação profissional um recurso mais recomendável que nunca. Emagrecer bem, só com a orientação correta.
Depois de tentar várias dietas e sofrer com o efeito “rebote”, Samantha Morais buscou ajuda e incorporou estilo saudável à sua vida
Depois de tentar várias dietas e sofrer com o efeito “rebote”, Samantha Morais buscou ajuda e incorporou estilo saudável à sua vida
Antes pensar em restringir as calorias, é preciso saber como se fará isso da melhor forma. “O mais importante questionamento que faço a quem deseja emagrecer é qual a motivação do mesmo para iniciar uma mudança alimentar, o quanto ele está disposto a aderir a dieta e como a rotina dele afeta diretamente ou não isso. Esses questionamentos são importantes para direcionar como será o planejamento alimentar do paciente”, afirma a nutricionista funcional Lumila Freire. 
Dietas duvidosas
Uma dieta mal realizada pode trazer sérias consequências. Lumila cita alguns casos extremos, como a de uma lesão renal por excesso de proteína ou carboidratos simples, ou uma deficiência grave de vitamina B12 que acarretou em perda temporária do movimento das pernas da paciente, e até dietas que desencadearam transtornos alimentares. “Esta ultimo considero ainda mais grave pois por muitas vezes gera traumas a longo prazo e irreparáveis”, ressalta. 
O que não falta são dietas que prometem milagres, baseadas em relatos de pessoas aleatórias e celebridades. Nesse rol duvidoso despontam “soluções” alimentares como as dietas do ovo cozido, a da lua (ingestão exclusiva de líquidos durante os dias de transição da lua), papinha de bebê, clara de ovo, banana, da sopa, do passarinho (ingere apenas grãos), uma dieta baseada no tipo sanguíneo (cada tipo de sangue teria alimentos adequados ao consumo), e a absurda dieta do cubo de gelo, que sugere o gelo como um inibidor de apetite toda vez que a pessoa sentir fome. Há quem leve a sério. 
As dietas que Lumila considera menos recomendáveis são aquelas  extremamente restritivas em que  o indivíduo resume a alimentação  a sucos ou “shakes”, assim como dietas baseadas exclusivamente em alimentos industrializados e suplementação. “Atualmente já temos muitos protocolos de dietas validados cientificamente e bem distintos um do outro. É importante avaliar qual o protocolo ideal e adequado para cada um”, diz. A nutricionista ressalta que, às vezes, se faz necessário uma variação das dietas para identificar qual exerceu melhor resultado na pessoa. 
  
Dieta ideal 
A nutricionista afirma que uma dieta realmente eficiente deve ser o mais natural possível, sem excesso de alimentos industrializados e, principalmente, sem restrições severas que possam desencadear um desequilíbrio – seja ele nutricional ou emocional ao indivíduo. Uma boa dieta é mais sobre escolher o que comer do que comer pouco. 
“Você pode tranquilamente comer poucas calorias em um dia e nenhuma fonte delas ser saudável, ocasionando um resultado completamente diferente do objetivo. E às vezes um alimento pode ser bastante ‘calórico’ mas ser super saudável e adequado para atingir o objetivo. Um exemplo claro é o nosso abacate, que já foi muito condenado no passado”, comenta. 
Segundo Lumila, o que faz muita dieta não dar certo é a associação que muita gente faz do ato com algo negativo, gerando comportamentos sabotadores que ocasionam a desistência da mesma. “É importante ressaltar que resultados a longo prazo e duradouros são muito mais eficazes. E para tal, devemos adquirir uma rotina saudável, ou seja, um padrão que permita ao paciente ter uma vida social sem complexos alimentares e sem efeitos rebotes, pois o organismo estará adaptado ao hábitos saudáveis, ressalta. 
Reeducação dietética
A melhor forma de emagrecer é reeducar os hábitos alimentares. A fisioterapeuta Samantha Morais,  41 anos, levou esse ensinamento para todo seu cotidiano. Não sem antes passar por dietas que não entregaram bem o que prometeram. “Eu chorei muito quando vi que tinha chegado aos 90 quilos. Passei do sobrepeso comum para a obesidade. Queria muito emagrecer e apelei para algumas daqueles dietas super restritivas”, conta. 
Samantha chegou a pesar 90 kg
Samantha chegou a pesar 90 kg
Na tentativa de emagrecer rápido, Samantha tentou a dieta à base só de proteína, com zero carboidrato. Perdeu peso, mas depois sofreu o efeito “rebote”,  ou seja, como não conseguiu manter a dieta, o peso voltou a crescer, maior do que antes: perdeu 12 quilos e voltou a ganhar 15. Depois ela tentou uma dieta baseada apenas em líquidos (caldos), e aí os efeitos foram piores. “Passei mal, ficava tonta, sem disposição para nada, não conseguia caminhar, correr. Eu estava ficando desnutrida. Foi péssimo”, conta. 
Até que a fisioterapeuta resolveu pôr ordem de verdade no cardápio. Há cinco meses ela entrou num processo de reeducação, não apenas alimentar, mas também de hábitos. Utilizando serviços de nutricionista, endocrinologista, personal trainer e até psicóloga, ela tem conseguido perder peso  sem perder o equilíbrio. 
Em conjunto com a nutricionista, tem consumido os alimentos com menos carboidratos (macaxeira, batata doce, couve-flor, abobrinha, brócolis e berinjela) ao lado de outros que harmonizam bem como ricota, parmesão, pimenta e sal, aveia e chia. Frutas e alguns chás também fazem parte. Tudo isso sem abrir mão de carnes vermelhas e brancas, desde que em porções equilibradas. “É uma dieta deliciosa, que não me deixa com fome. Alimenta, sacia e nutre”, diz ela, ressaltando que está sempre pesquisando, experimentando e trocando receitas com nutricionistas. 
Hoje celebra a perda de peso
Hoje celebra a perda de peso
O cotidiano da fisioterapeuta também incorporou um estilo de vida mais saudável. Ela treina seis dias por semana, sendo três por conta própria, correndo na praia. A psicóloga participa para que Samantha aprenda a controlar a ansiedade por comida que a obesidade traz. “Eu troque essa ansiedade nociva pelas corridas. Quando bate aquela ansiedade vou correr, malhar. É maravilhoso acordar com essa disposição. Digo que não faço mais dieta: é uma reeducação de vida com acompanhamento profissional”, diz. 
Dieta nórdica
Em meio a tantas dietas “milagrosas” que saltam entre um vídeo  outro na internet, pelo menos uma recebeu o selo de aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS): a dieta nórdica. Oficializada em 2004, por iniciativa de chefs dessa região da Europa, consiste no consumo de vegetais de folhas verdes e raízes; frutas vermelhas e frutas em geral; cereais integrais (cevada, aveia ou o centeio); legumes; laticínios com baixo teor de gordura; peixes, incluindo os mais gordurosos como o salmão, a cavala ou o arenque, que podem ser consumidos várias vezes na semana. 
A maior diferença da dieta nórdica da mediterrânea, segundo a OMS, é que o óleo de canola predomina no lugar do azeite de oliva. Em termos gerais, trata-se de promover o consumo de cereais de forma integral, frutas e vegetais, já que são excluídas as gorduras saturadas. As populações de outras regiões podem adaptar a dieta às suas realidades, priorizando o consumo de cereais integrais, frutas e vegetais.
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