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Dietas e Alcalinizantes

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Dr. Jorge Boucinhas
Médico e Professor
Ultimamente tem-se discutido muito a qualidade da alimentação quanto à sua relação com o estado de saúde. Um dentre os assuntos abordados com a maior freqüência tem sido a estreita ligação entre consumo de gorduras animais e doenças coronarianas. Outro, a relação entre o consumo excessivo de calorias e a obesidade, com a qual segue que um corolário que engloba diabetes, risco cardiovascular aumentado, reumatismo gotoso. Não é menos lembrada a associação entre abuso de sal de cozinha e hipertensão arterial. Não obstante, embora não tão notoriamente, tem sido cada vez mais discutida, na atualidade, a importância de uma alimentação alcalinizante para fortalecer o organismo e, principalmente, prevenir doenças.  

Cabe, primeiramente, defini-la.  Sabe-se que alcalinizante é termo que pode ser dado como sinônimo de basificante, ou seja, produtora de bases, o inverso de ácidos.  Em termos científicos dir-se-ia: seriam, respectivamente, de mais alto ou mais baixo pH (potencial de hidrogênio).  O sangue possui um pH normal que varia em torno de 7,2 a 7,4, em uma escala de 0 a 14. Se o número é menor que 7, isto significa que ele está ácido.   E, quando ultrapassa este valor médio, fica mais alcalino. Já pode o leitor antever que a alimentação pode ter propriedades de provocar a acidificação dos líquidos circulantes, o que é um fato bem comprovado. E, fato agregado, é que isto se refere, mesmo, não a ser o alimento de maior ou menor pH, mas a que os resíduos que deixa no organismo são de um ou do outro tipo.  

O que nem todos lembram é que uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes não somente é importante pelo seu elevado valor nutritivo, como também serve como uma excelente aliada no “combate” aos males causados pela ingestão em excesso de alimentos industrializados e refinados.  O efeito que provoca esta “alcalinização”: os vegetais são capazes de ajudar no equilíbrio do pH do sangue, que, quando da ingestão de determinados tipos de alimentos (especialmente os muito processados e os abundantes em proteínas de proveniência animal), tende a ficar mais ácido, hoje sendo bem aceito ser fato que pode gerar uma série de doenças ao organismo e colaborar com a cronificação de outras tantas.  

Os alimentos ditos elevadores do pH do sangue têm exatamente a propriedade de manter a harmonia metabólica do sangue.  Isto porque a grande maioria dos vegetais contém sais minerais, que, além de sustentarem a estrutura e a massa magra (sangue, ossos, músculos, tendões), alcalinizam ou acidificam conforme for necessário.

Para se ter uma noção do valor deste processo de estabilização do pH sanguíneo basta saber que a acidez excessiva do sangue pode causar relaxamento do músculo cardíaco, lentificação da digestão, enfraquecimento das articulações, propensão a inflamações.  Ademais, como o estado de acidez requer uso aumentado da reserva orgânica de sais minerais para que haja o equilíbrio do sangue, os tecidos ósseos podem ficar menos fortes.  As dietas alcalinizantes podem ser indicadas também para ajudar a combater outras doenças que costumam acompanhar a maior acidez, quais as infecções por fungos e o câncer.  E, vale ressaltar que o ideal é ingerir os vegetais em seu estado cru, pois, quando cozidos, podem perder algumas de suas virtudes principais.

Os alimentos que são considerados como deixando resíduos básicos no organismo podem ser classificados, grosso modo, em três grupos:

1- Muito alcalinizantes: alho, aspargo, azeite de oliva, brócolis, cebola, capim de cevada, espinafre cru, limão, mamão, manga, melancia, toranja.

2- Moderadamente alcalinizantes: abobrinha, alface, amora, batata doce, beterraba, chá verde, feijão verde, figo, jerimum, kiwi, maçã, melão, óleo de linhaça, pera, quiabo, salsão, tâmara, uva passa.

3- Levemente alcalinizantes:   abacate, abacaxi, avelã, azeitona, banana, castanha do Pará, castanha portuguesa, cenoura, cereja, coco, cogumelo, couve-flor, ervilhas, laranja, lentilha, leite de cabra, leite de soja, mel de abelhas, milho verde, nabo, óleo de canola, pêssego, queijo de cabra, queijo de soja, quinoa, repolho, ricota, tomate, Teoricamente, quanto mais alcalinizante o alimento, mais indicado para o uso quotidiano.  Uma boa indicação dietética para quaisquer portadores de problemas crônicos seria, em termos genéricos, o puro e simples aumento do consumo desses produtos, deixando a redução dos acidificantes como “efeito substituição” (forma jocosa de dizer que usar muito de uns fará não sobrar espaço para os outros). E, agora, mãos à obra: os organismos agradecerão maior consumo de frutas e hortaliças!

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