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Dilma cassada

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Era um e meia da tarde quando o placar do Senado, após um rápido silêncio no plenário, mostrou o placar da votação: 61 votos a favor; 20 contra. Dilma Rousseff estava cassada como presidente da República e se encerrava mais um capítulo tumultuado da história deste país. Ela perdeu o mandato, mas não perdeu os direitos políticos, como ficou exposto numa segunda votação. Na próxima eleição poderá se candidatar outra vez e até lá, dependendo dela e do seu partido, ocupar qualquer cargo ou função pública. O PT, aliás, já anunciou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal da decisão de ontem, num processo que foi conduzido pelo próprio presidente daquela corte. O Brasil é mesmo complicado.

Três horas após a votação do Senado, Michel Temer assumia em definitivo o cargo de presidente da República, mandato que cumprirá até o final do ano de 2018, uma passagem de anos e oito meses pelo Palácio do Planalto e de um dois e anos e quatro meses pelo Palácio da Alvorada, ainda ocupada por Dilma e que tem o direito de ali permanecer por mais 30 dias. A posse de Temer foi no plenário do Senado, as duas casas do Congresso reunidas num espaço apertado para tanta gente.  Após os cumprimentos de praxe, voltou ao Planalto e de lá rápido seguiu para o aeroporto onde embarcaria no rumo da China. Vai participar da reunião do Grupo G-20, na qual estarão presentes alguns dos principais mandatários do mundo.

De Brasília para China são 27 horas dentro de um avião. Temer deve chegar na véspera, 3, e estará de volta no dia 6, ainda com o tempo suficiente para participar do desfile militar do 7 de setembro, em Brasília, quando desfilará pela primeira vez com a faixa presidencial. Mas antes de embarcar para a China, Michel Temer passará o cargo de presidente da República para o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia. No mesmo dia o Brasil teve três presidentes da República, um recorde olímpico.

A CBN fala agora no radinho de pilha de que logo após a votação do Senado cassando o mandato de Dilma Rousseff foram registrados panelaços e bunizaços em várias capitais. Aqui no Barro Vermelho não se ouviu ainda nada, a não ser o canto dos bem-te-vis que se aninham por estas bandas no findar das tardes. Estavam alegres e saltitantes.

Conferi no placar da cassação que dos 20 votos contra o impeachment (favoráveis a Dilma, portanto), oito foram de senadores nordestinos: Armando Monteiro Humberto Costa, do PT de Pernambuco; Elmar Ferrer, do PT do Piauí; José Pimentel, do PT do Ceará; Lídice Malta, do PSB da Bahia; Otto Alencar, do PSD da Bahia; Roberto Munis, do PP da Bahia e Fátima Bezerra, do PT do Rio Grande do Norte.

Hoje tem o jogo do Brasil contra o Equador, que acaba de tirar o seu embaixador de Brasília, solidário com Dilma. O presidente equatoriano é do time de Lula. O Brasil torce pela seleção de Tite.

Depois da queda
Quando começava a última sessão do impeachment, naquele lenga-lenga das intervenções dos senadores dos dois lados, a tevê ligada no canal do Senado, cai na minha bacia das almas o artigo de Dora Kramer, publicado no Estadão de ontem com o título de “Depois da queda”, escrito no rastro da sessão diuturna da véspera que avançou pela madrugada de agosto. O artigo faz uma análise do discurso de defesa de Dilma, desses textos que se guarda para compor, mais na frente, um novo capítulo da história do país. Transcrevo alguns trechos, começando pelo começo:

– Da ainda presidente Dilma Rousseff, diga-se tudo, menos que seja dissimulada. Conta uma mentira como ninguém, mas não tem duas caras. Antipática no cotidiano, assim se apresentou no Senado na última oportunidade para defender o seu mandato. Sem maquiagem na personalidade, falou aos julgadores como quem não tem o resultado por saber de antemão o desfecho do julgamento.

– Não estava aí para conquistar votos, estamos cansados de saber. A ideia era marcar posição e receber elogios pela “coragem”. Não foi munida da esperança de alterar o desfecho previamente anunciado. Desenlace antecipado por ela quando providenciou mudança de seus pertences para Porto Alegre e na segunda-feira confirmada pela ousadia de denunciar repetidas e inúmeras vezes a existência de golpe de Estado na presença do presidente do Supremo Tribunal Federal, no ambiente do Parlamento, no exercício do direito de defesa e à vista de todos os que acompanharam pela televisão.

– Houvesse alguma expectativa de mudar o curso dessa história, Dilma não teria chamado os julgadores de golpistas nem conferido a Ricardo Lewandowski o posto de comandante do golpe, muito menos falado no tom que foi se tornando cada vez mais arrogante à medida que a sessão avançava.

– Em relação ao conteúdo da parte não escrita deu-se o desacerto de sempre entre palavras e ideias. Notadamente no trecho em que, questionada pelo senador Aloysio Nunes, Dilma anunciou que recorrerá ao Supremo caso seja condenada porque, segundo ela, são então estará consumado o golpe. Deu para entender? Então até agora não houve processo golpista algum. Bem como nunca existiram os vários recursos ao STF apresentados pela defesa quando o processo transcorria na Câmara, recusados na quase totalidade pelo tribunal, até mesmo um pedindo a suspensão da decisão dos deputados.

Chuviscos Apesar das previsões otimistas do pessoal da Globo de que haveria chuva no Litoral do Rio Grande do Norte, o mês de agosto findou ontem com chuvisco esparsos. Não deram para correr nem pelas biqueiras. O boletim da Emparn registrou assim: Ceará Mirim, 2,2 milímetros, Natal, 1,2, Goianinha  e São Gonçalo do Amarante, 1.
Bom, hoje já é setembro no caminho apressado do verão costeiro. Chuva no sertão, anunciando inverno, somente quando acontecer as barras de dezembro, começando pelas lonjuras do Piauí. Isso se não acontecer outra vez o malvado do El Niño.

Debulha A Semana Acadêmica de Design da UFRN, conhecida como “Debulha”, começa no dia 12e se esticará até o dia 17 montada nos espaços do Departamento de Artes do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. O tema é “Através do caos”. E com isso discutir a “crise político-econômica brasileira”.

Livro O livro de Janduhy Medeiros, “A Pedra da Cruz”, um romance, será lançado dia 6, coisa das 18 horas, no Cine Teatro Municipal de Parnamirim.

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