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Dilma Rousseff culpa adversários

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Porto Alegre(AE) – A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, acredita que as acusações contra ela por conta de pressões que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) teria recebido para não criar obstáculos à venda da Varig para a VarigLog e pelo dossiê que levantou gastos do governo Fernando Henrique Cardoso partem exclusivamente de adversários e não de integrantes atuais e antigos  do governo Luiz Inácio Lula da Silva. “Está cada vez mais evidente que o fogo é inimigo”, afirmou Dilma, em entrevista à Rádio Gaúcha, ontem, refutando a idéia de manobras de aliados que poderiam estar interessados em enfraquecer a sua eventual candidatura à sucessão de Lula.

O ex-funcionário da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires, que teria repassado dados dos gastos do governo Fernando Henrique Cardoso a um assessor do deputado  federal Álvaro Dias (PSDB), e a ex-diretora da Anac, Denise Abreu, que acusou a ministra de pressionar a agência para não dificultar o negócio da Varig com o fundo Matlin Patterson, eram ligadas ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. “Não é nenhum fogo amigo que tem levado a isso, até porque os documentos relativos ao banco de dados (de onde saiu o dossiê) não chegaram às mãos da imprensa através do funcionário que entregou os dados”, ressaltou Dilma.

“Eles devem ter chegado através de algum outro mecanismo. Brasília inteira sabe através de quem, e não foi de fogo amigo.” Segundo a ministra, o raciocínio é o mesmo para as novas acusações. “Na caso da Anac, eu acredito que também tenha esse componente.” Dilma assegurou ainda que não tem a menor idéia do que teria levado Denise Abreu a acusá-la de pressionar a Anac. “São declarações falsas e é público e notório que esse processo da Varig ocorreu no âmbito da Justiça, conduzido pelo juiz (Luiz Roberto) Ayoub”, disse ela. 

Para a ministra, “é muito estranho que alguém tome uma decisão e alegue que  tenha sido obrigada a isso pelo governo”. “Há que provar”, desafiou. Ao falar da sucessão presidencial, Dilma insistiu que não interessa ao governo  federal trazer o tema à baila com apenas um ano e meio de segundo mandato, quando  começa a colher os frutos do amadurecimento dos programas que criou.

Ela admitiu, no entanto, que não há como não supor que, na escolha do sucessor do presidente Lula, o PT não será um dos principais protagonistas. “O candidato terá de passar necessariamente pelo PT”, afirmou, com a ressalva de que “isso não está na pauta hoje”. 

 Defesa

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem duvidar que a ministra tenha acolhido, indicado ou orientado qualquer ato ilegal em relação à compra da Varig. Ele disse conhecer Dilma há mais de 30 anos e afirmou que “é uma pessoa obsessiva em relação à legalidade em tudo que faz”. Para Tarso, é “necessário sempre ter uma crise” no imaginário político do País, mas ressalvou que isso não quer dizer que a oposição não tenha o direito de investigar. “Concordo com as análises que estão na imprensa de que a ministra, pela competência que tem e por ser a gerente do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), vira alvo político. “Mas isso que está acontecendo em relação à Varig, essa acusação contra ela, se choca contra toda uma trajetória de vida.”

Brigadeiro aponta ilegalidade na venda para estrangeiros

São Paulo(AE) – Em entrevista ontem à Rádio CBN, o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, confirmou ter recebido um telefonema da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, depois de ter dado declarações à imprensa afirmando que o negócio de compra da Varig pela VarigLog (que tinha como sócio o fundo americano Matlin Patterson) poderia ser “impatriótico”.  “Um jornalista me procurou e falou da possibilidade de a Varig cair na mão de controle estrangeiro e falei que isso era impatriótico. Na verdade, usei a palavra de forma errada. O certo seria ilegal”, disse Pereira.

O telefonema da ministra Dilma ao ex-presidente da Infraero foi revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” na edição de hoje. Na entrevista à CBN, o brigadeiro conta que, no telefonema, a ministra “ponderou que eu não deveria fazer esse tipo de comentário”. “Eu concordei com a ministra, o problema era da Anac, a Infraero não tinha que se meter”, disse. Pereira disse que a conversa foi normal e negou que a ministra tenha sido dura. 

“A ministra Dilma tem seu modo de falar, mas de forma nenhuma (foi dura).” O brigadeiro conta ainda que, na época, não percebeu nenhuma anormalidade com os compradores da Varig. “Mas agora, pelas declarações da Denise (Abreu, ex-diretora da Anac), parece que realmente aconteceu alguma coisa errada, que o controle pode ter caído nas mãos do fundo americano.” 

Denise não é santa, diz sindicalista 

Rio de Janeiro (AE) – Sindicalistas do setor estranharam a denúncia da ex-diretora  da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, de que teria sofrido  pressão da Casa Civil para facilitar a venda da Varig ao fundo Matlin Patterson. Selma Balbino, dos Aeroviários, e Graziella Baggio, dos Aeronautas, disseram  que Denise tinha poder para reagir caso verificasse qualquer irregularidade.

E ressaltam que o ônus desse episódio vai ficar para os trabalhadores, usuários e o próprio setor, por causa do ambiente de insegurança que está sendo criado. “Ela (Denise) não é santa nessa história. Ela sabia que estava errado, que estava  infringindo o código (Código Brasileiro de Aeronáutica). Se estava tendo pressão  política, deveria ter renunciado”, afirma Selma. “A Denise tinha autoridade,  poderia ter tomado as providências”, acrescenta Graziella.

Elas disseram não ter presenciado episódios de pressão da Casa Civil durante  o processo de recuperação judicial da Varig. Para Selma, além da Anac, a responsabilidade  pela apuração de irregularidades é também do Ministério da Defesa. “É lamentável  que tudo isso esteja acontecendo no setor, pois prejudica trabalhadores e usuários.  Como conseqüência, o setor aéreo vem perdendo credibilidade”, diz Graziella.  Ela também estranhou a contestação da legalidade da venda, já que credores estatais  da Varig aprovaram o negócio.

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