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Dinamite roubada abastece bandos

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Hudson Helder
Chefe de Reportagem

O crescimento das ações de quadrilhas especializadas em arrombamento de caixas eletrônicos, na capital e interior do Estado, está diretamente relacionado ao roubo de uma carga de dinamite de uma pedreira localizada em município da Grande Natal no segundo semestre deste ano, segundo os delegados da Deicor, e seria um dos fatores que tem contribuído para maior frequência das investidas contra a rede de autoatendimento dos bancos.
Explosão de terminais bancários no RN está pulverizada e envolve bandidos de outros estados
A Deicor mantém sob sigilo a quantidade de explosivos e a localidade da pedreira de onde foram roubados os artefatos, mas admite que a carga oferece às quadrilhas matéria-prima essencial às investidas com uma frequência maior. As quadrilhas usam parte do dinheiro obtido com os roubos de caixas eletrônicos para financiar o tráfico de drogas e a aquisição de armamento cada vez mais potente, que há alguns meses têm sido ostentado a cada nova investida. Especialmente armas como fuzis calibres .762 e .556, de alto poder de fogo.

Até o fechamento desta edição, a polícia contabilizava 62 ocorrências entre tentativas e roubo consumado, este ano; em 2015 foram 87 casos. Para os delegados da Deicor, todos os casos estão sob investigação e com informações agora compartilhadas entre diferentes unidades especializadas da Polícia Civil, Militar e forças federais. O compartilhamento de dados, bem como eventuais ações, passaram a ser planejadas com as polícias Federal e Rodoviária Federal, Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope)  e delegacias especializadas em Narcóticos, além da Deprov (veículos e cargas).

Essa modalidade de crime, segundo a Deicor, está pulverizada e há algum tempo a autoria não recai sobre um bando específico. Os integrantes dessas quadrilhas estão comumente ligados a outras modalidades de crime organizado — tráfico, além do furto e roubo de veículos. Mas secundo a Deicor, não se pode afirmar que por trás do roubo dos caixas eletrônicos estejam, necessariamente, facções criminosas. A ação envolve bandidos do Rio Grande do Norte e estados vizinhos, principalmente.

Para a Deicor, não se pode medir o nível de resposta das polícias pela ausência das prisões nos noticiários. Há prisões, que nem sempre representam o desmantelamento do bando, mas que oferecem novos rumos a outras investigações, afirmam os delegados Odilon Teodósio, Emerson Valente e Marcusi Cabral.

Parte desses crimes vêm sendo praticados, segundo os delegados, por bandidos foragidos do sistema penitenciário. “Gente que foi presa, após minuciosas e demoradas investigações, mas que voltaram às ruas. São profissionais, gente que entende de planejamento, sabe manusear armamento pesado, e tem uma rede de informações para escolha dos alvos”, disse um dos delegados.

Parte das ações que acabam sendo frustradas, afirmam os investigadores, pode estar relacionada à eventual atuação de amadores. “Mas, no geral, são profissionais dispostos a tudo”, afirma um delegado da especializada em investigação ao crime organizado.

O maior poder de fogo tem feito as quadrilhas desafiarem as autoridades, principalmente no interior do Rio Grande do Norte, admite a Deicor. Atirar contra bases das polícias, ou em guarnições, é uma demostração de que atuam preparados ao embate com as forças policiais. “É fundamental que a população, e mesmo os policiais lotados em destacamentos e pelotões, estejam mais atentos e usem os canais de denúncia. As ações têm mostrado que pessoas estão tornando-se vítimas, reféns. Ou seja, não estamos falando do roubo, isoladamente, mas do risco à vida”, alerta um dos delegados.

O compartilhamento de informações entre as diferentes delegacias especializadas e Polícia Federal deve dar mais celeridade às investigações e resposta à sociedade, asseguram os agentes que diariamente atuam no levantamento de informações. À população, os delegados pedem que acionem as polícias sempre que notarem a presença de veículos — seja carro ou moto — com placas de fora, ou que circule em atitude suspeita pela cidade. Também orientam que, especialmente à noite, os policiais da área mudem a rotina porque as quadrilhas conta com uma rede cada vez maior de informações. “Não pode ser previsível, e mesmo o policial pode tornar-se alvo porque esses bandos agem com informações”, diz o delegado que coordena a Deicor.

Os casos registrados na capital, em locais supostamente mais policiados e vigiados, são a prova de que as quadrilhas estão cada vez mais organizadas e detentoras de informações. Para a Polícia Civil, a população pode e deve contribuir informando situações suspeitas. “A informação pode evitar novas ações, e impedir que inocentes sejam vítimas. Eles não cometeriam crimes nesses locais se não tivessem informação e poder de fogo para confronto. Não se trata apenas de preservar o patrimônio, mas prioritariamente a vida”, ressalta um dos delegados.

Serviço: Disk Denúncia: 181 e 190

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