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“Dinheiro tem. O que faltam são os projetos”

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Felipe Gurgel – repórter

O novo secretário municipal de Esportes de Natal, Eduardo Machado, está trabalhando para tentar ajudar o esporte amador na cidade. Dentre seus projetos, parcerias com a Marinha do Brasil e a iniciativa privada para a recuperação das praças esportivas da cidade. Mas, de acordo com o secretário, a situação não é nada fácil, já que a verba destinada à sua pasta foi diminuída em quase R$ 2 milhões, pela gestão passada. Nesta entrevista concedida à TRIBUNA DO NORTE, Eduardo Machado fala sobre a recuperação do Palácio dos Esportes e também da reforma no Nélio Dias, que, segundo ele, vai ser transformado em um centro de treinamento para as Olimpíadas de 2016, sobre o projeto de retomar as escolinhas de esporte na cidade e que também quer ouvir as federações para criar novos projetos para o futuro.
Segundo o secretário, o Palácio dos Esportes está ali para receber competições de nível médio
É Secopa ou Secretaria Municipal de Esporte e Lazer?
Oficialmente ainda é Secopa. Na gestão passada, tudo relacionado à Copa do Mundo era feita por esta Secretaria. O atual prefeito (Carlos Eduardo), de uma maneira inteligente, tirou algumas atribuições, como as obras de mobilidade urbana, daqui e colocou na secretaria de Planejamento e na de Obras. Não tinha fundamento da mobilidade ficar na Secopa. Na última gestão, as pessoas ficaram muito focadas apenas na Copa do Mundo e deixaram de lado o essencial para o nosso esporte, que é a recuperação das praças, investimento no esporte amador, escolinhas. Além de proporcionar áreas de lazer para a sociedade, a secretaria de esporte tem que ter um cunho social muito grande.

Já existe projetos por parte da Secretaria ou o prefeito de Natal solicitou algo específico para o esporte da cidade?
Chegamos a conversar e o prefeito pediu que elaborássemos um plano de ação para os próximos anos, que já foi finalizado. A dificuldade que estamos encontrando é que, todo dia aparecem coisas novas que tentamos adequar ou adaptar a esse plano de ação. De antemão, posso dizer que a nossa prioridade é a retomada das nossas escolinhas. Já tive uma reunião, que consegui juntar 20 professores de educação física da própria secretaria para começarmos a tirar do papel o projeto da retomada dessas escolinhas.
A meta da secretaria é deixar o ginásio pronto para ser centro de treinamento para as Olimpíadas de 2016”
Como seria esse projeto?
A princípio vamos utilizar a estrutura que a prefeitura tem. As praças de esportes que existem nos bairros e que são da prefeitura. Foi feito um levantamento das nossas praças de esportes e a situação é um pouco complicada na questão da estrutura. O quadro de professores de educação física da Secretaria é muito valoroso. Existe até, presidentes de federações que são funcionários daqui e nunca conseguiram realizar nenhum projeto. O presidente da federação de remo, Fernandes, se propôs em tocar o projeto de remo. São coisas que dispomos e não sabíamos. Os professores mesmo disseram que não trabalhavam porque não tinha projeto. Educador físico está para esta secretaria igual a um engenheiro para a de Obras.

E como fazer esse projeto funcionar?
Temos que sonhar alto, mas, temos que trabalhar com os pés do chão, com o que temos dentro de casa.

O prefeito Carlos Eduardo disse algo sobre orçamento para o esporte?
O orçamento já está fechado e vamos ter uma diminuição de receita perto dos R$ 2 milhões. Não temos muito como mexer nisso, porque foi feito pela gestão anterior. Se eles tinham prioridades diferentes, não vamos entrar no mérito.

Quanto é o orçamento anual da Secretaria?
Algo em torno de R$ 7 milhões.

O que se pode fazer com esse valor?
É complicado, já que a folha da secretaria, anual, bate nos R$ 5,4 milhões. Ainda vou conversar com o prefeito para ver a possibilidade de, nessa margem de remanejamento de 5%, que foi aprovada, tentar alguma coisa para o esporte. Na gestão passada, essa margem era de 20%. Mas, não posso ficar apertando o prefeito com isso, já que a cidade tem outras prioridades, como a saúde pública, educação, os buracos de Natal.

O esporte não é prioridade?
Com certeza o esporte é prioridade sim. A situação que encontramos, temos que começar tudo do zero. É diferente quando você entra com as coisas acontecendo. A Prefeitura, de um modo geral, está em uma situação muito complicada.

Então, a Prefeitura tem projetos mais emergenciais?
Exatamente. Não é nem questão de prioridade e sim situações emergenciais. A Educação precisa da merenda. Precisamos dos serviços básicos. A coleta de lixo é uma questão de saúde pública. Isso é uma situação  emergencial e precisa ser tratada assim.

A parceria é uma das saídas para tocar esses projetos?
Quando o dinheiro é curto, não  adianta ficar se lamentando e dando desculpas que as coisas não foram feitas por causa da falta de dinheiro. Se fôssemos lavar o Ginásio Nélio Dias, quanto iríamos gastar com essa operação? Vamos fazer isso de graça, através de parcerias, sem tirar um real dos cofres públicos. Fizemos uma parceria com a Marinha do Brasil, que utiliza o espaço do ginásio para aplicar provas, fazer campeonatos. Conseguimos estreitar, ainda mais, essa parceria que já existia. Então, no próximo dia 18 de fevereiro, vamos lavar, completamente, o ginásio, com a ajuda de 40 homens da Marinha. A parte de fora, a Urbana já está fazendo a limpeza da área externa da praça esportiva.
Entrevista / eduardo Machado / secretário municipal de Esportes de Natal
A Marinha vai fazer apenas essa limpeza ou vai ficar responsável pela manutenção?
Isso vai ser por conta da secretaria. Não podemos contar com o pessoal de serviços gerais, já que são pessoas com uma idade avançada, que estão próximas de se aposentar e não podemos fazer uma maldade dessas para colocar esses funcionários para lavar o ginásio. Mas, para fazer apenas a manutenção, eles são capazes. Contratávamos uma empresa terceirizada, com uma equipe reduzida e com um valor que caiba no orçamento, para ajudar os funcionários da secretaria nessa manutenção.

Existem outras parcerias?
Claro. Mas, não gostaria de divulgar ainda, porque não tivemos nenhuma conversa formal com os interessados. Mas, temos em mente para recuperar algumas praças de esportes de Natal. Tivemos um primeiro contato, mas essa conversa não foi nem aprofundada ainda. Seria com a iniciativa privada e estou esperando que as coisas saiam como estou prevendo.

Falando em recuperação, como anda o projeto de reforma do Palácio dos Esportes?
Existe um verba, que estava disponível desde maio de 2012, para ser utilizada na reforma e modernização do Palácio dos Esportes. O contrato está pronto, para ser assinado, com o mesmo projeto, que vai dar a praça esportiva, a dimensão e importância que ele sempre teve. Não adianta querer fazer outro ginásio para 10 mil pessoas, se temos o Nélio Dias. O Palácio dos Esportes está ali para receber competições de nível médio. Natal vai voltar a ter essas duas opções, como sempre teve. O recurso está assegurado e o contrato está pronto. Faltam apenas alguns detalhes, que devemos resolver até a próxima semana. Vai ser uma forma de homenagear o Palácio dos Esportes, que nesse ano, completa 50 anos de fundação.

O que vai acontecer com o Nélio Dias?
Hoje, o Nélio Dias é a maior praça esportiva de Natal. Até a Arena das Dunas ficar pronta, só tem ele. E, em relação a ginásios, ele vai continuar sendo o maior de Natal. Encontramos o local em uma situação preocupante. O prefeito Carlos Eduardo já autorizou um reparo nas instalações do Nélio Dias. Essa obra deve custar R$ 200 mil. Ele tem muito carinho pelo local, já que foi na sua gestão que a praça esportiva foi concebida, construída e inaugurada. Nosso pensamento é deixar o ginásio pronto para ser centro de treinamento para os Jogos Olímpicos de 2016, que vão ser disputados no Rio de Janeiro. Temos estrutura para isso. Nosso piso é olímpico. Temos totais condições de receber as delegações que tenham interesse de ficar em Natal, que vai ser muito procurada, já que o clima aqui é muito parecido com a capital fluminense.

Já tem um calendário de eventos para o esporte amador?
Estamos elaborando, mas, ainda não temos nada decidido nem fechado. Vamos tentar promover a Corrida Natalina, uma prova de revezamento no Parque da Cidade. Pensamos em fazer uma regata em Natal, saindo da ponte de Igapó, até a Ponte Newton Navarro. Mas, são coisas que ainda precisam amadurecer. Estamos ouvindo as federações, para saber delas, o que pode ser feito em relação a disputas.

O grande problema do esporte amador é a falta de incentivo, seja do poder público ou privado. A Secretaria tem como ajudar?
Não tenho nem como responder isso agora. Tudo depende do orçamento. Às vezes, o dinheiro está no papel, mas, não está na conta. Vamos trabalhar dentro das nossas condições, buscando parcerias. Temos que expôr o fato, e mostrar que estamos passando por dificuldades. Mas, não podemos fazer da secretaria o muro das lamentações. Vamos trabalhar com o que temos. E o que estiver faltando, vamos buscar. Estou criando um núcleo de elaboração de projetos e capitação de recursos. Três pessoas vão ficar responsáveis, exclusivamente, dedicadas a isso. Monitorando o site do Ministério dos Esportes e do Turismo, para descobrir ações e projetos que possamos trazer para Natal. Muitas vezes, tem o dinheiro, mas não tem o projeto.

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