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Diógenes da Cunha Lima lança a biografia “José”

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LITERATURA - Diógenes da Cunha enumerou na obra “José” tópicos como anedotário do cotidiano

O ministro José Augusto Delgado se afastou das leis antes que a lei o afastasse de suas funções no Supremo  Tribunal de Justiça (STJ). O potiguar – de São José de Campestre – ganhou notoriedade nacional ao exercer o importante cargo em Brasília, de 1995 a 2008. “Um homem em plena atividade teve que se retirar de suas funções devido à imposição da idade. Sabendo que era imprescindível, ele se retirou antes”, declara indignado o escritor Diógenes da Cunha Lima, lançando a sétima biografia de sua carreira.

“José – uma biografia de José Augusto Delgado” revela a história de um homem simples, “um doce de pessoa”, que nasceu no interior do Rio Grande do Norte, num lugar que ainda não era emancipado quando ele surgiu e virou José Augusto, devido a uma promessa feita por sua mãe. O livro será lançado hoje à noite, às 18h, no Tribunal de Justiça do RN, e deve reunir personalidades da área jurídica oriundas de vários lugares do País. 

“No lançamento em Brasília, recebemos delegações de São Paulo, Rio, Paraíba, Bahia, e de muitos outros lugares, aqui vai ser do mesmo jeito, porque ele é uma pessoa muito querida”, justifica o autor. Amigos de longa data, especialmente desde os tempos do curso de direito, os dois conversaram nos alpendres de uma casa de praia em Pirangi e, em meio a tapiocas quentinhas e cafés que recendiam por toda a casa, gravaram mais de 30 horas de memórias.

“O lançamento será no TJ porque Delgado é o segundo jurista a receber o título de desembargador honorável por aquela casa, conferido apenas a Seabra Fagundes, que também é uma personalidade que merece uma biografia”, aponta Diógenes. O autor destaca que gosta de realçar o lado positivo dos seus biografados. “Porque as coisas positivas é que servem para edificar as pessoas”.

Na sua opinião, os leitores também gostam de conhecer os deslizes das personalidades e alguns autores destacam de forma sutil (ou não) algumas dessas particularidades. “Outros preferem dividir as opiniões. O meu jeito é diferente, gosto de escrever o que conheço de bom das pessoas, até porque são pessoas com as quais convivi e pude conhecer toda a generosidade”.

Quando ele contou para o amigo José Delgado que gostaria de escrever sobre sua história, a primeira reação foi: “por que?”. E a resposta foi muito direta. “Eu disse que é muito importante ele deixar sua marca, suas impressões digitais. E é o que tento fazer nesse livro, a história de um José simples, que não é um simples José”.

A relação que une os dois juristas é mais produtiva do que simplesmente uma amizade de longa data. Eles iniciaram juntos a vida profissional, montaram o primeiro escritório de advocacia, que fez muito sucesso. “No meu escritório atual, criei o Jade (iniciais de José Augusto Delgado), um instituto de pesquisa muito bem utilizado por estagiários”.

A biografia do juiz José Augusto foi organizada de uma forma  diferente. Além das detalhes sobre nascimento, infância e dados sobre sua carreira, o autor enumerou tópicos como anedotário do cotidiano e anedotário forense.  “Creio que é uma forma de tornar a leitura mais atraente, mais descontraída em certos aspectos”.

As frases do ministro – “verdadeiros aforismos”, descreve Diógenes,  merecem um capítulo especial, chamado de “Flor de palavras”. E no capítulo “Tessitura das palavras”, o autor realça nuances da vida profissional do do ministro, as inovações por ele propostas. Sobre a imagem do judiciário, Delgado ponderou: “desburocratizar o processo, especialmente a sua fase recursal”.

Serviço
Lançamento do livro “José – uma biografia de José Augusto Delgado”, de Diógenes da Cunha Lima – Hoje,  às 18h, no Tribunal de Justiça do RN. Praça Sete de Setembro, s/n. Cidade Alta. Natal-RN.

O Poeta e o baobá

Penalizado com o destino que porventura o gigantesco baobá da rua São José viesse a ter, depois que fosse repassado a outro dono, o escritor e advogado Diógenes da Cunha Lima negociou a propriedade que estava sendo colocada à venda. Na época, ele anunciou que faria no local alguma coisa relacionada ao livro “O pequeno príncipe”, do autor francês Antoine Saint-Exupéry. A árvore passou a ser chamada de “o baobá do poeta” e ficou apenas nessa circunstância. “A idéia é fazer um museu virtual, mas o projeto estava esbarrando na Gallimard, editora que detém os direitos de publicação da obra. Mas agora acredito que está mais perto do que nunca, porque a última conversa com os representantes da editora foi muito positiva”.

Na sua concepção, o espaço junto ao baobá deverá servir para aproximar a literatura  e o  público infanto-juvenil, “e também será um culto de valorização ao meio ambiente, uma declaração de amor à natureza, de incentivo ao plantio de árvores, e um espaço para valorizar os laços humanos”.

Bate-papo / Diógenes da Cunha Lima

VIVER – O senhor está na sétima biografia de sua carreira, escreveu sobre Câmara Cascudo, Dinarte Mariz, Djalma Marinho, Dom Nivaldo Monte, sobre seu pai e sobre Onofre Lopes, que ainda não foi publicado. Quais as personalidades norte-rio-grandenses que a seu ver merecem ser biografadas?
Veríssimo de Melo, grande folclorista do Brasil; Dorian Gray Caldas, uma biografia imprescindível; Luís Carlos Guimarães, poeta de rera sensibilidade; Pe. João Maria, sobre o qual tenho muito material mas não sei um dia vou escrever; e Seabra Fagundes, jurista de valor indiscutível.

O senhor exerce o 12º mandato como presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Quais os projetos da ANL em prol da literatura potiguar? 
A Academia trabalha com a colaboração do tempo, ou seja, as coisas são mais lentas. Temos 40 homens e mulheres que trabalham gratuitamente não apenas em prol da literatura potiguar, mas em prol da cultura do RN. Estamos numa grande campanha para que o Forte dos Reis Magos  seja reconhecido como patrimônio histórico da humanidade; participamos de importantes campanhas, como do reconhecimento do Parque das Dunas; da restauração de nomes históricos de municípios e logradouros.

E o “presépio de Natal”?
O projeto foi criado a partir de uma parceria entre o arquiteto Oscar Niemeyer e o artista potiguar Dorian Gray Caldas. É uma obra arrojada, instalada em área nobre da cidade [Candelária] e está sem função, mas nossa guerra é para que funcione.

A sugestão do nome de Newton Navarro para a ponte Forte-redinha surgiu da ANL…
Ele é o maior desenhista que esse Brasil já teve. Agora estamos lutando para que seja feito na ponte um painel panorâmico sobre a obra de Newton Navarro, idealizado por Dorian Gray e, se for aprovado, deve ser executado por ele mesmo. Note que Dorian está em tudo, porque ele é um dos nomes mais representativos das nossas artes plásticas.

Que proposta a ANL tem para divulgar o autor potiguar?
Estamos em fase final de negociação com a CBTU a respeito de uma biblioteca para os passageiros. A ANL se propõe a doar os títulos e as pessoas poderão pegar emprestado, renovar empréstimos, enfim, um espaço para estimular a leitura de modo geral e, principalmente, dos autores potiguares.

Existe um contato direto entre a ANL e os jovens?
Criamos o projeto “Academia para jovens” que tem se reproduzido pelas escolas do Estado. Já são 12 academias. A gente traz uma escola para a ANL e os acadêmicos travam um diálogo com os estudantes, sobre para que serve e a quem se destina a cultura. Nós sugerimos que eles criem academias  e a primeira escola a criar foi o complexo Escola Doméstica/Henrique Castriciano.  A última que eu tenho notícia foi em São Paulo do Potengi. 

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