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Direita, esquerda, volver!

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Vicente Serejo
Outro dia, na conversa estirada com um estudioso da ciência política, sem pressa e sem demora, ouvi quando ele disse: com algumas pouquíssimas exceções, e todas na Câmara, não houve direita e esquerda nas eleições municipais deste ano em Natal. Houve um uso de posições ideológicas. Dos que usaram o discurso de direita precário, cópia do estilo Bolsonaro, fracos por inautenticidade de tradição; e os simulacros de esquerda, sem lastro e sem qualquer foça-motriz.  
Estávamos tomando um bom uísque, lavando as ideias, cercados de livros velhos, sem a pressa que usina as distorções. E ele não centrou a análise na representação da vitória da tradição eficiente do prefeito Álvaro Dias. Arrimou a avaliação, o tempo todo, na postura retórica dos candidatos, flagrando a precariedade. E pondo o mérito dos 14% do candidato do PT na tradição da legenda e não no desempenho pessoal. Qualquer petista teria chegado a esse mesmo patamar. 
Medidos um a um, ou sopesada a sua soma, não há diferença nos candidatos. Nem muito menos se estivessem unidos em torno de um só. Ninguém herda fenômenos. Principalmente se não é possível fabricar uma marca de última hora só por ostentar duas dragonas de patentes nos ombros ou algumas palavras de ordem na boca. A política não funciona assim. O desempenho pífio de todos eles revela, por si só, que o falso tentou substituir o verdadeiro. 
Daí, o fracasso. 
Na esquerda, também não foi diferente o nível de precariedade. Se o PT fez o segundo mais votado, faria hoje ou amanhã, pela tradição de luta ao longo de trinta anos e o peso natural do governo, sempre a produzir uma massa crítica. Mas, e registre-se, insuficiente ao longo de todas as eleições municipais mais recentes, assim como nos pleitos majoritários para o governo. Natal tem ungido pelo desejo de mudança e só confirma quando julga e consagra por eficiência.  
A direita natalense viveu, nesses últimos dois anos de Jair Bolsonaro, soprada por um pequeno e histriônico concerto de vozes, ruidoso como gozo, mas sem ter um bom sentimento de tradição. O prefeito Álvaro Dias colocou em julgamento a sua gestão, de costas para o ruído dos adversários, impondo o pragmatismo do saber-fazer sobre a fantasia do saber-prometer. E não deu outra: venceu as ideologias que deblateravam em discursos que sequer o eleitor ouviu.
Foi dupla a vitória de Álvaro, embora aparentemente conjuminadas: a sua votação de 57% dos votos, tornando inviolável sua vitória; e os baixos índices dos adversários, misturados numa trouxa de raquitismos. Desta vez, tudo falhou. Da agressividade simbolizada pelas algemas do delegado Sérgio Leocádio ao sussurro aveludado de Kelps Lima. Não tivemos candidatos de oposição. Só na oposição. Não importa se em siglas de direita ou esquerda. Não fez diferença.
FUSO – Nas salas, sob o olhar nativo do índio Felipe Camarão, alguns índios graduados já batem tambores e avisam: Andreia, irmã do prefeito Álvaro Dias, pode ser sua opção para a Assembleia.
BALANÇO – O Partido Liberal (PL), chefiado pelo deputado federal João Maia, sai da campanha com um balanço positivo. Manteve suas principais bases políticas, como Macaíba e São Gonçalo. 
COVID – É quase inanição a situação dos pequenos comerciantes e artesãos das lojas do Centro de Convivência da UFRN fechados há dez meses. O centro virou um grande deserto de público. 
SONHO – Um prócer escreve à coluna e lança o nome do médico e deputado Galeno Torquato a presidente da Assembleia. Pode ser. Se o deputado Ezequiel Ferreira não desejar, e apoiá-lo. 
ELOGIO – O texto de Aline Juliete é de quem sabe o que dizer e como dizer: “Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes”. Mulher, 31 anos, negra, advogada, e 2.193 votos para vereadora.

FORTE – Sem que a cidade, no seu sentido formal, ao menos a tivesse percebido, teve uma força anônima: sai ‘de um lugar de subalternidade e, com coragem, assume uma posição de liderança’. 

GLÓRIA – Helena Ferrante incluiu ‘A Paixão segundo GH’, de Clarice Lispector, na relação de quarenta melhores livros escritos por mulheres. No jornal britânico The Guardian, de Londres. 
PEIXINHO – De Nino, depois de ouvir o papo tolo e raso de uma filha de dondoca, vaidosa e pedante: “Ora, se o filho de peixe, peixinho é, não seria diferente. Filha de dondoca, dondoca é”. 
PAPEL – Assim como foi relevante, na fase de combate, será forte a participação do advogado Paulo Linhares na Prefeitura de Mossoró. Ele vai tocar a pasta do desenvolvimento no seu estilo arrojado. Chega a secretário por escolha pessoal de Alysson Bezerra. E sem indicação política.
LUTA – Na agenda do grupo Rosado, um ponto marcado a ferro e fogo: salvar o mandato federal do deputado Beto Rosado. O julgamento será depois do recesso. A luta política é vista como dura e incerta. Se cair, o único mandato da família é de Larissa Rosado, eleita vereadora. E rompida. 
CIÚME – Cada dia é um dia por guardar suas coisas únicas. Outro dia, descobri no texto de duas psicólogas que esses tempos cibernéticos mexeram com o ciúme e trouxeram o medo da traição pública. Nos tempos do amor analógico, a traição ainda poderia ser mantida em segredo. Hoje, não. 
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