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Distância das eleições os fatos

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Por Agnelo Alves, o repórter

Política é a arte da dissimulação e do imponderável. Ensinam os exemplos que nos são mostrados, aos milhares, na memória e no dia a dia. A sucessão federal sofreu um tranco com as declarações de quem não é política, a ex-secretária da Receita Federal. A sucessão estadual sofreu outro golpe por uma posição nova anunciada pelos deputados Henrique Eduardo, João Maia e Robinson Faria. O “pacto” que era entre dois passou a ser entre três.

Se a imponderabilidade do tempo provocou de maneira inesperada esses dois episódios, eles são bem típicos e passíveis da comparação que Tancredo Neves fazia da política com as nuvens que mudam de posição e de formato a todo instante. A ministra Dilma Rousseff não esperava pelas declarações da ex-secretária da Receita Federal. E a governadora Wilma de Faria esperava “tri” em vez do “duo”?

De qualquer forma, há de se convir o inexorável de que tudo muda na política. O que era antes da viagem da ministra candidata a Natal e a Mossoró e o que, repentinamente, a colocou na vidraça. Veio para o PAC e foi impactada. A governadora passou um “carão” em Robinson e, por osmose, tocou também em João Maia, dizendo publicamente “quem não estiver satisfeito, saia”.
 
ESTRATÉGIA
E como os dois receberam a solidariedade do deputado Henrique Eduardo, todas as perguntas são sugestivas de um esclarecimento:
1 –Uma estratégia para prender os dois?
2 – Os dois concordaram, inocentemente ou conscientemente, para não saírem de onde querem ficar?
3 – O PMDB tem um candidato preferencial. Garibaldi para o Senado. O PMN tem (ou tinha) o nome de Robinson como único para o Governo do Estado. E o PR tinha o nome de João Maia também para o Governo.
E agora? Nada. Tudo continua como dantes no quartel de seu Abrantes.
Ou, considerando a imponderabilidade da política como uma nuvem que muda de formato e de lugar de acordo com o vento, vamos aguardar amanhã, depois de amanhã… Até chegar as datas fixadas pela Lei para tudo ou nada.
 
DESDOBRAMENTOS
 No plano federal, a possibilidade da ex-secretária da Receita Federal prestar um depoimento bomba na comissão de Constituição e Justiça do Senado, terça-feira, pode prolongar o episódio detonado pelas suas declarações à imprensa. Por enquanto, o episódio está na área política.
Na opinião pública, ainda não foi além da surpresa, causando especulações não conclusivas, embora seja ponderável o apoio de Lula, desde o primeiro instante, à sua Chefe de Gabinete e sua candidata à Presidência da República.
 
NA OPOSIÇÃO
Na oposição federal, a candidatura do governador paulista José Serra está navegando melhor, depois que o seu companheiro de partido e também governador, Aécio Neves, de Minas Gerais, puxou o freio de mão de sua candidatura dentro do PSDB.
No Rio Grande do Norte, não existe uma oposição caracterizada, o que beneficiou a candidata Rosalba Ciarlini o recente episódio focalizado pela mídia.  Como ninguém faz oposição a ninguém, o episódio passou, ou está passando, sem maiores repercussões ou sem chegar ao conhecimento da opinião pública nos seus detalhes. E na campanha?
 
IBERÊ E ROSALBA
Nada mostra que Rosalba e Iberê tenham “enfraquecido”, embora possam vir a enfraquecer, diante da imponderabilidade do tempo com seu manancial cheio de surpresas, como as que, o final da semana passado e  o começo da semana que está terminando, evidenciara.

ESTA SEMANA
Como será esta semana? Olhar para o céu e ver as nuvens passando. Algumas plácidas. Outras levianas. Outras paradonas.

Editorial

COPA DE 2014
Entendemos como válida a luta de Natal e do Rio Grande do Norte para sediar, mesmo que sejam por dois ou três jogos, a Copa Mundial de Futebol, em 2014. Mas a sociedade civil, pagadora de impostos ao Estado e à Prefeitura de Natal, até hoje, não sabe porque, não foi informada dos custos desse patrocínio, se ocorrer.

As informações constantes, não desmentidas jamais, quer pelo Governo do Estado, quer pela Prefeitura de Natal, são das demolições, tanto do que já temos, o Estádio de Futebol, como do Centro Administrativo do Governo do Estado para construções fabulosas de um novo estádio, de hotéis, de lojas, de escritórios e até de residências no estilo apartamento, empreendimentos privados.

Por outro lado, o Governo Federal – é a outra informação – se dispõe a ajudar através de financiamento, via BNDES, projetos que não sejam faraônicos, nem visem beneficiar empresas do ramo, até internacional,  privilegiando-as. Agindo assim, o Governo Federal pretende coibir os meios de favorecer as empresas envolvidas com mais lucros,   já que esta  conduta impediria o enfoque nos  objetivos esportivos e na participação da torcida.

Já se fala em empresa de Portugal. Já se fala em empresas locais, também. Como é absolutamente certo que em todos os estados e em todas as cidades brasileiras com a perspectiva de sediar jogos da Copa de 2014, nenhum estádio será demolido e nenhum será construído. Todos serão melhorados, ampliados e modernizados. O único Estado e a única cidade que quer demolir é Natal e o Rio Grande do Norte. A demolição  inclui, ainda, o Centro Administrativo, que passaria a funcionar em prédios alugados em espaços diversos da cidade.

O ministro dos Esportes, Orlando Dias, já advertiu aos governadores e prefeitos que o Governo Federal não se dispõe a financiar para depois sustentar “elefantes brancos”. O Ministério Público já constituiu comissão de procuradores e promotores para acompanhar toda a transmissão desse processo que envolve centenas de milhões de reais. Somente a construção – sem falar na demolição e transporte dos seus escombros – está com o custo estimado em 300 milhões de reais.

E o acesso e o “desacesso”? A drenagem de toda a área? O saneamento e o Meio Ambiente, enfim? Não há levantamentos. Mas a sociedade pagadora de impostos tem o direito de saber o que e quanto vai pagar, assim com a Prefeitura de Natal e o Governo do Estado, já em  vias do fim de mandato, tem o dever de informar.

E por enquanto, está tudo no escuro. Muito escuro, tudo escuro.

Notas…

LOJAS ISOLADAS
Pesquisa atribuída ao Ibope apurou que 79% da população, nas cidades brasileiras, fazem suas comprar em lojas espalhadas em ruas e bairros, enquanto as vendas nos shoppings ainda estão no patamar dos 21%. A pesquisa de mercado sugere que os shoppings poderão, no máximo, chegar aos 40%. Nos Estados Unidos, os shoppings respondem por 72%.
 
DEVER DE CASA
O Governo Federal vem cumprindo o quê popularmente é chamado de “dever de casa” na economia. Assim como os demais países chamados de emergentes, o Brasil mantêm a crise econômica sob controle, através do Banco Central, com o Ministério da Fazenda. Mas, o presidente Henrique Meireles, do Banco Central, é mais citado do que o ministro Guido Mantega.

… O que se diz…

…QUE dentre todas as críticas que o seu governo já recebeu, a que mais incomodou a governadora Wilma de Faria foi à filmagem do PMN, direto de Fortaleza, na qual o deputado Robinson Faria criticava a falta de segurança em Natal, propondo que seja adotado o exemplo do Ceará…
 
…QUE, em face da reação da governadora, o “corpo de bombeiros” foi convocado para apagar o fogo que ameaçava se transformar num incêndio…
 
…QUE a ministra Dilma Rousseff não deve ter ficado muito feliz com o clima político vivenciado pela “base” governamental, dividida em grupos de candidatos a candidatos ao Governo do Estado…
 
…QUE a ministra, durante a sua estada por aqui, foi muito mais acossada a apoiar do que a receber o apoio para a sua candidatura em 2010…
 
…QUE o deputado João Maia, se não pode ser considerado um ausente, nos eventos da visita da ministra Dilma, também não pode ser considerado um presente…
 
…QUE as obras de drenagem e saneamento financiadas pelo PAC representam, realmente, uma tomada de posição do governo Lula, marcando um diferencial com relação a todos os demais governos que, sem se preocuparem com o que era mais importante para o povo, somente faziam obras que pudessem ser vistas…
 
…QUE esse diferencial mostrará seus maiores efeitos, a partir dos próximos dez anos, quando os índices de mortalidade infantil despencarem e houver uma grande melhoria na saúde da população brasileira …

… Caro leitor…

Nada mais fiel à verdade do que a resposta do nosso Agnelo Alves, quando lhe perguntaram:
– Agnelo, e a filiação?
– Manoel Alves Filho e Maria Fernandes Alves, respondeu, sem pestanejar.
Amigo, você está acompanhando os acontecimentos políticos?  Sem muita religiosidade, estou. Rigorosamente, nenhuma novidade, apesar do noticiário diário. Sinceramente, tenho com certeza admiração pelos nobres jornalistas obrigados a preencherem, todos os dias, um noticiário que não existe.
Sabe aquele soletrar – um “b” com “a”: bê-a-bá; um “b” com “e”: bê-é-bé; um “b” com “i”: bê-i-bi; um “b” com “o”: bê-o-bó; um “b” com “u”: bê-u-bú – que, antigamente, agente decorava nas escolas? Pois este é o mesmo bê-a-bá há dois anos, até agora.
Um amigo nosso passou, agora, dois meses viajando pelo mundo com o computador ligado na Internet. Voltou na semana passada. Não perguntou nada sobre política. Estranhei.
Não resisti à curiosidade e perguntei se não queria saber de alguma novidade política.
– Não tem, não é Neco?
 – Como não tem? Você passa dois meses fora e, já me diz que não tem novidade política? Como você sabe que não tem? Pela Internet?
– Liguei para falar com a família. Ninguém me disse nada sobre política, nem eu nunca perguntei. Logo, não tem novidade.
– Verdade amigo. Você tem razão. Não tem novidade política. O mesmo bê-a-bá de sempre. Portanto, um abração e até a próxima semana.  NECO

Estória da história

VIAGEM À CUBA: DESAFIADORA
– Quem quer ir à Cuba com Fidel Castro? Perguntei a um grupo de colegas jornalistas em sessão de papo sem futuro nenhum. A viagem não seria possível. Sendo assim uma aventura com riscos que ninguém desejaria correr, não progrediria. Mas a pergunta incendiou o grupo.

Quem topa, não topa, a perspectiva mais branda era de prisão por “lesa-pátria”… O grupo ficou reduzido a cinco. Como chegar em Cuba? Primeira preocupação. Sozinhos, nós jornalistas? Vamos sondar alguns parlamentares, senadores e deputados federais? Fizemos uma lista dos que topariam a perda do mandato.

Como teste inicial, um senador, José de Souza Martins. Vibrou. O deputado também conterrâneo, Antônio Câmara, também. Compromisso selado. Apenas uma sondagem. Na “terra de ninguém”, entre o Senado e a Câmara, encontramos o senador paraibano Marcondes Gadelha. Entusiasmo, absoluto. Até aí, só sonho. Vamos para o único que poderia viabilizar a viagem: o deputado Roberto Freire do PCB, agalhado na legenda do MDB. Quem faria a sondagem? Eu, claro.

Vamos aumentar o grupo de parlamentares. Barco cheio, bem carregado… Cometi um erro…Não convidei o deputado Henrique Eduardo. Consultei a mim mesmo se tinha o direito de envolver um familiar na minha aventura, ele, Henrique, junto com Garibaldi, escapando da fúria “caçadora” dos adversários. E os meios financeiros? Traçados os planos, acrescentamos o então deputado Álvaro Dias, do Paraná, que, atualmente, está despontando na vida pública de forma admirável. O mesmo Álvaro Dias, hoje senador, que está na mídia, como oposicionista, defendendo as melhores causas.

Somados os recursos financeiros, a viagem seria via México. Nenhuma certeza se conseguiríamos ir à Cuba, uma missão que caberia ao deputado Roberto Freire desempenhar. Embarcamos. Ao chegarmos ao México, nos mantivemos no opcional. A tentativa de irmos à Cuba estava sendo feita. Mas, se alguém desejasse desistir, ainda estava em tempo. Ninguém desistiu.
Chegou o avião cubano para nos levar a Havana. Na decolagem, um calafrio. A zoeira tremenda. Não havia pressurização. Explicação: o avião era refugo da Rússia. Entramos numa área de turbulência. Chovia dentro do avião. Atravessada a turbulência, olhávamos uns para os outros, todos parecendo fantasmas no espaço. Nenhum sanduíche foi servido.

No desembarquem, um alívio. Preferível ficar, ou arriscamos novo vôo para onde? Não saberíamos… E se o governo brasileiro, de alguma forma, descobrisse a viagem? Voltaríamos e aconteceria o que Deus quisesse. Percorremos a ilha de ponta a ponta, em passeios monitorados por agentes do governo cubano. A Cuba que os americanos faziam o seu cassino estava fechada, caindo aos pedaços.

E Fidel?Nenhuma notícia. Véspera do nosso regresso ao México. O deputado Roberto Freire me confidenciou que “desconfiava” que teríamos um encontro com “El Comandante”. Estávamos numa recepção, a portas fechadas, ambiente estranho.  Recebemos instruções para não nos aproximarmos de janelas e não sairmos da sala onde todas as portas estavam fechadas. Um grito se fez ouvir:

– El Comandante Fidel! …

Suspense. Silêncio absoluto. Até que o agente de segurança toma um gravador de um dos nossos colegas jornalistas. Com o sinal imperceptível para nós outros, brasileiros, mas entendido e cumprido de imediato, o gravador foi devolvido, iniciando-se o que para os parlamentares brasileiros teve um objetivo e, para nós jornalistas, outro, distinto, uma entrevista gravada.
Aguardem o segundo capítulo domingo próximo.

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