Vicente Serejo
A nossa ira não é santa. Pelo contrário: é pecadora e interesseira. De repente, se ergue num um fogaréu soprado por todas as instituições reunidas em torno da questão que apenas representa uma demanda jurídica, como o caso do Hotel dos Reis Magos, usando os trapos de sua omissão para manter nas cinzas frias os maiores e mais importantes monumentos postos à margem de todos os gestos de revolta, como se não tivessem magnitude no desenvolvimento.
Que visão histórica consciente é essa que se diz culturalmente responsável, a ponto de aceitar ser chamada a assumir uma posição falsamente decisiva e, numa omissão de vozes e de gestos, não tem olhos para o flagrante desrespeito diante da cidade? Nada nos falta, nem as ruínas, a alegação inconsistente para quem trata de cultura. Hoje são tantas e tão arruinadas ao longo do chamado corredor cultural sem investimentos federais e estaduais há várias décadas.
Que silêncio tão feroz é esse, e quem, afinal, o impõe como se fosse algo invencível e ao mesmo tempo anônimo e órfão? O próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, através de sua representação local, exatamente quando arrebatou do Estado, e sem pudor, a gestão da Fortaleza dos Reis Magos, autorizou irresponsavelmente uma pesquisa dita arqueológica no seu interior e depois nos devolveu com seu chão tombado e esburacado.
Como a maior biblioteca pública estadual fechada há quatro governos ou dezesseis anos, aquela que tem na fachada o nome do seu maior intelectual de todos os tempos? Como cercar de tapumes, há quase cinco anos, o Teatro Alberto Maranhão, o mais valioso edifício, depois de um dia permitirem que forrassem seu chão de pedras de ardósia, ferindo a harmonia de uma joia arquitetônica? História? Desenvolvimento? Turismo cultural? Enganem a outro!
MAIS – Sabe que se não aprovar este ano a discussão cairá no próximo semestre e em meio às vésperas da eleição municipal. Poderá ser o céu ou o inferno para o legislativo municipal.
EDITAL – É bom lembrar: bati de frente, ao vivo, no programa Mesa Redonda, da 98FM, ao discordar dos métodos da STTU pondo na Câmara o edital da licitação das linhas de ônibus.
DEPOIS – Estranhei diante do rebaixamento excessivo das exigências da Prefeitura quando o dever é preservar as empresas, mas também os interesses dos usuários que pagam as tarifas.
ENGASGO – Depois de duas concorrências desertas, por manobra das empresas, o edital de concorrência sofre o terceiro adiamento. E a STTU não apresenta justificativas convincentes.
ALERTA – O coronel Francisco Araujo, da Segurança, merece ser beatificado vivo diante da luta para manter a tropa na rua. Sem sua liderança a situação, que anda ruim, seria bem grave.
AGITO – Como esta coluna noticiou, começou o agito clerical das transferências de padres e párocos na área da Arquidiocese de Natal. E o arcebispo D. Jaime Vieira já assinou várias.
DIFERENÇA – Do profeta do Grande Ponto, depois do quinto gim, o quinino amargando a boca: “No Ceará tem tudo o que tem aqui, mas não tem o mais valioso: líderes de verdade”.
PESO – O Ideb aponta que a educação pública é a melhor do Brasil. É a segunda solidez fiscal do país. O primeiro em investimentos públicos, segundo o Tesouro Nacional. Tem hoje a única ZPE funcionando. E um dois portos de exportação mais modernos de todo o Brasil.
MAIS – Ainda segundo o anúncio na revista Época, ocupando duas páginas, o BID atesta ser a referência nacional em saúde; o maior índice de transparência no ranking dos estados; e a segunda maior rede de cabos submarinos do mundo. É o retrato da vitória. Nós, o que temos?