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Do Ocidente para o Oriente

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Karla Larissa – especial para a Tribuna do Norte

Desde que começamos nossa Volta ao Mundo há quase 20 dias, percorremos 20.458 km. Cruzamos a metade do planeta, visitamos três países e dois continentes. Tivemos que nos acostumar com dois fusos horários e agora estamos 11 horas à frente do Brasil.
Fred Santos e Karla Larissa nos arredores de Londres, em Stonehenge: estrutura de pedras, que chegam a 5 metros de altura
 Nos deparamos com culturas diversas e realidades tão diferentes e, ao mesmo tempo, semelhantes às nossas. Em Londres, onde fizemos nossa primeira parada e ficamos 7 dias, conhecemos pessoas de várias nacionalidades e diferentes propósitos. Muitos brasileiros que estão no Reino Unido e Irlanda para estudar e aproveitaram alguns dias de folga para passear e também europeus de diferentes países que estavam hospedados em hostels, enquanto buscavam emprego. Esta, aliás, foi uma realidade difícil com a qual nos deparamos. As notícias que só acompanhávamos pelos jornais de crise e desemprego estava bem ali na nossa frente. E não eram números ou percentuais. Tinham nomes, deixavam suas famílias em seus países e alguns até com mais de um curso superior estavam à procura de emprego de garçom. Tentavam a sorte ou a sobrevivência como podiam.

Na capital da Inglaterra, aliás, vivem pessoas de todas as partes do planeta. Um passeio pelo underground (metrô) pode parecer uma visita à Babilônia do Ocidente. Mas não pensem que a terra da rainha é tão generosa assim. Descendentes de árabes, indianos, chineses e outras nacionalidades, normalmente, são pior remunerados e vivem em áreas menos privilegiadas. Presenciamos, por exemplo, alguns protestos pedindo igualdade de direitos para esses trabalhadores.

Mas as atenções da imprensa inglesa, durante os dias que estivemos na cidade, estavam todas voltadas para a morte e funeral da ex-primeira ministra Margareth Tatcher. Alguns comemoravam a morte da Dama de Ferro e, uma minoria, defendiam os seus feitos. Tanto que o seu funeral ocorreu entre aplausos e vaias.

  A notícia do atentado na maratona de Boston também foi muito repercutida nos jornais locais e a segurança da maratona de Londres, que ocorrera na mesma semana foi reforçada.

Mesmo com tantos acontecimentos, a nossa passagem por Londres foi tranquila e segura. A cidade sabe receber muito bem os turistas, oferecendo fácil locomoção e sinalização.

E apesar de ser uma das mais caras do mundo, oferece uma grande vantagem para os viajantes de baixo custo: muitas de suas atrações são gratuitas. E assim, sem desembolsar um tostão, visitamos museus, galerias de arte, acompanhamos a troca da guarda em frente ao Palácio de Buckingham e fomos até um templo hindu, o Baps Shri Swaminarayan, considerado pelo livro dos recordes o maior templo hindu tradicional fora da Índia. Também aproveitamos um domingo de sol para visitar vários parques e presenciamos a mudança de humor dos londrinos com o aumento da temperatura. A alegria toma conta da cidade. O clima estava tão bom que deu até para tomar um sorvete.

 Mas o melhor de Londres está nas ruas dos bairros um pouco mais afastados do centro. Em Notting Hill, mais do que uma visita até a porta azul, famosa pelo filme ´Um lugar Chamado Notting Hill´, vale o passeio pela Portobello Road. A rua é tomada por uma feira, onde se vende de tudo, de vinis raros a verduras. E em cada esquina, um artista de rua tenta mostrar o seu talento.

O bairro mais interessante para mim, entretanto, é o Camden Town, onde vivia a cantora Amy Winehouse.

Nas ruas de Camden Town, a Londres costumeiramente monocromática ganha cor. O lugar respira criatividade e originalidade e isto é evidente no jeito de se vestir das pessoas, nas fachadas das lojas, nos grafites pelas ruas.

No bairro há também muitos mercados, como o Camden Lock Village Market, com vários quiosques de comida chinesa, onde é possível comer sentado em um ´banquinho de moto´ de frente para um canal. E uma infinidade de pubs, inclusive, há um tour oferecido aos turistas chamado de Camden Pub Crawl. Comprando um ticket no valor de 15 libras, o participante faz um passeio pelos melhores pubs do bairro, com direito a entradas e shots (doses) gratuitos, além de descontos em drinks. Nós, em companhia de uma brasileira que conhecemos no hostel, decidimos fazer nosso próprio pub crawl e tomamos algumas pints (canecas de cervejas). Afinal, não se conhece Londres sem tomar umas boas cervejas em um legítimo pub. Mas sem petisco, pois uma única pint custa cerca de 4 libras, algo em torno de R$ 13. Um pouco demais para mochileiros como nós.

Arredores de Londres guardam surpresas inesquecíveis

 Reservamos um dia para sair de Londres e conhecer uma pequena cidade do interior chamada Salisbury, nossa base para conhecer o Stonehenge. A viagem de ônibus levou 3 horas e ao chegarmos na cidadezinha parecia que tínhamos ido parar em um filme de época. Salisbury é uma cidade medieval com vários prédios preservados.

Lá, presente e passado vivem harmoniosamente. E apesar de pequena, a cidade tem muitos atrativos. E tudo pode ser visto com um passeio por suas ruas tranquilas. O grande monumento, no entanto, é a sua catedral. Com 750 anos e de estilo gótico, a Catedral de Salisbury é de uma beleza realmente impressionante. Sua torre com 123 metros de altura pode ser vista de toda a cidade. A igreja guarda ainda um original da Magna Carta de 1215. O documento foi tombado pela UNESCO, pois lançou as bases para alguns direitos humanos que temos hoje.

Mas quem vai a Salisbury tem mesmo que ir até o Stonehenge. Assim que chegamos à cidade, contratamos um tour que nos levou até o círculo de pedra. São pouco mais de 30 minutos de ônibus até lá. Patrimônio Mundial da Unesco, Stonehenge é uma estrutura formada por círculo de pedras, que chegam a 5 metros e a pesar 45 toneladas.

Cientistas, arqueólogos, astrônomos e místicos tentam à décadas encontrar uma explicação sobre a execução e a utilização da complexa construção, que tem mais de 4 mil anos e foi feita com pedras trazidas das montanhas Preseli, a 240 milhas (380 km) de distância.

As principais hipóteses são de que o Stonehenge poderia ser um observatório astronômico ou usado para rituais sagrados relacionados ao sol, colheita bem sucedida ou até mesmo os mortos. Mas até hoje não há nenhuma conclusão.

O mistério que ronda o círculo de pedras torna o patrimônio ainda mais atraente e atrai mais de 1 milhão de visitantes todos os anos.  Stonehenge fica no meio do nada, só há estradas e fazendas em volta. Por causa do vento, faz muito frio.

Cingapura: cidade das multas e da diversidade

Após um voo de longas 13 horas e um diferença de 7 horas com relação ao fuso horário de Londres, chegamos a Cingapura. A cidade-estado não poderia ser melhor para iniciarmos a nossa temporada de 3 meses na Ásia.

Em Cingapura tudo é superlativo. O país está no topo da lista dos países com maior número de milionários (17%); tem a roda gigante mais alta do mundo, a Singapore Flyer; e o hotel mais caro do planeta, o Marina Bay Sands, que teve sua construção avaliada em aproximadamente R$ 12 bilhões. Apenas para citar alguns títulos.

Viajar por Cingapura é passear pelo futuro. A área do Marina Bay Sands, conhecido por sua piscina de borda infinita no 57º andar, impressiona pelas modernas construções. E tudo fica mais bonito à noite, quando a Marina Bay fica toda iluminada e acontece o show das fontes. No espetáculo, cheio de efeitos de iluminação e pirotécnicos, as águas dançam conforme a música. Assistimos por duas vezes e é realmente lindo. Um passeio noturno pelo Gardens by the Bay, um jardim com árvores gigantes de estrutura metálica, também é de encher os olhos.

Mesmo com toda modernidade, Cingapura também sabe preservar suas tradições. A população é distribuída entre chineses, indianos e malaios. E tudo por lá é escrito e falado em 4 línguas: inglês, chinês, malaio e tâmil. Apesar de separados por bairros como Little India e Chinatown, os povos parecem conviver harmoniosamente. Em Chinatown, por exemplo, visitamos um templo budista, outro hindu e uma mesquita, um bem próximo do outro.

Para conseguir colocar ordem em um país com povos e costumes tão diversos há uma severa política de multas em Cingapura, que é conhecida como fine town (cidade das multas – em inglês, fine também pode significar “legal”). Para quem comer e beber dentro do metrô, por exemplo, a multa é de 500 dólares de Cingapura, a moeda local. Para quem fumar, SGD 1.000.  Além das multas, Cingapura tem um forte combate às drogas, com pena de morte por fuzilamento para traficantes. O álcool também sai muito caro por lá. E assim, Cingapura consegue se manter um país extremamente seguro e organizado.

Há alguns dias chegamos às Filipinas, onde ficaremos por 18 dias. O país, formado por mais de 7 mil ilhas, promete muitas surpresas. Contaremos tudo na próxima matéria da série Dois no Mundo, dentro de 15 dias.

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