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Do ‘Oscar’ em qualquer tela

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Tádzio França
Repórter

Assistir a um filme deixou há tempos de ser uma experiência única condicionada pela programação das redes de cinema. A internet e as diversas plataformas digitais de streaming permitiram que o consumidor tivesse alcance mais fácil e direto a uma grande variedade de material. A relação entre cinema e cinéfilos fica ainda mais complexa quando eventos como a cerimônia do Oscar se aproxima. Daqui a duas semanas a premiação de 2018 será realizada, e a corrida para ver o máximo possível das indicações aumenta. Em Natal, os interessados se dividem entre as telonas dos multiplex e a telinhas da TV, do computador ou do celular. Fique atento e escolha.

A Forma da Água, recordista de indicações, ainda pode ser visto no cinema

”A Forma da Água”, recordista de indicações, ainda pode ser visto no cinema

Quem acompanha a programação dos cinemas em Natal considera que, pelo menos do fim do ano passado para cá, os consumidores mais atentos da 7ª arte conseguiram ver um bom número de filmes indicados ao Oscar na tela grande. Entre os filmes que já entraram e saíram de cartaz estão “Dunkirk”, “Corra!”, “The Post – A Guerra Secreta”, “Me chame pelo seu nome” e “O destino de uma nação”. Ainda estão em cartaz “Três anúncios para um crime”  e “A forma da água”. Todos concorrem a melhor filme, entre outras categorias. “Lady Bird – A hora de voar” estreou hoje no Brasil, mas não em Natal.

Filmes de categorias menos “badaladas” também puderam ser vistos na capital potiguar. Estão no ar “O Touro Ferdinando” (melhor animação) e “Extraordinário” (melhor maquiagem/cabelo). “Eu, Tonya”, indicado a melhor atriz, atriz coadjuvante e montagem, estreou ontem por aqui.

Animação O Touro Ferdinando tem direção do brasileiro Carlos Saldanha

Animação ”O Touro Ferdinando” tem direção do brasileiro Carlos Saldanha

Entre os oscarizáveis que já passaram nas telonas natalenses estão “Logan” (indicado a melhor roteiro adaptado), “Blade Runner 2049” (fotografia, desenho de produção, mixagem, edição e efeitos visuais), “A Bela e a Fera” (figurino e produção), “Em ritmo de fuga” (montagem, edição e mixagem), “O rei do show” (melhor canção), “Viva – A vida é uma festa” (animação e canção), “Com amor, Van Gogh” (animação), “O poderoso chefinho” (animação), “Kong – A ilha da caveira” (efeitos visuais), e “Guardiões da Galáxia 2” (efeitos visuais). Muitos já foram lançados em DVD e Blu-Ray.

O cinéfilo e jornalista Sávio Randy é daqueles que não abre mão de ir ao cinema, mas entende que as circunstâncias podem levar a vias alternativas. “Eu respeito demais a sala de cinema, acho que é o local mais propício para se ver um filme. Mas entendo e respeito quem se recusa a ir, ou não tem condições mesmo. Juntando ao fato de que muitos filmes não chegam por aqui, aí as opções se resumem a: ver em casa ou não ver”, diz ele, que é integrante ativo de grupos de discussão online como o ‘Espaço da Sétima Arte’, no Facebook, e o ‘Cinéfilos de Natal’, no Face e Whatsapp.

O suspense Três Anúncios para um Crime concorre a Melhor Filme no prêmio da Academia

O suspense ”Três Anúncios para um Crime” concorre a Melhor Filme no prêmio da Academia

A troca de informações nas redes é grande. Os cinéfilos indicam entre si streamings, downloads, sessões especiais, críticas. Sávio afirma que é usuário de serviços como Net Now, Google Play, iTunes, Looke, Netflix e outras plataformas digitais legais que permitem a visualização antecipada e com qualidade de alguns filmes. Ele cita como exemplo, dois dos indicados a melhor documentário, “Icarus” e “Strong Island”, que já estão disponíveis na Netflix. “O ‘Visages, Villages’ já estreou no Brasil, mas não chegou por aqui. Já tem disponível em HD pra download”, completa.

Apesar da grande quantidade de informação, Sávio afirma que prefere não se influenciar antes de assistir um filme. “Não leio quase nada, fujo de sinopses e até trailers. Depois de assistir gosto de discutir com os amigos, não curto procurar explicações para o que não entendi, acho que é um modo superficial de lidar com a arte”, diz, ressaltando que gosta de ler os comentários na rede social Filmow, e no site SetCenas – onde vários amigos escrevem.

Documentário Strong Island, indicado nesta categoria, já pode ser visto na Netflix

Documentário ”Strong Island”, indicado nesta
categoria, já pode ser visto na Netflix

Dos 44 longa-metragens indicados, Sávio já viu 30 deles. Ele acredita que a academia mantém alguns de seus clichês, mas é inegável que se tornou mais aberta a temáticas mais abrangentes. “Alguns tipos de filme nem chegam à premiação, como é o caso de ‘Mother!’, e outros ficam só em festivais como Cannes, Berlim, Veneza. Em compensação, a diversidade da premiação aumenta ainda mais no que se refere a filmes LGBTQ e com discussões raciais, até porque essas produções crescem em quantidade e qualidade”, analisa.

A nova associação
O cinéfilo Sihan Félix, integrante da recém-formada Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCIRN), lamenta que ir ao cinema tenha se tornado um ato cada vez mais elitizado. “É muito mais caro ir ao cinema hoje do que há 20 anos, por exemplo. É necessário que os preços aumentem, mas acaba promovendo um êxodo de público, que em parte opta, infelizmente, para a pirataria”, diz.

Com seis indicações, A Trama Fantasma tem previsão de estreia este mês. O filme traz Daniel Day-Lewis no papel de renomado estilista

Com seis indicações, ”A Trama Fantasma” tem previsão de estreia este
mês. O filme traz Daniel Day-Lewis no papel de renomado estilista

Mesmo assim o crítico celebra o fato de que a programação das salas natalenses em 2017/2018 teve a maior quantidade dos últimos anos de indicados ao Oscar sendo exibidos. “Há uma ou duas semanas havia sete filmes indicados em cartaz, incluindo as animações”, lembra. Dos filmes das categorias principais, ele ainda só não viu “Trama fantasma”, de Paul Thomas Anderson. “Juntando todas as categorias, preciso assistir pouco menos da metade. Especialmente os curtas-metragens. Que venham as próximas madrugadas!”, brinca.

Sihan admite que as mudanças ocorridas nos últimos anos – do preço alto dos cinemas às facilidades tecnológicas – levaram o cinéfilo a se adaptar às suas possibilidades e necessidades. “Não posso dizer que alguém só é cinéfilo se ver filme no cinema. Tenho amigos tão ocupados que só podem ver um filme no celular. A gente contorna a correria e a grana contada, vendo o filme na TV, no celular, no computador, ou em partes. Mas ainda sendo sincero, é verdade que a experiência pretendida pelo diretor você só terá no cinema. É impossível ver ‘Dunkirk’ num telefone ou na TV e achar que teve a mesma experiência de uma sala de cinema”, afirma.

Consumidores mais atentos da 7ª arte já conseguem acompanhar um bom número de filmes indicados ao Oscar

Consumidores mais atentos da 7ª arte já conseguem acompanhar um bom número de filmes indicados ao Oscar

A ACCIRN tem planos de ampliar a experiência cinematográfica dos natalenses. “Os contatos com as distribuidoras já estão sendo feitos. O problema é que Natal ainda é vista como uma cidade pequena e que pouco desenvolveu esse gosto pelo cinema ‘menos comercial’. Mas já começamos a quebrar um pouco isso”, ele explica, ressaltando a adoção da sessão de arte em uma das redes da cidade. “E há público para ela. E não é pouco. A ACCIRN terá um papel fundamental para esse contato. E ainda traremos cursos, oficinas e muito mais. É essencial que o público cresça para um cinema acessível e de qualidade em Natal, Mossoró e onde mais pudermos chegar”, diz. O blog da associação ainda está em fase de construção, e será liberado em breve.

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