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Do palco para o cinema

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Luiz Carlos Merten

Era tanta gente rindo nas pré-estreias de “Minha Mãe É Uma Peça”, o filme, que todo mundo, produtores, distribuidores e exibidores, já passou a cobrar uma sequência. O astro responsável, Paulo Gustavo, já imagina o futuro – o ex-marido, que Herson Capri interpreta no filme de André Pellenz, quer voltar com a mulher e Dona Hermínia nem quer saber, satisfeita com a própria liberdade. É bem possível que “Minha Mãe É Uma Peça 2” venha a se concretizar, mas antes disso o 1, que estreia nesta sexta-feira, precisa arrebentar na bilheteria. Ninguém duvida muito de que o sucesso do palco e da televisão vá se repetir na tela. Paulo Gustavo, sem querer cuspir no prato em que comeu (e come), fica um tanto apreensivo. Há sete anos ele está em cartaz com a peça. Não vai conseguir se desvencilhar de Dona Hermínia tão cedo.

Mas ele a ama, claro. Dona Hermínia surgiu como uma brincadeira, quando ele imitava a própria mãe e os colegas morriam de rir. Ela virou peça e um dos personagens fixos do programa de TV “220 Volts”, no canal Multishow. Paulo Gustavo agora a traz para o cinema, em companhia de André Pellenz, que também dirige o programa. Parece fácil – as pessoas que veem o filme, e morrem de rir, acham que já estava tudo pronto. “Ralamos pra burro”, diz o diretor.

Não é fácil transpor um sucesso de uma mídia para outra. A mãe da peça – um monólogo de Paulo Gustavo – é outra na tela. “Mudamos tudo, a maquiagem, o gestual, até essa coisa de o ex-marido e os filhos aparecerem, o que não se dá nem na peça nem na TV. É outra coisa, realmente”, reflete Paulo Gustavo. E ele dá crédito a quem merece. “No filme Divã, eu era ator contratado. Fiquei de bico calado. Fazia o cabeleireiro da personagem de Lília Cabral. Aqui, a personagem é minha, o filme é meu. Palpitei em tudo. O roteiro é do Fil Braz e meu. Mas o André sabe tudo de cinema. Essa coisa do ritmo, da edição, tudo o que se refere ao visual, ao cenário, André é fera.”

Paulo Gustavo pode reclamar de ficar fazendo a mesma peça há tanto tempo, mas a verdade é que não é exatamente a mesma. Como ele está sozinho em cena, improvisa segundo o ritmo da plateia. E a mãe tem lhe dado muita coisa, a da peça. Neste domingo em que conversa pelo telefone com a reportagem, ele revela que, no dia anterior, comprou um apartamento em São Paulo, na Haddock Lobo. Vai ter festa de inauguração? “Você vem?”, ele pergunta ao repórter. “Mamãe, a de verdade, estará presente.” E a festa vai ser família? “Sempre.”

Os críticos, de maneira geral, ainda reclamam das comédias que fazem sucesso no cinema brasileiro. O repórter arrisca sua interpretação. Os filmes de Roberto Santucci com Ingrid Guimarães, de “De Pernas pro Ar” 1 e 2, “Até Que a Sorte nos Separe” (que vai ter sequência), todos tratam de família. Ingrid Guimarães representa a mulher moderna, dividida entre carreira e família. É uma coisa com a qual o público pode se identificar. No futuro, esses filmes serão reconhecidos como documentos válidos sobre o Brasil atual, e isso, mais que o aporte da Globo Filmes ou o fato de serem comediantes conhecidos da TV ou da stand up comedy, é que explica a receptividade do público.

O astro Paulo Gustavo concorda, e acrescenta. “Essa coisa de colocar mulher em cena é muito forte. A mulher escolhe a peça, o filme, leva o marido, o noivo. Pra ter resposta, você precisa fisgar primeiro a mulher.” André Pellenz vai mais longe. Casado com a psicanalista Isabel Guimarães, ele se acostumou a ver os temas da mulher emancipada e da família disfuncional serem discutidos em casa. “A Isabel defendeu uma tese na PUC/Rio. Esses temas são parte da nossa vida cotidiana”, diz o diretor. E o filme, ao contrário da peça, não quer só fazer rir. “O que você achou da nossa choradeira?”, pergunta Paulo Gustavo. Há uma perda na família e, de repente, o humor cede espaço ao drama, ou melhor, ao melodrama. Douglas Sirk invade Pietro Germi e Dino Risi, os mestres da comédia italiana que Pellenz reverencia. “Que bom que você notou. Tratei a perda como melodrama, porque queria que o filme fosse emotivo sem ficar pesado.”

Mamãe, a de verdade, aparece e rouba a cena. “O Paulo vivia me mostrando um vídeo que gravou com a mãe dele. Mas a gravação no celular era ruim. Felizmente, sua irmã recuperou o arquivo original, que tratamos para colocar na tela grande”, explica o diretor. É o fecho glorioso do filme. “Essa coisa de incorporar o que parece making of já estava no Chico Xavier do Daniel Filho, quando ele aparecia no final. O Paulo achou que seria bacana, eu gostei, a Iafa (a produtora Iafa Britz, da Migdal Filmes) gostou. O melhor é que o público morreu de rir nas pré-estreias.” Paulo Gustavo conta: “Mamãe já virou uma celebridade. Na rua, as pessoas a reconhecem. Outro dia ela apareceu cantando na TV e o Facebook explodiu.”

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