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Do pouco o que eu sei sobre o amor

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George Wilde
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Escrever sobre o amor é um dos maiores desafios de quem se arrisca a fazê-lo. Primeiro: quando se fala em amor, inevitavelmente, somos obrigados a expor o nosso sentimento mais puro e valioso a todos os que conhecemos e não conhecemos. E, assim, claro, corremos o sério risco de alguém roubar as nossas intenções iniciais e transformá-las em interpretações equivocadas. Segundo: é preciso termos a atenção de um equilibrista no alto de um penhasco para não cairmos no abismo dos clichês, das palavras de vernizes desgastados, do sentimento já sem pulsação. Terceiro: é preciso entender que não há dicotomia entre coragem e sensibilidade. Há, sim, sintonia.
É bem provável que ainda não consiga escrever sobre o amor como eu realmente gostaria. Admiro os poetas por essa habilidade. 
Entretanto, creio que o que eu irei dedilhar a seguir é boa parte do resultado do que aprendi até agora sobre esse tal sentimento tão encantador, mesmo diante dos meus erros e da minha finitude humana.
O amor não é feito para ser especial. É um sentimento que deve ser tão comum como o tempo que se prende aos ponteiros do relógio. Tão onipresente quanto os nossos sentidos que nos fazem ver, sentir, ouvir, falar e tocar. Deveríamos todos os dias acordar e, antes de nos levantar da cama, ter a certeza de que já estamos vestidos de amor.
O amor não é feito para ter dono. É algo que não pertence a mim, a você, nem a ninguém. Porque o amor não é pertencimento. Pelo contrário. É a liberdade. É a fuga da explicação. É a alegria de pular o muro da racionalidade, dos preconceitos e das justificativas. O amor não é causa nem consequência. É simplesmente a vida escrita com outras letras do alfabeto.
O amor não é feito pelo ser humano. O amor é divino. É a fé. É a capacidade de resiliência diante da desistência do corpo. É a alma que encoraja para lutar contra o que se diz ser impossível. É a presença na ausência. É o sorriso que abre o mar revolto de lágrimas. O amor é o silêncio. É a pausa. É a prece. É a cura da dor.
O amor não é feito para ser celebrado. O amor é para ser cultivado. Já parou para pensar que a agricultura é um dos maiores exercícios de paciência humana? Nada acontece da noite para o dia. E o amor é isso: é a semente que não tem pressa para nascer, porque é um sentimento que não cresce para morrer. O amor é fértil, mas não tem a única pretensão de gerar frutos. Por si só, ele já é tudo.
O amor não é feito de palavras. O amor é o silêncio das atitudes. É o que nos faz bem, mesmo quando o que nos faz bem não tem a ver necessariamente com a gente. É o pensamento positivo pelo próximo. É a gratidão. É a gentileza. É o calor do abrigo para quem tem o coração frio.
O amor não é feito para ser recíproco. Porque o amor não é uma resposta para o que se sente. Se você fala “eu te amo” esperando ouvir o eco da sua voz na boca do outro é melhor começar falando “eu te amo”, primeiramente, para você mesmo. Ou mesma. O amor é uma via de mão única, com destino definido. Mas sem a necessidade de volta.
O amor é uma pequena nascente no meio do nada que, pouco a pouco, ganha volume, força e direção. E, assim, pela correnteza cristalina do acaso, desagua no oceano de nossa existência. Não existe amor sem vida. Não existe vida sem amor. 
Do pouco o que eu sei sobre o amor, isso é tudo.
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