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Dois indigestos

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Rubens Lemos Filho 
Sou parte contrária à idolatria a dois jogadores tidos como sumidades:Toninho Cerezo e Roberto Carlos. A vantagem de ser  espichado no texto  é a memória detalhada e dissonante  de opiniões rocambolescas sobre esses dois. 
Comecemos por Toninho Cerezo. Volante do Atlético Mineiro, inegável habilidoso, exibia mobilidade exemplar, saltitando de meiões arriados pelos quatro cantos do gramado e abastecendo o gênio Reinaldo,  este sim, um centroavante superado apenas por Romário.
 Cerezo vinha do meio-campo com a bola dominada e tocava para Reinaldo deslocando-se para se habilitar ao passe ou a prender o marcador que ficava tonto e assistia Reinaldo passear em dribles secos, cortes bruscos e gols arquitetônicos. 
Em 1978, na Copa da Argentina, o Capitão Cláudio Coutinho, treinador do escrete, tinha em Cerezo a âncora do seu esquema tático, circulando pelas pontas, atraindo adversários e preparando o terreno para as tabelinhas de Zico e Reinaldo. Zico e Reinaldo sucumbiram à violência e foram barrados por Jorge Mendonça, do Palmeiras e Roberto Dinamite do Vasco. 
Os dois primeiros jogos do Brasil, contra Suécia(1×1) e Espanha(0x0), mostraram um time nervoso e inofensivo. Cerezo se escondia atrás do lateral-direito Toninho Baiano, falecido, e limitava-se a correr por destinos inúteis e congestionados. 
Pior foi quando o Brasil teve de enfrentar a Argentina no segundo jogo das semifinais, que eram disputadas  em dois grupos de quatro seleções com os primeiros lugares decidindo o título e os segundos colocados, o terceiro lugar. 
Quem sabe tenha  sido o jogo apocalíptico entre os rivais nos últimos 45 anos. A Argentina, com medo do Brasil, que os Hermanos não venciam desde 1970, o Brasil moldado pela força bruta do pragmatismo . Cerezo participou normalmente do jogo anterior contra o Peru(3×0) e acusou dores na coxa. 
Coube ao ponta-direita Búfalo Gil, entrevistado pelo portal Museu da Pelada, do Rio de Janeiro, revelar o medo de Cerezo, que, segundo o atacante, simulou contusão para fugir da pressão da Batalha de Rosário. Cerezo voltaria como se nada tivesse acontecido, na partida contra a Polônia(3×1). 
Pior foi em 1982. A mídia o colocou no mesmo nível dos três verdadeiros monstros sagrados: Falcão, Sócrates e Zico. O quarto sobrenatural era o maior homem de defesa que assisti: Leandro, um meia improvisado na lateral-direita. 
Cerezo, tímido na primeira fase, ajudou a Itália a nos despachar para casa dando um passe medido para o segundo gol de Paolo Rossi, caindo no choro quando Falcão fez 2×2 e botando para escanteio uma bola que tinha dominada.
 Na sequência, terceiro gol de Paolo Rossi. Júnior, abobalhado dentro da trave, não acompanhou a linha de impedimento e ficou gesticulando frustrações   durante segundos. 
Certo, Cerezo foi campeão italiano pela Roma e Sampdoria, Mundial pelo São Paulo, trocentas vezes mineiro pelo Atlético. Não justifica a glorificação geral. Com a amarela, da mesma cor ficava. 
Roberto Carlos é um subproduto galvãobueniano. Excelente chutador e apoiador, deve ser analisado sem o frenesi da tietagem. A turma do ponto com ponto br o coloca como o maioral, sabe-se lá como, ainda atrás de Nilton Santos. 
Nas Olimpíadas de 1996, fez gol contra, na Copa do Mundo dois anos depois, inventou uma bicicleta geradora de  gol dinamarquês nas quartas de final, chutou a bandeirinha na tremedeira coletiva da final contra a França de Zidane. 
Esteve bem(nada excepcional fazendo gol na China) no Penta em 2002 e  ajeitava o meião em hora imprópria no gol de Henry da França na segunda paulada de Zidane em oito anos. Suas falhas foram mortais. 
Melhores que ele: Júnior, Marinho Chagas, Marco Antônio, Branco e Mazinho quando escalado na função da camisa 6. Nem Cerezo nem Roberto Carlos. Eles foram segundo escalão. Inflados pela patriotada da imprensa e da certeza, de ambos, de que foram  craques cuja mérito  é delírio ufanista. 
Sangria 
O ABC sangra em suas finanças pelas dívidas trabalhistas que bloqueiam contas e impedem o clube de respirar. 
Penúria 
É claro que quem trabalha tem de receber e o ABC, ao longo dos anos, contratou errado. O resultado é a penúria que ameaça de verdade o seu futuro. 
Submundo 
Acontece que, no submundo do futebol, jogador ao ser contratado, aceita receber o mínimo na Carteira de Trabalho e a maior parte por fora. 
Indignidade 
Quando perde o emprego, o jogador comete a indignidade de cobrar o extra que concordou em receber fora da lei. Sou do tempo da palavra mais forte que o papel e quem vai à justiça depois de usufruir do valor total nasceu sem hombridade. 
Recorrente 
Mesmo penalizados, tanto o ABC quanto os outros clubes aceitam esse jogo perverso. Quem pode pouco, paga pouco. Quem não pode com o pote, não segura na rodilha. 
Vampiros 
Contra os clubes, agem vampiros que pulam sobre  atletas e enfiam seus dentes gananciosos no pescoço dos clubes. Chupando o sangue e o dinheiro, figuras nefandas lucram com a desgraça, enriquecem da usura. 
Deus Proteja o futebol. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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