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Dois mundos expressos na arte

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Ramon Ribeiro
Repórter

Apesar da globalização aproximar regiões, a arte que brota em cada terra traz em si os nutrientes específicos de cada solo. Brasil e Europa, por exemplo, apresentam produções artísticas distintas. Mas há pontos de intersecção, afinal, o país tupiniquim tem em seu solo resquícios de europeus colonizadores. Esses dois mundos, Brasil e Europa, se encontram na exposição coletiva “Euro-Brasil”, a ser montada na Pinacoteca Potiguar. A vernissage acontece na próxima sexta-feira (28), a partir das 18h30, com a presença de artistas participantes da mostra. Na ocasião também irá acontecer uma performance de dança com os bailarinos Anízia Marques e Alexandro Rocha. A entrada é gratuita.

A coletiva reúne criações de 21 artistas, sendo 11 da Europa e dez do Rio Grande do Norte. Dentre os europeus estão Wolfgand Bogner, René Fadinger, Reinard Schell, Larissa Tomassetti, Frank Tomassetti e Walter Tomaschitz, da Áustria, Marek Mann e Stefan Soravia, da Alemanha, Lado Jaksa, da Eslovênia, Franco Oliveri, da Itália, e Mathieu Duvignaud, da França. Mathieu já viveu em Natal e chegou, inclusive, a ser diretor da Pinacoteca Potiguar.

Coletiva “Euro-Brasil” propõe encontro e diálogo entre artistas plásticos de nacionalidades e produções artísticas distintas. A coletiva, aberta próxima sexta-feira na Pinacoteca, vai exibir criações de 21 artistas, sendo 11 europeus e dez potiguares

Dos norte-riograndenses, marcam presença Fabio di Ojuara, Dione Caldas, Marcelus Bob, Sayonara Pinheiro, Iaperi Araújo, Avelino Araújo, Adalida Suassuna, Rosa Maria, Francisco Vilela e Arlete Silva. A curadoria é do potiguar Fabio di Ojuara e do austríaco Reinhard Schell. A realização é da Associação Áustria-Brasil, a qual é atualmente presidida pela potiguar Verônica Schell.

Cada artista participa da exposição com uma obra. Segundo Ojuara, os trabalhos variam entre fotografias, instalações, esculturas e pinturas, indo do clássico ao contemporâneo. Além das peças, a exposição também contará com um monitor montado para a exibição obras do austríaco René Fadinger.

“Em Natal é raro recebermos exposições de artistas estrangeiros. Então essa coletiva dá aos potiguares a oportunidade de conhecer e refletir um pouco sobre a produção artística do outro lado do Atlântico. Ao mesmo tempo, temos obras de artistas locais para se observar até que ponto há similaridades e distanciamentos”, comenta o curador potiguar.

Ojuara tem uma parceria com a Associação Áustria-Brasil desde 2007. Em uma década, ele praticamente foi todos os anos ao país da Europa Central expor trabalhos. Mas da parceria também já vieram artistas para expor em Natal, como Reinard, Mathieu e Marek. Agora é a vez de ampliar a os olhares promovendo uma mostra mais abrangente de trabalhos.

O intercâmbio em Natal também vai propiciar dois dias de workshop na cidade. No sábado (29) e domingo (30) os artistas – potiguares e europeus – estarão na Pinacoteca para conversar sobre seus processos criativos, numa espécie de atelier aberto. De acordo Ojuara, não precisa de inscrição, basta os interessados comparecerem.

“Esse intercâmbio é um momento importante para trocas entre os artistas de fora. A associação tem o interesse de promover exposições da arte brasileira na Áustria e esse contato acaba sendo uma boa oportunidade para os artistas locais mostrarem seus trabalhos”, conta Ojuara, que em novembro irá ao país austríaco para montar uma exposição com seus trabalhos. “Na Áustria se vê um interesse mair da população pelas artes visuais do que no Brasil. Lá se consome muito por investimento também. Eles gostam de conhecer o artista, saber se ele é comprometido ou se está na arte só a passeio”.

Similaridades
No texto da exposição, o artista e diretor adjunto da Fundação José Augusto, Iaperi Araújo, escreve que reunir numa única mostra um conjunto de artistas com “estilos diversos, estímulos criativos diferentes e formação diversificada pode ser uma temeridade”. Mas ele alerta: “é sempre uma descoberta”. “Se os artista europeus são mais cosmopolitas, os artistas brasileiros têm uma expressão artística muito forte e ancestral na pintura naif, que representa com seus temas e cores a identidade nacional”, diz.

Sobre proximidades entre os trabalhos potiguares e europeus na exposição, o curador potiguar afirma que existem, mas que são poucas. “A Europa tem uma idade artística muito antiga. Tivemos muita influência das artes de lá. O modernismo brasileiro, por exemplo, foi uma espécie de releitura do modernismo europeu. Talvez por essa influência, é possível encontrar ainda hoje pontos em comum entre as produções das duas regiões”, reflete Ojuara.

Sendo mais específico, ele vê características similares entre os trabalhos da austríaca Larissa Tomassetti e de Marcelus Bob. “É possível observar no abstrato surrealista da Larissa, que eu prefiro chamar de abstrato figurativo, um uso de cores semelhante ao universo de cores de Marcelus Bob”, diz. Mas nesse caso, o potiguar acredita se tratar mais de uma feliz coincidência do que ecos da arte de um país sobre o outro.

Serviço
Exposição “Euro-Brasil”
Pinacoteca Potiguar (Praça Sete de Setembro, s/n, Cidade Alta).
Vernissage: 28 de julho, às 18h30.
Visitação: até 28 de agosto, sempre das 8h30 às 17h, de terça a domingo.

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