Pode minimizar o pregresso prêmio de O Pagador de Promessas, de 1962, e as resenhas de Cidade de Deus, de 2002. O cinema com a assinatura de um brasileiro agora se divide entre antes e depois de Dois Papas, dirigido por Fernando Meirelles e em cartaz desde dezembro na Netflix. O que estou querendo dizer é que tecnicamente nunca houve tanta qualidade num filme com presença brasileira, assim como não tivemos ficção tão bem composta.
O diretor brasileiro conseguiu, guardadas as devidas proporções e histerias, aquilo que Orson Welles fez em 1938 com um texto de H. G. Wells interpretado no rádio. As pessoas estão acreditando piamente nos encontros dos papas.
No filme, o alemão Joseph Ratzinger e o argentino Jorge Bergoglio, que seriam ungidos Bento XVI e Francisco, se reúnem várias vezes em circunstâncias sem precedentes na história do Vaticano. E não há verdade literal nos diálogos.
O drama bem imaginado por Meirelles e o roteirista Anthony McCarten começa com o bispo argentino viajando à Roma para pedir permissão para se aposentar, mas é rejeitado pelo pontífice que confidencia desejo de renúncia.
Se a carta de demissão é verídica, o deslocamento até à comuna de Castel Gandolfo, residência de verão dos papas, bem como o teor da extensa conversa é pura criatividade baseada nas visões distintas dos dois religiosos.
E o que poderia ser um arrastado papo de dois idosos cansados, ganha na objetividade de Meirelles um tom nervoso e uma sequência de suspense e tensão em primorosas edições de flashbacks de ambos na eleição do concílio.
Os diálogos de Bento e Francisco se desenrolam numa ficção baseada em seus posicionamentos pessoais revelados em textos e discursos, assim construindo o debate de duas visões antagônicas sobre o destino da igreja.
A narrativa se localiza no período entre 2005 e 2013, quando Ratzinger e Bergoglio comporiam uma rivalidade eleitoral no Vaticano, ao mesmo tempo em que enfrentam os seus fantasmas internos, estes sim fatos verdadeiros.
A austeridade conservadora do alemão é atingida por corrupção e escândalos de bispos e padres, enquanto a bondade progressista do argentino se colide com um passado de relações com o regime militar do seu país a partir de 1976.
Dois Papas é quase um thriller silencioso na força do debate que expõe as vísceras católicas, e é uma obra de ficção que de tão bem elaborada ilude os incautos. E como cinema, coloca o Brasil pela primeira vez, de verdade, na fila do Oscar.
Reação mais que necessária dos EUA contra milícias terroristas do Iraque que, sob o comando de um general iraniano, assassinaram soldados americanos e civis em dezembro. Bombardear o terror não é terrorismo, como quer o Irã.
O cinismo
Quem diria que veríamos a militância de playground defender um general miliciano? Logo que o militar iraniano explodiu no ataque de Trump, a esquerdopatia cuspiu ódio contra os EUA em defesa do terrorismo no Iraque.
O cinismo 2
No plano provinciano, o tipo de indignado que votou em Natália Bonavides ou Fernando Mineiro criticou o “maluco do Trump”. Ou seja, choro e ranger de dentes pelo general iraniano, silêncio sobre o assassinato do Coronel Nunes.
Incêndios
A mídia mundial repercute desde as primeiras horas de 2020. Mais de meio bilhão de animais morreram nos incêndios da Austrália. E a indignação de encomenda do Macron e da Greta só existiu para a girafa morta na Amazônia.
O papa
“É preciso carisma, é preciso autoridade divina para descer de um carro, em meio à multidão faminta e doente pela guerra, e abrir-lhe os braços, paternalmente, dando-lhe alento e, depois, retirar-se ileso”. (Marcelo Tenório)
Carne forte
A pecuária nacional está em festa. O aumento nas exportações iniciado em 2018 se consolidou em 2019 registrando recordes e fazendo do Brasil o maior exportador de carne bovina do planeta. Só quem tem carne fraca, resmunga.
Fundo de investimento
Criado em Natal pelo economista Karol Diniz, o fundo de ações Marsupial Kanguru FIA surpreendeu o mercado investidor aparecendo entre os de maior rendimento de 2019. Junto a gigantes como BTG, Alaska, Dynamo e Atmos.
O fundão
Há coisa mais feia do que votar a favor do fundo partidário que vai torrar R$ 2 bilhões dos cofres públicos na farra eleitoral. Se omitir da votação, sem sequer aparecer no plenário, é mais grave. Confiram os nossos deputados fujões.