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Domínio alemão testado nas urnas

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Marcus Walker – Agência Estado-Dow Jones

Berlim (AE) – No mês passado, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ouviu o apelo do papa Francisco, em sua missa inaugural no Vaticano, para que os poderosos cuidem dos mais fracos. Horas depois, a caminho do aeroporto, Merkel recebeu uma ligação desesperada do presidente do Chipre, Nicos Anastasiades. “Preciso de mais solidariedade”, pediu ele, segundo autoridades que presenciaram a conversa, ocorrida em 19 de março. Na época, Parlamento cipriota estava prestes a rejeitar o acordo de resgate com a zona do euro e o pequeno país se aproximava da ruína. “Não vou negociar com você. Você precisa falar com a troica”, respondeu Merkel, referindo-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI), à Comissão Europeia e ao Banco Central Europeu (BCE).
Merkel: tentativas de minimizar papel dominante da Alemanha
#SAIBAMAIS#A reação estava de acordo com suas tentativas de minimizar o papel dominante da Alemanha na reestruturação da zona do euro, mas poucos na Europa acreditam em seu disfarce. A força alemã na Europa vem criando tensões. Muitos gregos e espanhóis culpam a exigência alemã de austeridade pelas crises financeiras e recessões econômicas em seus países.

Na segunda-feira, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirmou que a política de austeridade apoiada pela Alemanha não tem mais o apoio público necessário para funcionar. O ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, respondeu no dia seguinte que a redução do déficit é a única forma de reconstruir a confiança dos investidores na zona do euro.

Em setembro, apesar de as pesquisas indicarem uma disputa acirrada, a expectativa é de que Merkel conquiste um terceiro mandato como chanceler. Isso significa que a sua agenda dominará a resposta da Europa a crises por anos e a sobrevivência do euro pode depender do sucesso da sua estratégia.

Sua abordagem é colocar o ônus nos países em dificuldades para salvar o euro, cortando seus déficits orçamentários e custos trabalhistas. A estratégia é tão popular na Alemanha quanto é impopular nos países periféricos da Europa.

Os críticos alertam que anos de cortes como esses podem provocar profundos danos às economias e à estabilidade política dos países mais fracos. “A recessão que está sendo imposta a esses países pode durar muito tempo”, disse Paul De Grauwe, professor da London School of Economics e um dos mais respeitados economistas da Europa. “A percepção da Alemanha é prejudicial.”

Os alemães confiam em Merkel mais do que em qualquer outra autoridade para salvar o euro e proteger o dinheiro dos contribuintes da Alemanha. No entanto, se a recessão da zona do euro começar a respingar mais na Alemanha, a pressão pode aumentar para que Merkel repense sua abordagem. Alguns analistas afirmam que o país pode considerar estimular o crescimento por meio de um programa de investimentos públicos após as eleições.

Merkel está convencida que está guiando a Europa para a frente, livrando os governos de dívida e eliminando riscos como os dos bancos cipriotas, segundo seus conselheiros. Porém, mesmo os políticos europeus que concordam com Merkel em relação às reformas afirmam que a Alemanha precisa fazer mais para impulsionar o crescimento.

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