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Dorian Gray restaura painéis da antiga Cefet

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Tádzio França – repórter

A arte gráfica em paredes e murais, anterior ao grafite, está sendo apagada aos poucos da paisagem urbana natalense. Um dos raros exemplares está recebendo o devido tratamento restaurador pelas mãos de um de seus autores e principais artistas: desde a semana passada Dorian Gray está trabalhando na restauração de quatro painéis-murais na IFRN (antiga Cefet), pintados por ele e Newton Navarro em 1967. Ele está realçando as cores, retocando as partes danificadas pela ação do tempo e fixando as imagens.

O pintor Dorian Gray Caldas restaura quatro painéis nos corredores da IFRN. Dois de sua autoria e os outros do contemporâneo Newton NavarroOs painéis estão nas quatro rampas de acesso às salas de aula, no gabinete da direção e no antigo refeitório. Sob o tema “Leitura e Trabalho”, Dorian e Newton expressaram suas influências modernistas. O trabalho, de indiscutível valor histórico, está sendo restaurando com os mesmos materiais usados há 43 anos. “Apesar do desgaste, os desenhos estavam bem conservados. A umidade prejudicou muito, por isso foi preciso restaurar a parede. Estou usando nanquim e grafite, texturizando com cera, e fixando as imagens com verniz incolor, para conservá-las o máximo possível”, explica. O serviço estará  concluído até o próximo dia 28.

Os desenhos representam temas folclóricos como bumba-meu-boi, coco de roda e coroação de reis, habituais nas obras de Dorian e Navarro. Muitos trabalhos estão espalhadas pela cidade, feitos sob encomenda do estado, prefeitura e particulares. “Muita coisa que fizemos já não existe mais. As pessoas inadvertidamente desfazem as obras, sem consciência do valor artístico deles”, analisa. Ano passado, ele restaurou painel no auditório do Sesc, na Cidade Alta, e também no DNER.

Um dos seus trabalhos mais conhecidos, o painel da Praça das Mães, não foi restaurado do jeito que gostaria. “A cerâmica vidrada estava muito danificada. Não é mais como antes”, observou. A conservação, muitas vezes, é uma iniciativa particular. “Infelizmente, não há um catálogo dessas obras. Tudo está muito disperso, e não há uma preocupação imediata do patrimônio histórico em fazer esse trabalho”, lamenta. Dorian lembra do mais grandioso trabalho de Newton Navarro, na finada galeria de arte da prefeitura, na Praça André de Albuquerque, perdida para sempre. Dorian possui trabalhos em diversos lugares: da Ribeira (no prédio da Previdência Social) ao hotel Pirâmide, na Via Costeira, onde consta 700 obras suas, de tapeçaria à cerâmica. Material para um belo catálogo é o que não falta.

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