Ticiano Duarte – jornalista
Ganhei do meu amigo Lauro Bezerra, médico, escritor e ex-deputado estadual, um pequeno documentário do rico acervo deixado por Teodorico Bezerra, ex-deputado, ex-vice-governador do Estado e ex-presidente do poderoso Partido Social Democrático, (PSD) do Rio Grande do Norte, constituído de cartas, telegramas, boletins, de um período importantíssimo da nossa história política, de 1945 até aos anos 70.
Nas gavetas de minhas estantes, abarrotadas, deparei-me com um documento que me transportou aos anos de 1955 a 1960. Era eleição para composição da Décima Nona Legislatura Estadual, 1955-1956-1957-1958-1959, eleita em 03 de outubro de 1954 e empossada em janeiro do ano seguinte. O PSD, Partido Social Democrático, elegeu 13 deputados; a Aliança Democrática Cristã (União Democrática Nacional e Partido Democrata Cristão – UDN/PDC -, 11; a Aliança Social Progressista (PSP), 7; o Partido Republicano (PR), 1 (um) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), 2, num total de 34 parlamentares.
No ano seguinte, 1955, deu-se a eleição para o governo do Estado, em 03 de outubro, com a posse em janeiro de 1956, saindo vitorioso, o então senador Dinarte de Medeiros Mariz. O PSD elegera, em 1954, os deputados, Jessé Freire, José Lúcio, Israel Nunes, Francisco Bittencourt, Joaquim Câmara, Manuel Torres, José Vinício, Ubaldo Bezerra, Túlio Fernandes, Aluísio Bezerra, Newton Pinto, Mesquita Filho e Veras Saldanha. A Aliança Democrática: Jocelyn Villar, Lindalva Fernandes, Cortez Pereira, Pereira de Macedo, Aristófanes Fernandes, Waldemar Veras, Genésio Cabral, Wilson Pereira, Stoessel de Brito, Manuel de Brito e Ney Marinho; a Aliança Progressista; Múcio Ribeiro Dantas, Djalma Maranhão, Pedro Leite, Hélio Dantas, João Frederico, Gilberto Tinoco e Miguel Rocha; o Partido Republicano; Manoel Avelino e o Partido Trabalhista Brasileiro, Ramiro Pereira e Clóvis Mota.
O PSD (Partido Social Democrático) que elegeu os governadores José Augusto Varela, Dix-sept Rosado Maia (em aliança) sucedido por Silvio Pedroza, em nota oficial, datada de 12 de outubro de 1955, assinada pelos integrantes de sua bancada e aliados do PTB, PR e dissidentes da UDN e PSP, firmava posição em termos de bloco único, no sentido “de fazer uma oposição construtiva ao futuro governo do senador Dinarte Mariz”. No item II do referido documento está escrito que tal posicionamento consistia em apoiar atos e leis do novo governo, que visassem “o desenvolvimento econômico e financeiro do Rio Grande do Norte e o bem estar de sua população”.
E no item III, “denunciar os atos de S. Excia. que demonstrem qualquer perseguição feita a funcionários públicos nossos correligionários políticos, o que vai de encontro aos legítimos princípios do regime democrático, hoje instaurado no Rio Grande do Norte”. Os dissidentes da UDN e PSP eram os deputados, Jocelyn Vilar que disputara e perdera a eleição para o governo, com o apoio do PSD e Stoessel de Brito; do PSP, o deputado Hélio Dantas que representava o município de Macau.
O deputado Manoel Avelino do PR, de Areia Branca, elegera-se com ajuda da família Rosado. Na eleição de 1959, Vigésima Legislatura, o PSD reelegeu José Vinício, Manuel Torres, Jocelyn Vilar, Newton Pinto, Mesquita Filho, Israel Nunes, Aluísio Bezerra e Manoel Avelino que passara a integrar a legenda. E a UDN coligada ao PR, formando a Frente Popular Democrática, reelegeu Manuel de Brito, Waldemar Veras e Cortez Pereira. O PSP, partido do ex-presidente João Café Filho, transformou-se em PTN, fundado por Djalma Maranhão, que ficou na primeira suplência da deputação federal.
Foi nessa tumultuada legislatura que a Assembleia Legislativa dividiu-se, de forma traumática, em duas Casas, após o grave incidente em que saiu baleado o deputado Garibaldi Alves, dias depois do 03 de outubro que elegera Aluízio Alves ao governo do Estado. Criou-se a famosa Assembleia do Museu, dos deputados governistas, para aprovar o inventário político e administrativo do ex-governador Dinarte Mariz que tivera o seu candidato derrotado pelas urnas.
