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Dos guetos

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Vicente Serejo
Quando esta coluna, na edição de ontem, negou densidade individual às votações dos candidatos ideologicamente representativos da direita e da esquerda, tomou como parâmetro a camada espessa que retirou deles a visibilidade capaz de torná-los determinantes. Numa nova disputa proporcional, e mantida a proibição legal de alianças, exceto nas chapas majoritárias, significa apenas dizer que serão contribuintes na soma das nominatas em busca do coeficiente. 
Há uma exceção que foge à regra retratada pelos números: a votação de Sérgio Leocádio que não pode ser caracterizada, tão somente, como um posicionamento ideológico de direita. Drapejou em suas mãos a bandeira retórica da anticorrupção soprada pelo repúdio do eleitorado. Ainda em razão do rescaldo de uma rejeição que queima desde o fogaréu da Lava Jato a crepitar nas chamas das denúncias que mostraram verdades e também demonizaram a classe política. 
A experiência de observações a partir de resultados ao longo das últimas cinco décadas, parece demonstrar ser cada vez mais sólido o processo de guetização do voto nas eleições de vereadores, principalmente. São conquistados em três guetos: nutridos nas chamadas lideranças comunitárias; no voto realmente ideológico, principalmente nos casos mais específicos do PT e PSOL; e na prestação de serviços no campo do ativismo advocatício sindical e corporativo.  
É saudável o mural de alternativas partidárias, mas nasce ai uma fragmentação excessiva de siglas. Basta dizer que temos hoje mais de trinta partidos, sustentados, mas inegavelmente deformados, ainda mais com a força financeira do Fundo Partidário. Hoje, é confortável ser presidente de partido, mas essa força gerou verdadeiros ordenadores de despesa com a perigosa distorção permissiva de privilégios e discriminações, ainda que seus presidentes não assumam. 
Na campanha que acaba de desligar as suas urnas eletrônicas, a fragmentação de siglas pode ter sido o maior adversário dos partidos de direita e de esquerda, para não chegar ao seu limite, se considerada sua verdadeira pulverização. Os números mostram: todos acabaram com votações insignificantes, para não dizer diminutas, sem esquecer a precariedade das retóricas com as quais pretenderam sensibilizar o eleitor, sem saber quais eram suas reais expectativas.
Some-se a esta primeira fragmentação uma outra mais degradante: os critérios de divisão de tempos na tevê. Os grandes legislaram para que os fortes continuasse fortes e os fracos ainda mais fracos e sem saída, posto que não lutaram na hora certa por uma regra justa e democrática. Participar acabou sendo a aceitação tácita da regra. Aceitar é concordar. Mesmo que alguns racionalizem alegando razões que a prática nega. A vitória tem pai e mãe, mas a derrota é órfã. 
SINAIS – Chegam sinais de fumaça de um feiticeiro da tribo de Felipe Camarão de que o prefeito Álvaro Dias vai enxugar a equipe de governo. A peste não passou. É reduzir despesas. 
LUTA – Mesmo beneficiados pelo congelamento dos salários federais, Fátima Bezerra e Álvaro Dias não deverão escapar das pressões sindicais por reajustes de salários de algumas categorias.
PAUTA – A equipe de transição, em Mossoró, vai levantar quantos foram os contratados sob o regime de contratos provisórios nos meses anteriores à campanha. E quantos foram demitidos. 
MESA – Vem ai, com o charme bem nascido da tradição, o livro da professora Maria da Graça Ferreira de Souza de Viveiros – ‘Mesas de Maria’. Ela não faria um livro que não fosse perfeito.
POESIA – Depois de ‘Fogo do Verbo’, seu primeiro livro de poesia, o advogado Paulo Linhares lança novo livro, por uma editora nacional. Linhares não divulga o título. Espera ser lançado.
MAIS – Por falar em lutar com a palavra, Linhares toca em silêncio dois romances sem data para lançá-los. Cuidará do desenvolvimento de Mossoró, a convite do prefeito Alysson Bezerra. 
HORÓSCOPO – Fontes petistas já admitem: com mais de seis mil votos, Divaneide Basílio já está na pista para disputar em 2022 uma vaga na Assembleia Legislativa. Ela atua com arrojo.  
SORTE – De Nino, instado a opinar sobre a performance de Paulinho Freire nas urnas: “Ele mostrou que nem sempre ter azar no jogo é sorte no amor. Teve sorte nos dois”. E deu um gole.
FORTE – Repercutiu com alguma intensidade, embora de forma velada, a declaração de Álvaro Dias ao apontar Ezequiel Ferreira e Rogério Marinho como as principais alternativas tucanas para o governo, em 2022. Postura partidária valorizando o partido que abrigou sua candidatura.
EFEITO – Nas especulações, é pouco provável, até este momento, que o hoje ministro Rogério Martinho dispute o governo. Acordaria duas pesadas baterias críticas: as reformas trabalhista e previdenciária, recebidas pelo cidadão comum como fortemente prejudiciais aos assalariados. 
QUEM? – Por exclusão natural, fica o deputado Ezequiel Ferreira de Souza, atual presidente da Assembleia, que não parece disposto a abrir mão do Poder Legislativo sem a absoluta certeza de eleição. Nesta configuração, Álvaro é reconhecido por sua capacidade de agregação e luta.  
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