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Dos louvores a Santa Luzia

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Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal

Queridos irmãos e irmãs! Em primeiro lugar, parabenizo a Diocese de Mossoró, por ter escolhido este tema para celebrar a festa de sua padroeira, Santa Luzia: “50 anos da Igreja na presente transformação da América Latina à luz do Concílio Vaticano II: Medellín”.

De fato, aquele acontecimento da Igreja latino-americana, a 2ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, em 1968, na cidade colombiana de Medellín, procurou traduzir, na vida e no jeito próprio de viver a fé, as intuições renovadoras do 2º Concílio Ecumênico do Vaticano. É sempre proveitoso e instigante voltar a olhar o Documento de Medellín. Sim, lá a Igreja na América Latina, assume a renovação eclesial, onde, graças ao Espírito Santo, a Igreja se aproxima do homem e da mulher. Não mais uma Igreja que olha o mundo com distância, com desconfiança, não mais pensando: “a Igreja e o mundo”, mas: “A Igreja no mundo”. Como é possível acreditar no plano de Deus, vendo e presenciado as injustiças cometidas contra o ser humano, criado à imagem de Deus? Como é possível anunciar a Palavra libertadora de Cristo a homens e mulheres desfigurados por um sistema iníquo e desumano? Como é possível viver a fé, sem a liberdade e o respeito pelos direitos fundamentais da pessoa, da comunidade e da sociedade? Medellín foi um grito de esperança, de apostar numa Igreja que não se preocupa consigo mesma, quase como se pensasse ser uma instituição unicamente material, uma empresa que visa lucro e de manutenção do seu status. Medellín assume a perspectiva antropológica de reconhecer: falamos de Deus, falamos do homem; ouvimos a Palavra de Deus nas palavras humanas; elevamos os olhos para o alto, sem deixar de ter os pés fincados na terra. Assim, queridos irmãos e irmãos, devotos de Santa Luzia, Medellín, na mesma confiança da jovem Luzia de Siracusa, confia na ação libertadora e beatificante do Espírito de Deus, força e sustento para a comunidade, a sociedade e para cada homem e mulher.

Precisamos ter coragem para realizar a nossa missão, a exemplo de Santa Luzia, jovem menina, forte cristã, que não teve medo de seguir na fidelidade ao seu único amor. Também nós, tenhamos coragem de seguir o caminho de Cristo, que é o caminho da paz. “Senhor Jesus Cristo, que dissestes aos vossos Apóstolos: Eu vos deixo a paz, Eu vos dou a minha paz” (MISSAL ROMANO. Rito da Comunhão), assim rezamos na Liturgia. “A paz esteja convosco”, disse o Senhor ressuscitado, aparecendo aos Apóstolos (cf. Jo 20,21). A paz é dom de Deus para nós. Mas, é preciso cuidar desse dom. é preciso construí-la. Como fazemos? O testemunho de Santa Luzia nos ensina: só é possível construir a paz acreditando nela, anunciando-a e vivendo as bem-aventuranças. Elas nos ensinam a acreditar que a nossa vida não é pedaço de um conjunto de moléculas que vagem pelo Universo, ou um emaranhado de células que tiveram a sorte de se juntarem e formarem, ao acaso, o que o sistema do corpo humano que somos nós. Não, nós somos o resultado de uma expressão de amor. Quando Deus, que é em si mesmo, comunhão de vida e pleno amor, resolve dar desse amor a outro ser, diferente dele, mas sempre relacionado a Ele, surge a natureza humana. Somos feitos, criados à sua imagem. Lá no mais íntimo de nós está a semente da paz, porque somos conduzidos a ser imagem daquele que é o Príncipe da Paz, o Pai para sempre, Deus forte, Conselheiro admirável, Ele, o filho que nos foi dado, nascendo duma Virgem, Ele, que nasceu para nós (cf. Is 9,5).

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