sábado, 20 de abril, 2024
25.1 C
Natal
sábado, 20 de abril, 2024

Dos singelos

- Publicidade -
Vicente Serejo
Como pago o preço de não acreditar muito na erudição de certos doutores – muitos sabem de verdade, claro, mas outros vivem da patente – acabei outro dia taxado de singelo, a forma sutil de afiar as palavras na pedra de amolar as finas ironias, ou modelar no mais puro lavor. Ouço calado, fico ruminando – pra que negar? – mas findo conformado, afinal de contas não é possível esperar a boa glória nas páginas sempre pobres, grandes e soltas, de um jornal. 
Ninguém se faz singelo porque quer, nem se consagra só por ter vontade. A gente já nasce sem o ouro e a púrpura da glória. E vai indo e vindo, nas voltas dos anos, se o orgulho não se importa do esquecimento. O mundo é feito dos títulos e fortunas intelectuais, enquanto a outros, e não somos infelizes só por isso, é dada a vida banal, quando não é vulgar. Tanto mais se assim vai embalando os sonhos e tatuando na pele o desenho das sonhadas ilusões. 
Não é agradável ser acusado de singelo ou de uma alma empobrecida pela singeleza, mas não nego o direito de quem julga assim. Reconheço que não é fácil esconder quando se é singelo. Um dia, de tão evidente, acaba mesmo caindo nos olhos do inteiramente outro se consideradas as afeições e desafeições que a vida vai juntando e ajuntando, como queira. Embora, às vezes, tenha o condão de até nos tornar dispensáveis de tão singelos que somos. 
O problema nos singelos é quando, por alguma razão, o dardo envenenado zarpa lá da zarabatana, certeiro e fatal. O ardor pode despertar o amor próprio que existe e apenas dorme. É que o amor próprio não tem muita noção da vida tal como ela é do lado de fora da alma. Vive prisioneiro das conveniências. É melhor assim. A chave da felicidade é não cometer o desatino de imaginá-la maior do que se tem direito, se você é tão pouco e mesmo tão comum.
A ambiguidade diz do singelo aquele a quem se acusa de vulgar e banal, mas também de alguém desprovido de requintadas titularidades, simples, sem orgulho. Essa plasticidade de polissêmicas acepções garante qualquer justificativa, inclusive elogiosa. Sabe-se, e está nos dicionários, que ter singeleza é ter tudo quanto é singelo. Qualquer coisa fácil, o que acaba sendo a qualidade de não resistir ou cair na tentação apenas com o mimo fácil da palavra. 
Singelo, pois, é esse destino de ser e de só ser, sem o travo da frustração. A não ser a estranha sensação de algo injusto, talvez irônico, quem sabe imerecido. Ainda que não seja, mas, se bastou ter sido, já derrama vinagre na alma incapaz de compreender que a vida é feita dos doces e amargos que a gente inventa, reinventa e engole todas as horas do dia e da noite. Como advertiu o poeta Vinícius de Morais, a vida é pra valer… não é de brincadeira não… 
Atenção
Pode ter sido coincidência, mas o fato vem gerando graves marcas na imagem da governadora Fátima Bezerra: a reforma só veio depois de aprovado o aumento dos grandes. 
Efeito
Num ponto, a crítica é incontestável: se os 16,38% estivessem em plenário ao lado da proposta da reforma a repercussão talvez tivesse inviabilizado um tratamento tão desigual. 
Brasa
De uma velha raposa política olhando o pelo tostado das jovens raposas petistas no fogaréu da reforma: “Melhor aceitar que foi erro. Do contrário fica provado o combinemos”.
Mentira
No vídeo que está no ar o deputado Kelps Lima faz uma afirmação intrigante: o candidato do ‘Solidariedade’ perdeu porque não mentiu. Dedução: Fátima mentiu e venceu?

Injusto
O professor Rinaldo Barros recebeu o valor inicial da indenização pelas prisões e torturas que sofreu, mas faleceu sem receber da União a correção monetária de seus valores.
Lua
Versos lidos na parede do Beco do Batman, em São Paulo, e anotados por Diógenes da Cunha Lima, encantado com a sua leveza: “Menino de rua / o último a dormir / apaga a lua”. 
Prêmio
É justo que o ex-deputado Rogério Marinho ganhe um ministério. É recompensa pelo gesto de oferecer-se em sacrifício encarnando as reformas do trabalho e da previdência. 
Aliás
A chegada de Rogério ao ministério pode significar sua candidatura ao Senado ou ao governo. Basta desincompatibilizar-se com boa folha de serviços. Se desta vez fizer o bem.  
Guerra
Dois olhos federais, qualificados e ligados à terra, examinam com serenidade se seria possível pedir apoio da União para preservação, como patrimônio nacional, de alguns ícones identificadores da II Guerra em Natal. Antes que a voragem obreira queira devorá-los. 
Cuidado
O estudo preliminar vem sendo feito de forma discreta em razão da necessidade de segurança jurídica e lastro legal. Não há prazo nem compromisso. A iniciativa só tomará a configuração de pedido formal se as conclusões conduzirem para uma possibilidade jurídica. 
Base
Mesmo em termos preliminares, os estudos tomam como base a pesquisa documental do historiador Rostand que reuniu em “Lugares de Memória” o rol documentado de todas as edificações utilizadas pelos americanos na II Guerra Mundial. São 27 edifícios históricos. 
- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas