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E já faz 40 anos

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Alex Medeiros 
O verão de 1982 já estava acabando e a vida começava a voltar nos corredores (também nos espaços baldios) da UFRN, onde as resenhas nos arredores do RU variavam entre política e cultura. Ao final, eu descia margeando o muro do do 7º Batalhão de Engenharia, dobrava na Norton Chaves para subir a Kerginaldo Cavalcanti. Almoçava e tomava o rumo da Cidade Alta, onde as coisas aconteciam para minha geração naqueles anos.
Num daqueles dias, eu havia tomado uma decisão um tanto difícil, fazer uma escolha para me dar de presente um mimo com o dinheiro que ganhei para confeccionar um cartaz para a Fundação Dinarte Mariz sobre uma palestra do cientista político Francisco Weffort. Talvez tenha sido meu primeiro anúncio. Lavoisier Maia, presidente da FDM, mandou eu buscar a grana na Livraria Universitária. Havia dois lançamentos de 1981 que muito me interessavam.
Acho que no meio do ano tinha chegado nas lojas de discos o LP “Outras Palavras”, de Caetano Veloso; e próximo ao natal, Gabriel Garcia Marquez estava nas gôndolas com o romance “Crônica de uma Morte Anunciada”.
Eu não iria torrar o troco inteiro, por isso decidi que só podia escolher um autopresente. Ponderei muito e escolhi o livro do colombiano, deixando para depois – bem depois – a bolacha do baiano. A velha edição da Record tá aqui.
Quarenta anos depois daquela novela mágica, alguns outros livros dele foram se incorporando ao acervo, mas nenhum tendo o peso do contexto em que adquiri a incrível história de amor e que o autor considera a sua melhor.
“Crônica de uma Morte Anunciada” é sobre o raro caso amoroso que existiu entre Bayardo San Román e Ângela Vicário e o pobre Santiago Nasar, o bode expiatório que abre a trama morrendo, como um roteiro de trás para a frente.
Foi o sétimo romance do escritor, que já havia rompido os limites da Colômbia em 1967 com “Cem Anos de Solidão”. Apesar de lançado em 1981, Garcia começou escrevendo trinta anos antes, em 1951, como uma reportagem.
Tornou-se sua obra mais realista, pois era inspirada em acontecimento histórico ocorrido na sua cidade natal. Ele dizia que cada linha das suas narrativas de realismo fantástico era baseada em fatos que ele lapidava.
Gabriel García Márquez morava num povoado de Aracataca, que se situava quase aos pés da Serra de Santa Marta, nos Andes da Colômbia, costa do Mar do Caribe. De lá ele criava as referências para sua obra, como aquela morte.
O protagonista Santiago, acusado de desvirginar a recém-casada Ângela – e assassinado por isso – era Cayetano Gentile, amigo de juventude do autor e morto por motivo similar em 1951, acusado de deflorar Margarita Salas Chica.
O livro teve um sucesso imediato no lançamento e não foram poucos os jornais da que optaram pelo trocadilho nas manchetes dos cadernos culturais. Cada uma ao seu estilo dizia a mesma coisa: “Crônica de um Êxito Anunciado”.
Quatro anos depois, eu tive o mesmo impacto com outro livro dele, “O Amor nos Tempos do Cólera”, leitura com prazer dimensionado pela expectativa da chegada do primeiro filho. Fui votar para prefeito em São Paulo com o livro.
Ah, o disco de Caetano eu só fui adquirir já no início dos anos 90, quando decidi completar a coleção de vinil. Há poucos anos, fui arrumar a discoteca e encontrei dois LPs “Outras Palavras”, que ainda estão aqui, junto com os amores do Gabo.
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