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E la nave va!…

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Vicente Serejo
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ponte newton navarro
Nunca tivemos, apesar dos sábios que se exibem a cada discussão técnica, a noção correta de tombamento, a não ser na consciência dos cultos de verdade, como o arquiteto e escritor João Maurício – maior estudioso e documentador da história urbana da cidade. Levamos no improviso, entre gostos e desgostos pessoais, arregimentados por amores e ódios de leigos daqui e dali, agora nutridos pelo furor das redes sociais na sua agressividade.

No governo militar, o conceito de tombamento foi abrandado por conveniência. As obras restauradas são silenciosas – as artes vivas gritam e denunciam – embora tenham sido valorizadoras das coisas locais e libertando a preservação do rigor que desde o tempo de Gustavo Capanema, ministro de educação de Getúlio Vargas, exigia comprovado valor histórico, sempre sob o olhar de Mário de Andrade, Rodrigo Mello Franco e Lúcio Costa.
Foi Aluizio Alves no seu governo, na primeira metade dos anos sessenta, quem teve a idéia de convidar Oswaldo de Souza, conservador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sobrinho do governador Antônio de Souza, para voltar a viver no Estado e assumir a tarefa. Foram tombados a Fortaleza dos Reis Magos, Palácio Potengi, Sobradinho, Casa da Câmara e Cadeia de Vila Flor e a capela colonial de Acari, no Seridó.

Quando foi criado o patrimônio estadual – nunca regulamentado de verdade – vieram as novas restaurações, sem o crivo de valor nacional – a Detenção, hoje Centro de Turismo, o solar do Ferreiro Torto e as capelas antigas de Macaíba, mais recentemente o Bela Vista, o casarão ao seu lado e o antigo Palácio do Governo, na Rua Chile, além de alguns prédios em Mossoró e Caicó. Foi a forma de preservá-los sob a égide do Estado e evitar a demolição.

O Hotel Reis Magos, por exemplo, se o Estado fosse um bom gestor, teria sido um caso de preservação como marco e ícone da modernidade arquitetônica. Foi privatizado em nome da eficiência de gestão, mas acabou fechado e caindo em ruínas, tudo por conta da não concessão que tornaria possível o retorno, à época, ao patrimônio estadual. Foi justamente privatizado que findou em ruínas, acusado de ser obstáculo à modernização urbana de Natal.

Recentemente, quando da Festa do Boi, foi sugerido o tombamento preventivo do Parque Aristófanes temendo-se seu retorno ao patrimônio público para naquela área ser feito um hospital. Tem algum valor histórico ou representa um marco arquitetônico? Parece que não. Mas há um interesse da sociedade em mantê-lo. E basta. E assim vamos indo, sem uma noção exata de tombamento. O desejo coletivo existe, mas para umas coisas e outras não.

PROEDI – O novo Proedi não poderia ter nascido de discursões silenciosamente internas e entre alguém do desenvolvimento com alguém da tributação. Para não faltar transparência.

ALIÁS – O que ficou de flagrante na operação não foi o incentivo a empresas – o Estado deve fazê-lo – mas o gosto de tráfico de influência entre secretarias e sem debate público.

CUIDADO – Ao invés de poucas empresas, por exemplo, e uma delas ligadas a um auxiliar do governo, o plano poderia ter sido de maior alcance e sem trazer prejuízo para ninguém.

PARIS – A escritora Albena Dimítrova deixou ontem, terça-feira, o Litoral Norte e voltou a Paris, onde reside. Vai preparar o lançamento do seu novo romance ‘A Lobista’, em maio.

AVISO – Fonte do Palácio Felipe Camarão garante: o prefeito Álvaro Dias paga dezembro e o décimo-terceiro até o último dia útil do ano. Pelo menos este é a meta da área tributária.

VÔO – O que fará o secretário Jaime Calado na Europa, ao lado da governadora Fátima Bezerra? Em S. Gonçalo, por exemplo, ninguém sabe dizer. Talvez comércio internacional.

TALENTO – O biólogo Iveraldo Guimarães concluiu seu novo livro. São dez narrativas em forma de ensaios sobre temas científicos, mas tratados com literariedade. E nada de ficção.

ATENÇÃO – A vigilância sanitária estadual precisa ser muito vigilante na questão da pesca e comercialização de peixes e crustáceos no RN. O óleo pode causar graves consequências. 

VALOR – A tese do livro do antropólogo Mércio Gomes – “O Brasil Inevitável: ética, mestiçagem e Borogodó” – será o tema de abertura do ano intelectual 2020, da Academia Brasileira de Letras, que promove o ciclo anual de conferências – “Pensar o Brasil, hoje”.

CONVITE – Lançado em Natal, na Academia Norte-Riograndense de Letras, o novo livro de Mércio, um seridoense, é hoje dos mais importantes antropólogos do Brasil, apontado como a nova visão depois de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Darcy Ribeiro.

ELOGIOS – Como esta coluna registrou em edições anteriores, é considerado por Caetano Veloso, Roberto D´Ávila e Ana Maria Machado o livro de referência na cultura brasileira. A conferência de Mércio na ABL será dia 12 março, às 17h, a convite de Ana Maria Machado.

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