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“É preciso equilíbrio entre sucesso real e imaginário”

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»ENTREVISTA » Amalia Sina – empresária e palestrante

Renata Moura
Editora de economia

A empresária paulista Amalia Sina desembarca neste mês em Natal prometendo trazer a receita para o que, segundo ela, todo mundo quer ter: reconhecimento, dinheiro e poder. Tudo, porém, “regado com felicidade”. Esses e outros pontos nortearão a palestra que irá ministrar no Fórum Internacional de Gestão, Estratégia e Inovação, que a K&M Seminários promove nos dias 29 e 30 de outubro, em parceria com a TRIBUNA DO NORTE, no Teatro Riachuelo. Amalia fala com base na própria experiência. Ela foi presidente de gigantes , como Walita e Philip Morris, e, no topo da carreira corporativa, buscou a realização por meio de um novo caminho: o do próprio negócio. Nesta entrevista, a empresária fala sobre desafios e sucesso acompanhado de felicidade, tópico central da palestra, no dia 30. O norte-americano Don Peppers, especialista em gestão com foco no cliente, o também norte-americano Mark Thompson, especialista em liderança de alta performance, e a australiana Lauren Anderson, difusora do conceito de “consumo colaborativo” no mundo, também serão palestrantes do Fórum.
Amalia Sina concedeu entrevista sobre negócios, desafios e o caminho para o sucesso
A frase “Descubra o que quer para chegar aonde deseja” estampa a capa do seu livro “O que a vida me ensinou”. Quando você descobriu que queria ter o próprio negócio?

Desde minha juventude já sabia o que eu queria ser na carreira e na vida profissional. Aos 23 anos tracei um plano: ser gerente antes dos 30, diretora antes dos 40 e presidente antes dos 50. Fui presidente a primeira vez com 36 anos. Tive uma carreira muito rápida e produtiva, me realizei muito como executiva e o próximo passo era me tornar empresária. E foi o que fiz criando a Sina Cosméticos. Ao longo da minha trajetória profissional, sempre tratei as empresas para as quais trabalhei como se fossem minhas. Atuava com o olhar do dono que engorda o gado, ou seja, cuidava das estratégias mas também da operação, sempre valorizei os detalhes. Me envolvia sempre profissional e pessoalmente nos mercados onde atuava. Dai a me sentir dona do negócio foi um passo, fui atrás de me realizar também como empresária. Percebi que quando eu entrava para trabalhar numa grande corporação ela tinha uma situação específica e quando eu deixava aquela empresa ela estava numa situação muito melhor. Ai pensei, porque não ter minha própria empresa. Foi pensando assim que iniciei o negócio no segmento de cosméticos.

Da descoberta à ação, ao nascimento da Amália empresária, foi quanto tempo?

Iniciei a análise do negócio ainda atuando como Executiva e fui investindo tempo para encontrar o negócio que fosse rentável e que me desse prazer e realização ao atuar. O mercado de cosmético foi muito atraente nestes dois quesitos. Entre ter a ideia e iniciar a empresa foram dois anos de planejamento.

Foi uma transição fácil ou difícil?

Toda transição requer cuidados e pede uma dose maior de dedicação. Não foi diferente para mim, tive que ter foco e ao mesmo tempo flexibilidade para aprender um mercado completamente novo para mim. Tive uma vantagem que é o fato de eu apreciar mudanças, gostar de novidade e de desafios. Aprecio iniciar projetos do zero.

Você chegou ao topo da carreira corporativa em áreas como indústria de tabaco, alimentos,  medicamentos e  eletrodomésticos. De onde veio a inspiração para investir no setor de cosméticos?

Ainda na Walita eu fazia uma parceria com a Avon para vender produtos nos catálogos e tive contato com o segmento de cosméticos e suas grandes e atrativas margens. Este foi um dos fatores, associado também ao fato de eu ser, como todas as mulheres, uma vaidosa assumida. Trabalhar com cosmético é relativamente fácil pois lidamos com estes produtos diariamente.

A Sina foi lançada primeiro na Europa. Só depois desembarcou no Brasil. Por que?

Foi uma decisão estratégica no sentido de preparar e lançar uma linha de produto na Europa, região que exige alta qualidade e criatividade. A linha foi lançada na maior feira de cosméticos do mundo, a Cosmoprof Bolonha. Lançar primeiro fora do Brasil significou buscar o caminho mais difícil, mais exigente para não haver nenhum questionamento sobre a qualidade da linha Amazonutry quando viesse para o Brasil.

O ambiente de negócios no Brasil e a concorrência no setor foram impeditivos a uma estreia primeiro nacional?

O Brasil é o terceiro maior mercado de cosméticos do mundo e isto faz com que haja uma grande competitividade. Muitas empresas pequenas e médias entram e saem todos os dias no mercado de cosméticos que cresce em média 15% ao ano. É natural que seja difícil entrar logo de cara no Brasil, competindo com grandes empresas fabricantes e seus preços competitivos devido a larga escala de produção. E ao mesmo tempo, competir com empresas que não primam por inovação ou qualidade, e que apresentam preços muito baixos. Ou seja, buscar qualidade e não preço baixo foi uma das estratégias que, mais tarde, ajudou a entrada no Brasil.

Você já chegou aonde deseja, no novo negócio?

Já são 6 anos trabalhando, já estivemos em vários pontos de venda no Brasil, já vendemos para vários países e portanto, muito já foi feito. Sempre há mais o que progredir, entretanto, tenho outros planos como empresária. Parte do negócio já está nas mãos de uma distribuidora nos Estados Unidos, o que faz com que a empresa ganhe ares internacionais.   Crescemos 3 vezes o tamanho desde que iniciamos a primeira linha de 15 itens, que hoje conta com mais de 100.

Em 2008 a produção da empresa era terceirizada, mas havia planos de ter fábrica e laboratório próprios. Isso foi concretizado ou continua nos planos?

Aprendi que fabricar não é a parte que torna a empresa mais competitiva no mercado e sim dominar as fórmulas e o marketing de sua linha de produtos. Entender do consumidor e seus desejos é fator mais relevante. O mercado de cosméticos se utiliza da figura do fabricante terceirista   e é um processo vencedor. O sistema dá flexibilidade produtiva e capacidade para buscar os melhores preços de fabricação.

A meta, em 2008, era colocar a Sina no grupo das grandes marcas mundiais de cosméticos. A empresa já chegou nesse patamar ou ainda está em processo de escalada?

Ter a marca basicamente nos Estados Unidos hoje é motivo de orgulho e ao mesmo tempo uma tendência global já que várias marcas internacionais também são comercializadas no Brasil. A Amazonutry já nasceu para viver fora do Brasil. Dai a ser uma das maiores do mundo, tem muito o que percorrer pois há um grande monopólio no setor.

Concorrentes como Natura e Avon inspiram ou preocupam?

Ter em quem se mirar é fundamental para se tornar criativo e não se acomodar. A Natura é exemplo de gestão de negócios em geral, e portanto, é sempre uma empresa para se inspirar.

Que lições aprendidas nas multinacionais que comandou levou para a Sina?

Boa pergunta. A maior parte do que aprendi foi útil, porém, foi necessário “desaprender” algumas técnicas e teorias, que não funcionam nas pequenas e médias empresas. Por exemplo: planejamento para 5 e 10 anos não é algo que seja possível ser  implementado em detalhes. Muitos erros e acertos são feitos e o planejamento acaba sendo apenas um guia e não algo a ser implantado totalmente. Outras coisas, como olhar o mercado e aprender com a concorrência é algo que me valeu muito.

Sua palestra em Natal terá como tema “Sucesso empresarial acompanhado de felicidade”. Qual é o segredo para unir as duas coisas?

Não vou contar o segredo aqui (rs), mas posso adiantar que parte do processo é não tentar ser perfeito em tudo. É não buscar acertar sempre, é não se acostumar a fazer a mesma coisa sempre mesmo estando infeliz. Enfim, é buscar o equilíbrio entre sucesso real e imaginário. Na palestra vou falar sobre o que todo mundo quer ter de um jeito ou de outro: reconhecimento, dinheiro e poder. Porém, tudo regado com muita felicidade.

É possível ocupar um alto cargo e ser feliz ao mesmo tempo ou felicidade está dissociada do poder, na sua opinião?

Uma das formas de se conviver com pressão, fama, fortuna e poder é estabelecer logo de entrada quais são seus valores e quanto você está disposta a pagar para ter o que quer. Se você decide o que quer fazer, aceita o preço que irá custar, então a felicidade será uma consequência. O problema começa quando os valores e os objetivos de cada um não coincidem, a pessoa quer tudo, mas não quer pagar o preço para chegar lá.

Como conquistar a felicidade sendo empregado?

Ser empregado é difícil. Ninguém gosta de ter chefe e aí já há uma dificuldade para se realizar. Se não houver na empresa um clima desafiador e acolhedor, ser empregado pode ser um horror. O empregado busca inspiração em quem lidera, espera dos seus líderes inspiração genuína, o que é raro. Daí tantas frustrações que tornam a vida corporativa uma saga nem sempre com final feliz.

SERVIÇO
Mais informações sobre o Fórum estão no site: kemseminarios.com.br

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