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“É preciso saber o que o aluno quer”

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Quem ouve Milton Camargo falar com entusiasmo do ensino, dos projetos para educação e analisar as demandas e ofertas para estudantes, pouco imagina o caminho percorrido por ele para chegar hoje a presidente da Universidade Potiguar, empresa pertencente a rede Laureate. Milton Camargo, que tem como formação original Engenharia Civil, enveredou primeiro pela engenharia. Mas os cálculos, as fórmulas não lhe satisfizeram. A inquietação o conduziu ao segmento do comércio, e ele enveredou na Telefônica. O trabalho na Espanha, em uma grande empresa, poderia garantir a tranqüilidade para muitas pessoas, mas não para Milton Camargo. O engenheiro observava que a satisfação profissional ainda não estava completa. Foi quando deu uma nova guinada na carreira e entrou no segmento da educação. Primeiro atuou na Abril Educação, da editora Abril, e há dois meses aportou na Universidade Potiguar.
"É preciso saber o que o aluno quer"
De pronto, agora sim, ele admite está satisfeito. Os cálculos do engenheiro no início da carreira, os negócios do comércio na Telefônica hoje sedimentam conhecimento para esse entusiasta da educação e do projeto educacional desenvolvido pela UnP, instituição que preside.

Ao falar de projetos, não esconde que o sonho é abrir um curso de Medicina na cidade de Mossoró. “Gostaria muito de abrir um curso de Medicina em Mossoró. Esse é meu sonho. Temos tudo, laboratório, hospital simulado, só falta autorização do Ministério da Educação e do Conselho Regional de Medicina”, destaca. O convidado de hoje do 3 por 4 é um engenheiro  que se abriu para além das fórmulas, um executivo que buscou mais do que os resultados do comércio, um educador que aposta no ensino superior do Rio Grande do Norte. Com vocês, Milton Camargo.

Qual a relação que há do engenheiro (formação dele), do diretor comercial (onde ele atuou em várias empresas) e agora do presidente da Universidade Potiguar? O que é possível aproveitar de cada uma dessas áreas para outra?

O engenheiro me deu uma formação cartesiana, muito quantitativa, tudo no final tem que ter uma equação, uma fórmula que ao final você precisa chegar a um resultado único. Me ajudou muito na formulação de soluções, projetos. No meu trabalho como engenheiro eu até tive oportunidade de seguir carreira no Exército, entrei e fui até para Caicó, onde permaneci durante um ano. Eu tinha a atribuição de construir poços, os cacimbões, estava com muita seca naquela época. Fizemos 900 poços. Para o engenheiro é  muito natural gerenciar projetos. Sempre sentia naquela ocasião que faltava alguma coisa, o próprio entendimento de como se encaixa na economia, sobe inflação, juros, e pensava o que ocorre com a inflação. A experiência no Exército foi boa, mas não como carreira. No MBA nos Estados Unidos entendi macroeconomia, finanças das empresas, contabilidade e marketing. Essa última (marketing) foi a que mais me identifiquei. Quando terminei o MBA acabei juntando a base quantitativa, esse negócio do gerenciamento de projeto e ampliando a visão com relação ao mundo, a sociedade, a economia e o que motiva as pessoas a fazerem o que fazem, isso é o marketing. Isso foi uma conjunção  muito boa. Quando me apresentaram a oportunidade de trabalhar na área da educação, onde aceitei a oferta na Abril Educação, eu observei que já estava em uma fase da minha vida onde começava a pensar um pouco mais não só em o que poderia vender mais, o que consigo trazer de interessante de produtos, promoção, publicidade, mas me perguntava em que eu estava contribuindo. Essa é uma pergunta que vem com a idade. A realidade é que a gente começa a pensar: em que contribuo. Quando estava na Telefônica eu vendia banda larga. Ótimo, isso contribui com a difusão do conhecimento, comunicação, mas no final surgia a pergunta mesmo: em que estou contribuindo. Quando surgiu a oportunidade de trabalhar no setor de educação, isso para mim foi um casamento perfeito. Além de ser um negócio importante. Nele temos que entender o que o estudante quer, qual o sonho dele, qual o anseio, e por outro lado tem que entender o que o mercado precisa, para onde está indo, o que está faltando. Esse é um negócio importante, o conhecimento do marketing, de economia tudo se conjuga: precisava entender o que os estudantes demandavam para que fosse oferecido. Isso acabou se conjugando um bom negócio de trabalho. Mas ao mesmo tempo estou contribuindo para uma transformação. Você pode me perguntar qual o preço que isso tem para mim. Vou lhe dizer não sei, mas tem muito preço.

Como quantificar esse valor de contribuir para transformação?

Posso lhe dizer que tem muito valor. Eu estava na Espanha (trabalhando na Telefonica), a vida estava boa e eu poderia continuar lá e iria até me aposentar. Mas, na realidade, pesou a oportunidade de contribuir no nosso país, com a minha língua, com a cultura e as necessidades que temos, e uma oportunidade de contribuir para uma mudança de vida das pessoas.

Então, o que o aluno quer e o que o mercado precisa?

A gente tenta conjugar as duas coisas. Obviamente não conseguimos atender tudo em toda parte do tempo. O que procuramos é oferecer cursos que estão relacionados com a necessidade do mercado. Nosso país hoje, apesar de toda crise, continua crescendo e só não cresce mais rápido por falta de mão de obra qualificada. Essa é uma necessidade e a gente identifica com pesquisa onde há carência. Muitas vezes vamos as instituições entender e descobrir o que cada um quer.

E hoje o que o aluno precisa?

Até pelos números que nós temos de alunos isso dá uma demonstração clara. Escola da saúde, temos 7 mil alunos. Ou seja, o aluno quer poder ser um bom profissional de saúde. Enfermagem é um dos cursos onde temos mais alunos. Nutrição  tem muito aluno, Medicina só não tem mais aluno porque não temos liberado mais vagas. Quanto mais vaga a gente pudesse colocar mais alunos teríamos. Odontologia também. A Escola de Saúde é uma área de muito interesse.

E o que o mercado precisa?

O mercado precisa de mais médicos. Gostaria muito de abrir um curso de Medicina em Mossoró. Esse é meu sonho. Temos tudo, laboratório, hospital simulado, só falta autorização do Ministério da Educação e do Conselho Regional de Medicina. O mercado precisa de mais médicos, enfermeiros, fisioterapeuta. Mas também na área técnica, como técnico de Enfermagem. Mas veja que essa é apenas uma das Escolas, temos sete Escolas. Hoje as quatro grandes Escolas são de Saúde, a de Direito, onde temos 4 mil alunos, é uma área de muito interesse. Temos hoje no Rio Grande do Norte a formação da metade dos que passam na OAB. Outra terceira grande é a Escola de Gestão especificamente Administração e Ciências Contábeis. Esses são dois grandes cursos da Escola de Gestão. Administração é muito amplo, pode ir para marketing, para finanças, para operação. E a quarta grande escola é Engenharia. Esse semestre nos surpreendemos com o crescimento, tivemos o dobro de inscritos. Há uma carência de engenheiros, de técnicos, de profissionais da área de Engenharia.

Qual o desafio que o senhor se coloca ao ingressar na Universidade Potiguar?

Os 30 anos da UnP aqui fizeram com que a universidade fosse um sinônimo de Rio Grande do Norte. É a única universidade privada do Estado. Estamos até analisando um número muito interessante. Natal é a egunda capital do país com maior percentual de ensino superior. Pegue o número de alunos de ensino superior divida pela população da capital, e Natal será a segunda capital do país. 4,4% da população de Natal e arredores estão no ensino superior. A gente está em um Estado que reconhece e valoriza o ensino superior. No Brasil esse percentual é 3,2%, portanto o grande desafio é manter essa posição de relevância na sociedade. E para fazer isso são quatro pilares: manter a excelência acadêmica, mais da metade dos professores são mestres e doutores. Vamos aumentar o número de mestres e doutores. O que temos hoje é um espetáculo de laboratório. Tem que manter e usar o investimento de maneira adequada. Ano passado foi muito focado na Escola de Saúde, quando a gente reconstruiu toda Escola com novos laboratórios. O segundo é a internacionalidade. A Laureate traz como vantagem da UnP a rede internacional. No final de tudo o aluno quer ter sucesso. Se ele entra na universidade espera que saia formado com grande oportunidade de emprego. A empregabilidade é nosso terceiro pilar na universidade.

No início dessa entrevista o senhor falava do início de carreira e dizia da inquietação quando não se identificava muito com a Engenharia. E agora, na área da educação, o senhor está realizado?

Estou muito realizado. Estou realizado pelo fato de tratar com um grupo que vive porque tem ideal, professor é professor porque é idealista. Isso é ótimo, você trabalha com alguém que acredita no que está fazendo. Quem mais influencia o aluno é o professor e ele está aqui porque acredita na educação, na capacidade de transformar o mundo. Trabalhar com eles tem sido espetacular. Quando você trabalha com alguém que acredita no que faz é ótimo. O que a gente quer é acertar é o encontro de desejo, de necessidade e com alguém muito bem preparado para ensinar.

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