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Economia precisa mudar de rumo

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Com um mercado consumidor de fazer inveja a qualquer país emergente, o Brasil só precisa de uma direção para acordar esse gigante neste ano. Essa é a tese do presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Rio Grande do Norte (Sift/RN), João Lima. Esse norte preconizado pelo líder empresarial se traduz em reformas de base, mudança na política econômica e outra visão de órgãos de fiscalização dos governos segundo a ótica de Lima.
Expectativa de inflação em alta até o final do primeiro semestre prejudica vendas no comércio, um dos termômetros da economia
“O Brasil tem uma das coisas mais importante do mundo que é um mercado interno espetacular. Por outro lado, nos últimos anos, muito mais em função de políticas macroeconômicas equivocadas, a indústria brasileira tem perdido competitividade”, disse. Ele não é afeito a utilizar o termo “desindustrialização”. “Não acredito que isso é uma coisa que veio para ficar. Se o Brasil, tomar medidas corretas, a indústria brasileira tem condições de reverter esse quadro. Sempre que existem crises também. Às vezes o País precisa de uma chacoalhada forte para mudar o rumo”, acrescentou.

 Segundo ele, o preço de dois componentes fundamentais à indústria pesaram decisivamente para a perda da competitividade das indústrias brasileiras: os encargos trabalhistas e a energia elétrica. Pelo menos, em 2015 um item também decisivo nesse processo apresentou melhor: o preço do dólar. No entanto, o valor da principal moeda estrangeira aumentou frente ao real por proliferação de problemas econômicos dentro do Brasil.

 Apesar de 2015 e das previsões de crescimento negativo para este ano, João Lima é otimista. “Eu acredito que estamos chegando ao fundo do poço. Podemos ter um primeiro trimestre não muito bom, mas o Brasil vai tomar medidas que permitam andar no caminho certo”, expôs. Para ele, duas medidas sobre as quais o ministro da Fazenda Nelson Barbosa tem comentado anima o setor produtivo.

 Uma dessas medidas é uma verdadeira reforma da previdência. “O mundo todo está caminhando para uma idade de 68 anos. Não adianta ter uma aposentadoria com 65 e 64 anos e não ter dinheiro depois para pagar. É melhor aposentar com 68 e ter certeza que vai ter recurso”, opinou. Ele acredita que o momento de crise é ideal para mudanças radicais. “Talvez a sociedade pode enxergar que o buraco da previdência é tão grande que se não fizer essa mudança, a previdência não vai mais existir. Essas crises permitem fazer mudanças radicais”, completou.

 Na política macroeconômica, ele acredita que a forma com que o governo combate a inflação é ultrapassado.

“Não cabe mais aumento de juro, mesmo com crescimento da inflação. A redução do PIB que automaticamente vai reduzir a inflação”, analisa. Além dessas medidas, Lima afirma que o governo Federal precisa adotar medidas para que o crédito volte a ser facilitado, articulação para uma reforma política e mais abertura para iniciativa privada na infraestrutura do Brasil.

 No Rio Grande do Norte, João Lima acredita que o novo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Norte (Proadi/RN) precisa ser mais ágil no que diz respeito à concessão do benefício. Lima também torce para que o Progás – rebatizado em 2015 de RN Gás Mais – também seja viabilizado. “Teve uma melhoria pequena no Proadi, mas fez. O Progás é muito importante, acho que o governo vai conseguir mantê-lo. O governo está fazendo a parte dele”, considerou.

 Além disso, o Executivo deve manter “condições internas de tranquilidade” segundo o presidente do Sift/RN. Uma forma de garantir esse ambiente calmo manter as contas do Estado equilibradas. De modo geral, João Lima tem uma perspectiva econômica para 2016 melhor do que o próprio governo. Ele acredita que o Brasil pode surpreender com um crescimento inesperado no ano. “Como o nosso mercado é muito grande, se o empresariado no Brasil e no mundo sentir que tem um norte, a recuperação vai ser muito mais rápido do que a sociedade enxerga hoje. O Brasil precisa de um norte político claro e ter um norte econômico. As indústrias estão com capacidade ociosa. Se o mercado responder, as indústrias vão se ocupar e voltar a investir. O que falta no Brasil é só um norte”, finalizou.

Inflação só deve recuar no segundo semestre
Rio (AE) – A inflação de dois dígitos será uma má recordação de 2015, mas também promete deixar uma herança maldita para 2016. A contaminação dos aumentos disseminados de preços não deve dar trégua nos primeiros meses do ano, assim como os repasses da indexação para bens e serviços que são reajustados sob contrato, de forma a repor a inflação acumulada em meses anteriores.  Como resultado, a inflação oficial só deve começar a recuar com mais intensidade a partir do segundo semestre, apesar do cenário de recessão na economia e juros altos.

Nos 12 meses encerrados em novembro de 2015, a alta de 10,48% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve forte influência dos preços do governo. Na lista de dez maiores impactos, cinco são bens ou serviços administrados pelo governo: energia elétrica, gasolina, plano de saúde, ônibus e gás de botijão.

“Os reservatórios ainda estão abaixo do nível aceitável, então a energia elétrica deve pressionar a inflação. Ônibus urbano tende a não subir em alguns lugares, porque é ano eleitoral. A gasolina também não deve ter novos aumentos”, avaliou o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores. Em São Paulo, porém, os governos estadual e municipal já anunciaram que as tarifas de metrô, ônibus e trem vão passar de R$ 3,50 para R$ 3,80 a partir de 9 de janeiro.

Se por um lado os preços administrados entrarão 2016 com menos força em comparação ao tarifaço promovido no início de 2015, a contaminação vinda do câmbio e o repasse das perdas com a inflação no ano anterior devem fazer bens e serviços voltarem a pesar no bolso das famílias, segundo a previsão de especialistas.

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