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Ednardo de corpo, embalagem e poesia

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Ramon Ribeiro
Repórter

Atemporal e sem rótulos, talvez essas sejam as principais características da produção musical do cantor e compositor cearense Ednardo. Ao lado de Belchior, Amelinha e Fagner, ele é remanescente da geração “Pessoal do Ceará”, movimento surgido nos anos 1970 e que, a exemplo dos Novos Baianos, inscreveu o nordeste na música popular brasileira, depois do de Caetano, Gil, Gal e Bethânia.

Ednardo nasceu em Fortaleza, em 1945. Com mais de quatro décadas de estrada, quase 400 músicas gravadas, o autor da lendária “Pavão Mysteriozo” retorna a Natal – depois de quase 10 anos sem se apresentar na cidade – para a realização de um show em que promete passear por diferentes momentos da carreira. A apresentação acontece nesta sexta-feira (19), às 21h, no Teatro Riachuelo.
Ednardo volta aos palcos com o show “Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem”
Setentão, Ednardo vai fazer um show temático, focado no primeiro disco, o icônico “Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem” (1973) , projeto coletivo que legou sucessos como “Ingazeiras”, “Terral” e “Beira-mar”. No show, o artista passeia por outros momentos, como em “Enquanto Engomo a Calça”, mostrando o lado compositor, o intérprete e as parcerias com outros artistas, como em “Flora” (com Dominguinhos), “Carneiro” (com Augusto Pontes).  Ednardo estará acompanhado dos músicos Mimi Rocha (guitarra) e Carlos Patriolino (bandolim e violão).

Do Rio de Janeiro, Ednardo conversou por telefone com o Viver, onde falou sobre o as gerações pós “Pessoal do Ceará”, o cenário da música brasileira atual, além de revelar que tem um álbum de inéditas pronto para ser lançado. 

Pessoal do Ceará foi um movimento que te colocou, ao lado Fagner, Belchior e Amelinha, em evidência na Música Popular Brasileira. 40 anos depois, vocês ainda mantém contato?
Fizemos vários shows juntos. Aquele tempo foi incrível. Mais recentemente voltamos a nos reunir. Mas hoje temos pouco contado. A dinâmica da vida de cada um foi nos levando para cantos distantes. O Belchior mesmo mora fora, fez a opção de se retirar da vida artística.

Se você fosse cantar o Nordeste hoje, como seria?
Apesar das transformações, eu continuo cantando o nordeste. É um nordeste perene. São tempos diferentes. Está tudo mais moderno, mas com todos aqueles problemas que vem com isso, a violência, o trânsito complicado. A gente tenta manter acesa a chama da música, da poesia, meu foco é isso, a palavra cantada. Eu faço música sobretudo para as pessoas.

Nos anos 90 outro importante movimento musical surgiu no Nordeste e estourou nacionalmente, o Manguebeat. Você acha que ainda há espaço para surgimento de novos movimentos fora do eixo Rio-São Paulo?
Vejo com muita simpatia todos esses movimentos que tiveram, os Novos Baianos, o Manguebeat. A gente vê que o trabalho dessas gerações tem uma resistência musical e poética. Mesmo distante do eixo, onde a divulgação é maior, acredito ser possível fazer coisas maravilhosas, não só no nordeste, mas também no extremo sul e no norte. Mas nascer algum novo movimento eu não sei. Hoje está tudo muito descentralizado e disperso. Mas acredito que sempre haverá espaço. A força da música é maior que a falta de divulgação dela. Tem muita coisa boa surgindo.

Está envolvido com algum projeto novo, disco de inéditas?
Tenho três discos para lançar, um só com as trilhas de cinema que fiz, outro com reinterpretações e arranjos novos e um só com músicas inéditas. Este está pronto, mas como estamos em turnê com esse show, além da divulgação do DVD duplo 40 Anos de Canção, acho que vai ficar para o início do próximo ano.

Como você vê o mercado da música brasileira hoje?
Aquele trabalho das gravadoras  hoje existe pouco e é precário. Os artistas estão preferindo lançar seus trabalhos sozinhos, usando a internet. Apesar da retomada do vinil, que é algo legal. É um movimento inevitável. Hoje está muito mais democrático.

Você acompanha as redes sociais?
Estou na internet, tenho as redes sociais, mas não fico muito tempo porque senão a gente não trabalha. Tenho shows, viagens que são mais importantes.

É raro artistas conseguirem manter um público cativo por tanto tempo sem muita aparições na mídia. Você consegue isso. A que se deve?
A força da música, da poesia. É incrível ver gente que acompanha seu trabalho há bastante tempo, levando seus filhos para os shows. Isso renova o público. Hoje vejo bastante jovens nas apresentações, eles cantam junto, pedem música, conhecem a fundo meu trabalho. É legal ver essa dinâmica.

Serviço
Show Ednardo
Dia 19 de agosto, às 21h
Teatro Riachuelo
Ingressos R$120 (inteira) e R$60 (meia)

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