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Eduardo Fleury, do Kayak: “Temos viajantes de diversos perfis”

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Ricardo Araújo
Editor de Economia
A celebração mais popular e democrática do Brasil, o Carnaval, se aproxima. Com ele, cidades que sediam tradicionais desfiles de Escolas de Samba ou bloquinhos de rua, além do gingado do axé baiano e do frevo pernambucano no sobe e desce das ladeiras de Olinda, parecem duelar para atrair cada vez mais turistas nacionais e internacionais.
Plataformas de buscas por passagens e hospedagens podem se tornar aliadas dos governos e gestores de empreendimentos turísticos para o desenvolvimento de políticas de desenvolvimento do setor
As ferramentas de busca de passagens e hospedagens costumam criar um ranking nessa e nas demais datas comemorativas mostrandos quais delas são as mais procuradas. Natal não aparece entre aquelas com os custos das passagens aéreas mais baratos, mas integra a lista das 10 mais procuradas na plataforma Kayak. Na entrevista a seguir, Eduardo Fleury explica a dinâmica de aferição dessa procura e destaca que o ranking pode ser usado por governos locais para definição de políticas públicas voltadas ao Turismo. Acompanhe. 
De que maneira o ranking das cidades mais baratas e mais procuradas para festividades como o Carnaval, por exemplo, é montado?
O Kayak é uma ferramenta de buscas de viagem que reúne centenas de resultados de sites de passagens aéreas – como companhias aéreas e agências de viagem online –, hospedagem e empresas de aluguel de carros. Temos uma plataforma que registra todas as buscas feitas na nossa ferramenta e, a partir desses dados, fizemos um levantamento que considera a busca por voos de ida e volta saindo de todos os aeroportos do Brasil para todos os aeroportos do mundo, considerando passagens aéreas de ida e volta em classe econômica pesquisadas entre 1º de dezembro de 2019 e 10 de janeiro de 2020, para viagens de 21 de fevereiro a 01 de março de 2020. Analisando esses dados, temos os destinos, os números de buscas e os preços de passagens aéreas para cada um deles.
Qual a importância, do seu ponto de vista, desse levantamento? Os governos estaduais podem utilizá-lo para definir políticas públicas para o Turismo?
O levantamento é muito importante para entender o padrão das buscas dos viajantes e para quais destinos eles pretendem ir, e pode ser realizado não só no Carnaval, mas para qualquer outro período do ano. Com as tendências de comportamento dos viajantes e sua evolução ao longo do tempo, os municípios têm mais insumos para entender a eficiência de suas políticas voltadas para o turismo. 
O Nordeste é reconhecido pelas suas belezas naturais e praias que se estendem por todos os Estados. O que o turista busca hoje, além do sol e mar?
É difícil estabelecer um padrão de comportamento para o turista de hoje, já que, com a incorporação da tecnologia pelo turismo, a emergência de buscadores como o Kayak e a diversificação de ofertas temos cada vez mais viajantes dos mais diversos perfis. De modo geral, podemos dizer que o turista contemporâneo busca, em suas viagens, uma experiência de bem-estar especial e transformadora, que envolva vivências novas. No Nordeste brasileiro, por exemplo, encontram-se praias com características particulares e uma beleza muito diferente de outras praias da nossa costa. Há, ainda, uma cultura local muito rica e diversa de um Estado para o outro, uma gastronomia única e amplamente apreciada por todo o Brasil e uma história extensa e fundamental para o país, que pode ser revisitada em museus, praças e edifícios antigos, e vivida na pele conforme as heranças culturais desses destinos. 
O turista brasileiro e internacional está cada vez mais conectado. Como os empresários podem melhorar a desenvoltura dos seus negócios na internet?
Hoje em dia, a tecnologia é, sem dúvida, uma grande aliada dos donos de negócios de todos os setores, e o turismo não fica de fora. Como principal destaque podemos citar as redes sociais, que alteraram significativamente a forma com que consumidores se relacionam entre si e com marcas – ou destinos, no caso do turismo. É importante, portanto, para o sucesso e reinvenção dos negócios no turismo, que players considerem as redes sociais como parte de sua estratégia. Além disso, essa presença digital auxilia os players do setor a colherem dados sobre seus consumidores e atendê-los com qualidade e personalização. Outra novidade tecnológica dos anos 2000 que foi importante para o turismo foi justamente a emergência de metabuscadores de viagem como o Kayak, onde empresas de diversos setores, não apenas o turismo, podem oferecer seus produtos. Essa possibilidade faz com que viajantes e potenciais viajantes tenham acesso a estes produtos por diversos canais, o que ajuda a construir credibilidade, visibilidade e gerar conversão de vendas. Por fim, é importante que atores do setor de turismo estejam sempre acompanhando e se apropriando das novidades tecnológicas a seu dispor, como a realidade virtual ou aumentada, por exemplo, que tem sido uma tendência utilizada para proporcionar a experiência de destinos, hotéis e companhias aéreas, inspirando viajantes. Um dos lançamentos recentes do Kayak foi uma ferramenta gratuita de medição de bagagens em realidade aumentada, que permite que viajantes verifiquem de antemão se suas malas atendem aos requisitos de tamanho máximo para bagagens de mão das companhias aéreas ou se precisarão ser despachadas.
O senhor considera que fazer turismo no Brasil é caro? Por quais razões? Quais destinos são considerados caros?
Os preços de viagem dentro de um país de dimensões continentais como o Brasil dependem de inúmeros fatores – portanto, não há como afirmar que somos em geral um país caro ou barato. Há várias formas de se viajar dentro do Brasil. Alguns fatores que podem fazer com que destinos encareçam são uma baixa oferta de passagens aéreas e hotéis, aliada a experiências exclusivas ou de luxo, por exemplo – como é o caso de Fernando de Noronha. Outras cidades podem concentrar boas ofertas de passagens aéreas e hotéis, mas ter preços gerais de produtos e serviços mais altos, por serem grandes polos econômicos, como é o caso de São Paulo e do Rio de Janeiro. O preço de passagens aéreas, mesmo no Brasil, também depende do preço do dólar – já que muitos dos componentes da passagem aérea são calculados em dólar – e de outros fatores como antecedência de compra em relação à data da viagem, o volume de conexões que o aeroporto de origem faz, do voo ser ou não direto, dos serviços de bordo, distância do destino e de inúmeras outras questões. Além disso, em um mesmo destino encontra-se, de modo geral, opções de hospedagem e experiências das mais variadas faixas de preço. Como temos cada vez mais acesso a todos esses detalhes e possibilidade de personalizar nossas viagens, fazer uma viagem cara ou não depende mais do próprio viajante do que de quaisquer outras variáveis. É claro que, quando se fala de uma viagem para um país estrangeiro, o câmbio é um fator essencial para se avaliar os custos de viagem. Com os preços atuais do dólar, do euro e da libra, por exemplo, é natural que viagens para países que os utilizam como moeda base sejam mais caras. Por outro lado, o peso argentino desvalorizou ainda mais em relação ao dólar do que o real, tornando, no curto prazo, mais baratas as viagens para Buenos Aires.
As cidades que aparecem no ranking das mais buscadas na ferramenta do Kayak, o são por quais diferenciais? Qual o perfil de turista que as procura?
Neste levantamento para o Carnaval, as cidades mais buscadas são as que, tradicionalmente, oferecem mais atividades para o feriado, como São Paulo e Rio de Janeiro, com os desfiles das escolas de samba e bloquinhos de rua; e cidades do Nordeste – entre elas Recife e Salvador –, que são bastante procuradas para a data em função da força de seus desfiles e tradição carnavalesca. Em feriados atrelados a experiências específicas, como o Carnaval, os destinos mais buscados costumam ser mais estáveis, justamente por algumas cidades investirem mais – e há mais tempo – em experiências de Carnaval do que outras. Já para feriados que não têm uma experiência cultural diretamente correlata, como a Semana Santa, por exemplo, os rankings variam mais de ano a ano. Quanto ao perfil de turista que procura esses destinos para o Carnaval, pode-se dizer que há viajantes das mais variadas origens, faixas de renda e interesses, já que o Carnaval é um dos nossos principais feriados e sua força de mobilização turística é enorme. 
O senhor vislumbra uma movimentação maior no turismo nacional com o dólar mais caro? Quais lugares deverão se destacar ao longo de 2020?
Com a alta do dólar, é natural que os viajantes busquem novas e mais acessíveis formas de viajar. Com certeza os destinos nacionais se beneficiam muito de períodos como este, apresentando-se como opções mais realistas e alinhadas ao orçamento das famílias. No entanto, há muitas estratégias que podem ser adotadas pelos viajantes nestes períodos. Uma delas é a de guardar o orçamento do ano todo para uma grande viagem de fim de ano (mais comum para anos com poucos feriados emendados) em vez pulverizá-lo em várias viagens menores. Outra é a de pesquisar e comprar passagens aéreas e outros serviços de viagem com maior antecedência – quando os preços estão, de modo geral, mais atraentes. Para quem continua interessado em fazer uma viagem internacional, vale acompanhar o câmbio de países vizinhos na América Latina – em alguns casos, como o da Argentina, suas moedas desvalorizaram ainda mais do que o real em relação ao dólar, tornando estes destinos economicamente vantajosos para os brasileiros. Quanto aos destinos nacionais que devem se destacar em 2020, levantamentos feitos pelo Kayak apontam os já populares São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife.
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