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Eduardo Rocha: ‘Os clubes merecem mais respeito no Brasil’

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Regressando ao posto de presidente da Liga do Nordeste, após ser
praticamente aclamado pelos presidentes dos clubes que compõem a
entidade, o potiguar Eduardo Rocha ressaltou que um dos seus focos na
nova gestão será trabalhar para implementar uma competição de base na
Copa do Nordeste, oportunizando aos clubes trabalharem melhor os seus
jogadores. Atualmente existe uma discrepância muito grande em relação ao
números de jogos que os clubes que fazem parte da divisão de elite
disputam, com suas bases, em relação a grande maioria das agremiações
nordestinas. Equipes do chamado eixo do futebol (Rio, São Paulo, Minas e
Rio Grande do Sul) jogam praticamente cinco vezes mais que os
nordestinos e a melhoria dessa situação está sendo empunhada por Eduardo
Rocha. O dirigente também faz uma crítica severa a guerra entre
torcidas, que além de afastar pessoas dos estádios está onerando o caixa
dos clubes, com o vandalismo que vem gerando multas cada vez mais
pesadas junto ao STJD e prejuízos na reparação dos danos provocados
dentro dos estádios. Veja o que disse o Eduardo Rocha nessa entrevista à
TRIBUNA do NORTE.
Entrevista com Eduardo Rocha
Presidente da Liga do Nordeste, Eduardo Rocha disse à TRIBUNA DO NORTE que sua gestão ‘irá trabalhar para implementar uma competição de base na Copa do Nordeste’

Quais serão as primeiras providências que você pretende tomar, após esse seu retorno à presidência da Liga do Nordeste?
Quando
fui eleito, nossa plataforma de campanha, foi a necessidade de uma
cooperação técnica quase que permanente entre os vários setores que
militam nos clubes de futebol, pelo menos aqueles que se encontram mais
organizados. São eles os setores: médico, fisiologia, nutrição, a
própria medicina desportiva, o setor de marketing e o comercial visando
uma melhor arrecadação. Isso por que o futebol é uma atividade muito
cara, você lida com várias pessoas e isso faz com que as coisas se
tornem mais caras. Queremos fazer essa cooperação também dentro da parte
jurídica, de contratos e gestão como um todo. Já com esse sentido, nós
estamos realizando o primeiro seminário envolvendo algumas dessas
partes, que será realizado no dia 29 de novembro, no Recife. Todos os
clubes classificados para disputar a Copa do Nordeste e os fundadores da
Liga do Nordeste já foram devidamente convidados e será importante que
todos compareçam, para que haja essa troca de experiência.
 
Você
também está demonstrando uma preocupação com uma reforma que o
Congresso Nacional estuda para implantar no futebol. Qual o motivo?

Esse
é um projeto apresentado por um senador do Mato Grosso, que pretende
modificar algumas coisas dentro do futebol e, que, se for aprovado de
acordo como está escrito, irá prejudicar e muito o funcionamento dos
clubes. Isso tem nos deixado preocupados pois ele contém várias
exigências que, no momento, são impossíveis de serem atendidas e vão
encarecer ainda mais as contas e inviabilizar uma boa parte dos clubes
nacionais. O diretor jurídico da Liga do Nordeste, Marcos Borges já está
atento, fizemos uma comissão com alguns advogados dos demais clubes
para que os mesmos analisem a proposta de nova legislação e possam
oferecer contrapropostas aos deputados e senadores em Brasília. Isso não
é uma preocupação dos clubes nordestinos, o próprio Andrés Sanchez,
presidente do Corinthians, já revelou que essas medidas podem
inviabilizar o clube.
 
Quais medidas atingiriam os clubes de forma direta, por exemplo Eduardo?
A
Lei determina que todos os estádios possuam catracas digitalizadas,
aquelas que podem identificar o torcedor que tem acesso ao estádio
através das digitais. Você imagine o problema que os clubes do interior
terão, com estádio antigos, para instalar esse tipo de equipamento. Isso
tudo tem um custo. Me parece que alguns legisladores, principalmente
nesse caso específico, desconhecem a realidade do futebol nacional ou
nunca frequentaram uma praça esportiva. Ela também prevê o alongamento
de multas em favor de treinadores e atletas contra os clubes, tudo isso
encarece a conta dessas instituições, que são quem sustentam o futebol
nacional e o pessoal esquece isso, não dá aos clubes a devida
importância que merecem. Liga, CBF, Federação não possuem torcedores,
quem tem torcida são os clubes e são eles quem sustentam toda atividade.
Eles são os atores mais importantes da modalidade e por causa deles é
que existe o futebol. É preciso ter um zelo maior com os clubes e
pretendemos mostrar isso aos políticos. A grande maioria das agremiações
hoje são centenárias!
 
Tem mais outra coisa dentro desse “pacote de maldades” que fere os clubes?
Sim,
algumas propostas de alterações na legislação trabalhista que irão
trazer mais ônus para os clubes como um todo. Temos de analisar essa
legislação que é longa, cheia de artigos, com muito cuidado a fim de
identificar que outras propostas prejudiciais foram inclusas nesse
projeto de lei. Vamos estar preparados para apresentar algumas
alternativas para modernizar as questões trabalhistas e as adequações
sugeridas para ser implantada nos estádios. Tudo que venha em benefício
do futebol nacional, que reconhecemos carecer de alguns aprimoramentos
em sua legislação. Uma dessas coisas é extinguir o mal torcedor dos
estádios.
 
Essa me parece uma bandeira que a Liga do Nordeste está disposta a empunhar. É isso presidente?
Sim,
o Brasil necessita fazer isso baseado em experiência de sucesso em
outros países, como a Inglaterra. A Argentina entrou no processo, mas
não chegou a finalizar. O mau torcedor não é interessante para o clube,
ele afasta aquele torcedor que gosta de futebol, que tem sua
tranquilidade perturbada por ações de vândalos. Esse torcedor violento,
que promove desordens, principalmente nos arredores dos estádios, tem de
ser contido. Ele não tem como viver em sociedade e deve estar segregado
pelo menos durante o tempo de realização de uma partida de futebol. Se o
cidadão não possui controle emocional, não pode estar dentro de um
estádio de futebol.

Se o cidadão não possui controle emocional, não pode estar dentro de um estádio de futebol
“Se o cidadão não possui controle emocional, não pode estar dentro de um estádio de futebol”
 
ABC e América vêm sofrendo com a ação nefasta desses grupos
violentos, que promovem o terror até em jogos das divisões de base, não é
verdade presidente?

Nós vimos cenas de verdadeira barbárie,
uma selvageria completa! Eu não sei como um ser humano se presta ao
serviço de atirar uma pedra na cabeça de outro que já está caído e,
praticamente, desacordado. É uma coisa terrível e que nós temos
obrigação de coibir. Nós como dirigentes temos obrigação de dar um bom
exemplo, não incitar a violência. Ao contrário disso, temos de passar
para o torcedor que num jogo de futebol tem de haver vencedores e
derrotados e que tudo acaba ali mesmo, dentro do estádio. Óbvio que
todos se preparam para vencer, mas nem sempre isso é possível e, quando
isso não acontece, não é por isso que vai se quebrar tudo que se vê pela
frente.

Esse é um problema que também provoca prejuízo aos cofres do clube?
Sim.
O América mesmo foi vítima em 2017, quando amargamos um prejuízo, após a
eliminação para Juazeirense, de R$ 100 mil. Sendo R$ 90 mil de cadeiras
que foram quebradas pelos vândalos na Arena das Dunas e mais R$ 10 mil
de multa que fomos obrigados a pagar no STJD. Dinheiro esse que está
fazendo falta para o complemento da Arena América, onde segundo os
últimos levantamentos ainda necessitamos investir R$ 180 mil para
terminar a primeira fase do projeto e deixar o espaço apto para receber
algumas partidas de futebol. Se não fossemos obrigados a pagar pelo
vandalismo de alguns maus torcedores, esse caminho estaria praticamente
concluído, restando agora o investimento de R$ 80 mil para a gente
realizar o sonho de jogar em nossa própria casa.
 
A Liga do
Nordeste vem demostrando muita atenção com as bases dos clubes da
região, existe alguma proposta para fomentar essa categoria em mente?

Uma
das minhas missões como presidente da Liga do Nordeste será fomentar as
disputas envolvendo as categorias de base. Já ocorreu uma melhora na
disputa atual. Antes um clube atuava apenas três vezes na fase
eliminatória e, agora, eles disputam, no mínimo, seis partidas. Estamos
no meio da competição Sub-19, que é no formato de ida e volta. Nós agora
estamos discutindo fazer campeonatos mais curtos, envolvendo estados
mais próximos. No nosso caso jogaríamos contra paraibanos e
pernambucanos. Precisamos promover o intercâmbio entre as bases de
nossas grandes equipes, pois o que falta ao nosso atleta é minutagem em
campo. Nosso garoto hoje atua em bem menos jogos que os garotos dos
clubes considerados grandes. No Nordeste, apenas Sport, Vitória e Bahia
contam com uma boa minutagem por que as bases desses clubes estão
inseridas nas divisões de elite do futebol nacional. Enquanto um garoto
daqui joga 12 vezes, as bases de clubes como Grêmio, Flamengo, São Paulo
jogam em torno de 60 partidas numa temporada. Dificilmente teremos
preparação idêntica a deles. Agora vamos discutir formas de chegar ao
menos próximo disso, descobrindo como baratear a realização desses jogos
e pretendemos fazer isso já a partir de 2019.

Agora vamos discutir formas de chegar ao menos próximo disso, descobrindo como baratear a realização desses jogos e pretendemos fazer isso já a partir de 2019.

‘Agora vamos discutir formas de chegar ao menos próximo disso,
descobrindo como baratear a realização desses jogos e pretendemos fazer
isso já a partir de 2019’
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