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Efeitos visuais reverenciam Dark Side of the Moon

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ROGER WATER - Mostrando ao vivo o “disco dos ovos de ouro”

Por Jotabê Medeiros

Misture e agite coros grandiloqüentes, labaredas fumacentas e quentes, vocais femininos de spirituals em meio a solos agudíssimos, e terá  uma idéia geral do que Roger Waters faz hoje. Ele é uma espécie de bispa Sônia do rock, um televangelista habilidoso, e a pregação febril é o seu negócio. Foi o disco Dark Side of the Moon, de 1973, e o estágio opulento a que chegavam as superbandas, que levou o rock a esboçar reação em cadeia. Dali nasceria, como antítese, o punk rock. Também foi o Pink Floyd quem inventou essa espécie de escravidão do som à imagem, com shows multimídia e bombardeio visual.

Como chuva de asteróides, cérebros  voadores cruzam céu infinito. Logo em seguida, os cérebros se tornam pílulas. Quando Waters canta Vera, a imagem já clássica do rock star catatônico surge, além de uma garrafa de uísque red label e cigarros. Boa parte dessas imagens já foi surrupiada e banalizada pela publicidade e a literatura de auto-ajuda, e só faz efeito em quem ainda se lembra delas intactas. Exemplo é o próprio  prisma-símbolo de Dark Side, que, em dado momento, paira acima da platéia, “disparando”  espectro de lasers coloridos no estádio. Depois, um ator enrola e acende um baseado no telão, outra revisão crítica do passado: durante décadas, a música do Pink Floyd foi trilha sonora para esquadrilhas da fumaça no mundo todo.

Durante a execução de Money, Waters satiriza seu próprio “disco dos ovos de ouro”, Dark Side of the Moon. No telão, um antigo disco de  vinil com um prisma no centro gira enquanto moedas caem de máquinas caça-níqueis. Antigamente, o Pink Floyd ironizava o “sistema”. Hoje, reconhece-se nele, já consegue distinguir entre Us and Them, o que é um avanço.

São dois shows. Na primeira parte, poucos efeitos, e hits do Pink Floyd alternam-se com coisas quase desconhecidas da carreira-solo do baixista. Imagens de comic  book contam parte da história de Leaving Beirut. A segunda parte é um show quase redondo do Pink Floyd. Como Waters consegue? Simples: tanto ele quanto David  Gilmour, em seus shows, contam desde 1987 com o tecladista Jon Carin nas suas bandas. A voz dele é a metade perfeita dos duetos. A qualidade das composições de Dark Side é inquestionável. Wish You Were here é uma balada tão perfeita quanto Creep, do Radiohead. Shine on You Crazy Diamond, com o rosto de Syd Barrett no telão, é um portal entre dois mundos. Lembrando  que, antes da paranóia e do messianismo, havia o sonho delirante do Chapeleiro  Maluco, doido e fascinante.

Celebrando disco de 1973

Às 17 horas foram abertos os portões do Morumbi, mas os  fãs do compositor, baixista, cantor e um dos fundadores da antológica banda  inglesa Pink Floyd, Roger Waters, já se acomodavam bem antes disso nas imediações do estádio. Ao todo, 45 mil pessoas, segundo a Assessoria de Imprensa da CIE  Brasil, produtora do evento, foram conferir a apresentação de clássicos do grupo e do lendário disco Dark Side of the Moon. “Essa banda não é a minha predileta, é a banda da minha vida”, disse, na fila,  um emocionado fã de Waters, o estudante Jonas Lobo, de 22 anos. “Um dia, há muito tempo, sonhei que o grupo vinha para o Brasil em 2007. Fui chamado de louco, mas aí estão eles”, disse. E arriscou um novo presságio: “Daqui a dois anos o Pink Floyd, com sua formação original, vem para o Brasil.” Uma jovem estranhou o comentário, não resistiu e perguntou: “Até Syd Barret?”

Em meio à multidão de fãs, gente gritando “sobrou ingresso, eu compro”. Quanto? “Aonde você quer sentar?” A repórter pergunta se ainda é possível assistir ao show na área Vip Premium. “R$ 750”, responde prontamente um dos cambistas –  R$ 250 a mais do que o preço pago nas bilheterias. Ingressos para a arquibancada, os mais baratos, R$ 140, estavam sendo vendidos por R$ 300.

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