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El Gato Andrada

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Alex Medeiros
[email protected]

Das duas dezenas de times de caixas de fósforos que
eu confeccionei entre 1969 e 1972, o mais cultuado, obviamente, era o
Botafogo, único que tinha mais de onze fotos, contemplando quase o
plantel inteiro. Os três goleiros daqueles anos, Ubirajara, Cao e
Wendell, ganhavam espaço a cada duelo nas calçadas da Rua Mário Lira.
Fazia o mesmo com os reservas, como Ferreti.

Durante as
eliminatórias da Copa 70, eu entrava no clima de seleção e fazia minhas
escalações. E, pasmem, abdicava dos três arqueiros alvinegros e escolhia
o goleiro do Vasco, o argentino Andrada, aquele que faria história
dentro da história do rei Pelé. Passei a admirá-lo após o gol 1.000, que
em novembro fará 50 anos de uma partida que atraiu jornalistas do mundo
inteiro. Como disse um locutor, eles vieram atrás da grande notícia, o
milésimo gol.
Gostava de Andrada com aquele sentimento piedoso
de torcer pelos índios nos filmes de faroeste. Quando a bola entrou nas
redes do Vasco, Pelé entrou na euforia de um Maracanã invadido,
enquanto o goleiro, figurante, saía de cena.

Muitos anos depois,
assistindo a cobrança do pênalti, renovei a admiração por Andrada ao
constatar que ele foi na bola, quase a tocou. O deus do Santos,
disfarçando a tensão, deu paradinha, e não bateu com a peculiar
eficiência.

Andrada, chamado de El Gato, chegou no Vasco naquele
final de década após dez anos de absoluta titularidade no Rosário
Central, um dos “Seis Grandes” ao lado de Boca Juniors, River Plate,
Independiente, Racing e San Lorenzo.

A melhor referência do seu
talento está numa trágica atuação do Rosário nos primeiros anos da sua
carreira. O time tomou de 11 x 3 do Racing e Andrada foi eleito o melhor
jogador em campo. Deve ter evitado mais outros 11 gols.

Durante os
dez anos no Rosário, usava uniforme todo preto inspirado no maior
goleiro do planeta, o russo Yashin. Ao chegar no Vasco adotou uma camisa
cinza e outra num tom azul esverdeado, a que usou no jogo contra o
Santos.

Na caixinha de fósforo do Vasco a imagem que colei foi a
figurinha do álbum Bola de Prata, de 1971, uma chapinha redonda e
metalizada. Andrada foi uma idolatria de meninice, um ponto fora da
curva do meu fanatismo botafoguense.

Ao deixar o Vasco, voltou para
pendurar as luvas na Argentina e encarou uma grave denúncia de ter
participado de grupos de tortura do regime do general Videla. Impuseram a
ele a autoria das mortes de dois militantes comunistas.

Prefiro
guardar dele, a imagem da lúdica caixinha e as imagens do dia histórico
no 1.000 gol do Rei, os dois abraçados antes da cobrança, o salto na
bola, os murros na grama e a foto por trás da trave, onde parece que ele
parou Pelé.

Edgardo Andrada saiu da vida na quarta-feira, dia 2, um
dia exatamente como aquele há 50 anos. Eu olho para trás, e lá na minha
infância reitero por ele meu afeto esportivo e aguardo novembro, quando
ele será lembrado de novo.

alex

Olha o gópi
O que está por trás
do projeto “Escola de TI” é uma estratégia do governo do com o Instituto
Mídia Digital para substituir os servidores terceirizados por
estudantes estagiários, de modo a reduzir salários e tirar os
fornecedores.

Amazônia
Setores conservadores da igreja
católica resolveram não ficar calados com as intenções esquerdistas do
Sínodo da Amazônia, que ocorrerá em outubro no Vaticano. E já falam que o
Papa Francisco estimula a banda podre da igreja.

Ria, leitor
A
inútil “ex-presidanta” Dilma Rousseff, aquela que só abre a boca quando
não tem certeza no que diz, afirmou que estão querendo transformar os
Correios numa imensa Amazon. Dessa vez, torço para que a maluca esteja
certa.

Motim
A Associação Nacional dos Procuradores da
República emitiu nota conclamando que ninguém aceitasse convite para a
chefia da Procuradoria Geral se Jair Bolsonaro não nomeasse um nome da
lista tríplice. Grevismo no MP é o ó.

Isso é Natal
A misteriosa
faixa de pedestre que apareceu na frente de uma padaria do Tirol é só
mais um deslize público em prol de interesses privados, como acontece
quando ruas são interditadas para shows e desfiles de inauguração de
lojas.

Liênio Trigueiro
“Durante sua infância e adolescência,
tinha o hábito de falar segurando o cabo de vassoura com uma pequena
lata de manteiga amarrada na ponta, era um predisposto a ser locutor”.
Do livro O Mano que Faz Falta, de Carlos Trigueiro.

Zila
“Por
isso Zila escreveu / um livro tão singular / que fala do chão sagrado /
onde começou andar / vinte poemas escritos / de aragem vocabular”.
Versos do folheto do poeta Mané Beradeiro para os 60 anos de O Arado, de
Zila Mamede.

Neymar
Da advogada Carolina Torres, um tiro
curto direto de São Paulo para o colunista: “Neymar acabou no dia que
ele desrespeitou Dorival Junior e o Santos demitiu o técnico”. Na época,
também concordei com Renê Simões.

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